intercessão dos santos

18-07-2012 20:03

 

  SAIBA COMO RESPONDER AS PRINCIPAIS OBJEÇÕES CONTRA:

  A VENERAÇÃO E INTERCESSÃO DOS SANTOS.

  Antes de tudo convêm saber :

  SANTO - Só Deus é santo por natureza própria, só Deus é a fonte de toda santidade, é impossível a qualquer pessoa ser santo como Deus é, visto que, só ele é infinitamente santo, porém, é possível e necessário, com a graça e poder divino, bem como com a nossa colaboração com a divina graça, sermos santos como ele quer que sejamos cf. 1° Tess 4, 3-5. 7-8; 1° Ped 1, 15-16; Lv 11, 44; Rom 12, 1-2; pois sem santidade ninguém verá a Deus(Heb 12, 14).

  Por conseguinte, abaixo de Deus, apenas por vocação, missão e por vontade divina, santo é toda pessoa que vive separada de uma vida de pecado e vive unida a Deus pela obediência e prática das virtudes. Santo é também o nome que se dá aos batizados em Jesus que buscam viver de acordo com os seus ensinamentos(Efésios 1,1; Hebreus 3, 1 ...). Mas, de maneira especial, santo é quem foi colocado como modelo de vida a ser imitado, porque chegou mais perto do ideal de santidade que foi(é) Jesus de Nazaré. A Igreja Católica tem um grande carinho, respeito e adimiração(veneração) pelos cristãos que conseguiram em sua vida provar que é possível viver o evangelho de Jesus e atingir a perfeição(santidade) até onde o homem pode ser perfeito(santo).

  VENERAÇÃO- é demonstrar  o amor, a honra, a homenagem, o respeito que temos àqueles que "abaixo" de Deus", merecem a admiração do povo de Deus pelo imenso amor e fidelidade que tiveram ao Senhor e criador. É só Deus que merece adoração e total admiração nossa, mas isso não quer dizer que não devamos venerar, admirar e colocar como exemplo para os cristãos a vida dos santos, nada mais humano e também  bíblico do quer isso!    De fato, assim como a sociedade costuma demonstrar veneração, admiração, homenagem aos homens virtuosos e heróis da pátria erguendo em honra deles monumentos, imagens ...( nas praças, edifícios públicos, selos do correio, museus de arte, moedas, notas de dinheiro ... ),  Guardando em lugar de honra os sepulcros, Relíquias e imagens deles. A igreja como uma sociedade também honra seus filhos (as) virtuosos (as),  heróis da fé e da santidade fazendo o mesmo. Até Deus venera o nome dos santos  patriarcas, permitindo na bíblia ser denominado " o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó" cf. Ex 3,6. Até Moisés levou neste sentido de veneração, os ossos de José, do Egito para a terra prometida cf. Ex 13.29. De sorte que até os lenços e aventais ( de paulo) se levavam aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles cf. Atos 19, 11-12.

  A Igreja Católica ensina que devemos adorar somente a Deus! Já em relação aos santos e suas imagens devemos apenas  respeito, honra e veneração. Aliás, a Igreja só venera os santos e os honra, porque foram fiéis seguidores de Cristo e por isso se tornaram para nós modelos de vida evangélica. Suas imagens tem, para nós a finalidade de  lembrar a pessoa e seus bons exemplos em  nosso meio; Merecem respeito pelo que representam, tal como um retrato de nosso pai ou nossa mãe.

  De fato, ensina oficialmente a Igreja : Nós adoramos Cristo qual filho de Deus. quanto aos mártires(e demais santos), os amamos quais discípulos e imitadores do Senhor, o que é justo, por causa de sua incomparável devoção por seu Rei e Mestre, cf. CIC; catecismo da igreja católica, n° 957. Em 993 o Papa João xv através da sua encíclica "Cum conventus esset" realça um dos princípios da veneração dos santos: " Honramos os servos para que a honra recaia sobre o Senhor que disse; quem vos acolhe, a mim acolhe ( Mt 10, 40), citado na revista pergunte e respondermos 348/1991,pág. 265-266.. Em relação a veneração das imagens ensina: "quem venera uma imagem venera a pessoa que nela está pintada( representada). A honra prestada às imagens sagradas é uma "veneração respeitosa", e não uma adoração, que só compete a Deus, cf. CIC n° 2132. O papa Pio XII nos ensinou e pede na sua encíclica Mediator Dei: Quer a Igreja que se exponham em nossas igrejas as imagens dos santos, para que imitemos as virtudes de quem veneramos as imagens, cf. pág. 106. Devemos fazer-mos imitadores dos santos em cujas virtudes brilha sobre vários aspecto a própria virtude de Jesus Cristo. a igreja nas festas dos santos do céu tem sempre em vista propor aos fiéis seus exemplos de santidade, pelos quais  os mesmos se animem procurar a beleza  das virtudes do próprio redentor Jesus Cristo cf. pág 105.

  Não existe em nenhum documento da igreja nenhum ensino ou incentivo para nós adorar-mos os  santos ou suas imagens, para praticar-mos idolatria, para amar, valorizar e confiar mais nos santos do quer em Deus: Pai, Filho e Espirito Santo. De fato, Ao contrário do que diz alguns protestantes, a Igreja Católica ensina em seus documentos oficias que : cristo é o centro de toda a vida cristã, o vínculo com ele está em  primeiro lugar, na frente de todos os outros vínculos e nenhuma criatura jamais pode ser equiparada (considerada igual, menos ainda superior) a Jesus Cristo, pois ele tem em tudo a primazia ( prioridade) cf. catecismo da igreja católica n° 1618. 970 e 792, Compêndio Vaticano II,pág. 109, edição 18°. 

  O Catecismo Romano, fruto do Concílio de Trento (1545-63) e o primeiro oficial da Igreja é mais rígido: “Um dos principais meios de ofender a Deus e transgredir o 1º mandamento é quando se adoram as imagens ou ídolos, como se fossem deus, quando nelas se acredita haver algum atributo ou virtude divina, quando se lhes pede alguma coisa ou confia que delas se há de alcançar, o que a Bíblia condena a cada passo. As imagens de Jesus e dos santos (as) são feitas ou admitidas para se ensinar (ilustrar) a história do antigo e novo testamento, não só para  os venerarmos através de suas imagens (representações), mas também para que ensinados pelos seus bons exemplos, regulemos nossas vidas pelas virtudes e santidade deles” (cf. Catecismo Romano, Do primeiro mandamento, 17-18.24).

  E o Catecismo Maior do Papa São Pio X nos ensina: o 1º mandamento proíbe-nos a idolatria; prestar a alguma criatura, a um homem, a uma estátua ou imagem, o culto supremo de adoração, devido só a Deus (cf. Do 1º Mandamento, nº 357-360). Alerta para os protestantes: idolatria leva ao inferno, porém calúnia também! 

  Para que haja idolatria não basta algum ato externo. É necessário que “o outro ser, pessoa (santo(a)) ou objeto (imagem)” seja considerado Deus, com qualidades e poderes divinos, que seja valorizado igual ou mais do que Deus. Ora, nenhum católico (a) "que conhece e obedece a doutrina católica" considera nenhuma criatura (pessoa), por mais santa que seja, nem sua imagem, a coisa mais importante de sua vida e menos ainda como Deus. Dizer o contrário é calunia e mentira que assim como a idolatria fecha as portas do céu para quem morre com tais pecados. 

leia mais condenação à idolatria pela Igreja católica em: larcatolico.webnode.com.br/news/venera%C3%A7%C3%A3o%20das%20imagens/

  Em outras palavras: Os santos são a “obra prima de Deus por excelência”. Ora, convém reconhecer o autor em suas obras. Quando veneramos os santos representados nas imagens através de louvores, procissões... é na intenção de contemplar o trabalho da graça divina livremente aceita, é para que Deus seja glorificado em suas obras (cf. Sl 14,4; 2Ts 1,10.12; Eclo 44,1.10-15; Jo 12,26; Ef 5,1), é  porque a memória dos santos é, para nós, um estímulo para imitarmos Jesus Cristo.

  Os santos são para nós católicos setas que apontam para  Cristo, incentivando-nos a serguir e servir  nosso Senhor e salvador Jesus  como eles heroicamente e fielmente fizeram, de fato, Visto que os santos (as) seguiram os passos (exemplos e ensinamentos) de Jesus mais de perto, imitá-los é o mesmo que  imitar a Cristo (cf. 1Cor 11,1; Fl. 3, 17). Assim como os maus exemplos nos afastam de Cristo (1Cor 15,33; Pr 13,20), os bons nos aproximam (1Cor 11,1; Pr 12,26). 

  A própria bíblia nos pede para venerar-mos ( honrar-mos ) os santos(as), de fato, nos convida para bendizer-mos Maria Santíssima cf. " Maria inspirada pelo Espírito santo profetizou : desde agora todas as gerações me plocamarão bem- aventurada, ( Luc 1, 48 ) não se trata de uma simples constatação como traduzem algumas traduções, mas a todos que aceitam a bíblia pede-se uma participação ativa nos louvores a Maria, pois a mulher que teme ao Senhor essa sim será ( deve ser ) louvada ( Prov. 31,30 ). está escrito; Senhor quem habitará no teu santo monte? ... aquele que "honra" os que temem ao Senhor ( Sl 14 ou 15, 1. 4 ), em Jo 12,26 lemos que "Deus honra aqueles que lhes servem" ( obedecem ), isto é, os santos( as ), pois eles o serviram da maneira mais perfeita, e em Ef 5,1 lemos que devemos imitar a Deus. Portanto, se Deus honra seus santos e nós devemos imitá-lo, necessariamente para bem imitá-lo devemos honrá-los também, e como não os  honraríamos nós, vermes da terra, quando os enche de honra o soberano dos céus?. 2 Ts 1, 10 . 12 nos ensina que Jesus é glorificado e  admirável nos seus santos, visto que Cristo se sente perseguido quando são seus servos ( atos 9, 4 ) e se sente amado, honrado e acolhido quando os são aqueles que lhes amam, honram e servem  ( Mt 10, 40;  25, 40; 1 Jo 4, 20-21 ... ) será que os justo falecidos deixaram de amar ... a cristo? deixaram de fazer parte da Igreja, corpo místico de Cristo? estes textos ensinam que a honra  que se atribui a um santo(a), é em última análise honra a Cristo e a Deus pai, que são a fonte de toda santidade e se sente honrados em seus santos. 

    Quando um protestante dizer para você que venerar é o mesmo que adorar, pergunte-lhe: você venera ou adora seus pais? se responder que apenas o respeita, lembre-lhe que segundo o dicionário venerar significa " honrar, respeitar" mas que segundo a sua maneira de entender, venerar(= honrar, respeitar) uma criatura é adorar, e adorar uma criatura é idolatria. Diga-lhe que se for dar crédito em suas palavras ou modo de entender, ele não passa de um idólatra por venerar= adorar uma criatura( seu pai e sua mãe) e que portanto o mal caiu em cima do feiticeiro, ou seja, que a acusação de idólatra caiu em cima do acusador. Na própria bíblia em atos 5, 34, tradução revista e corrigida, está escrito que Galamiel era venerado pelo povo. Ora não há nenhuma tradução ou  texto que diz que ele era adorado pelo povo, mas sim venerado=respeitado, acatado, provando segundo a bíblia que venerar não significa adorar.

  Para tirar o protestante da arapuca em que ele caiu armando-a para você, lembre-lhe que os dicionários, de fato, dão um vasto significado do verbo adorar tomando sempre em consideração o contexto no qual é usado, assim como a intenção do autor da época; venerar os ídolos pode significar adorar ídolos ou deuses pagãos, visto serem apresentados e considerados como deuses(as), é neste sentido que a bíblia de Jerusalém ao traduzir atos 19,27 diz que toda a Ásia e o mundo veneram a deusa Ártemis, São Paulo dizia que Ártemis não era deusa cf. Atos 19, 26  porque assim a consideravam cf. Atos 19, 37.

 É neste sentido que em relação aos ídolos a Igreja Católica proíbe e nos pede que não se acredite em outros deuses afora Deus e até mesmo que não se "venere" outras divindades afora a única cf. CIC n° 2112. Portanto, o católico(a) que conhece e obedece a doutrina católica não acredita nem tem sequer veneração pelos ídolos, falsas divindades, outros deuses, ao contrário, no contexto da veneração dos santos, segundo a doutrina católica, venerar quer dizer dedicar reverência, homenagem, respeito e amor àqueles(as) que abaixo de Deus merecem tais sentimentos pelo povo Deus, pois conseguiram em sua vida de santidade, provar que é possível viver o evangelho de Jesus e atingir a perfeição até onde o homem pode ser perfeito, e por isso é(são) colocado(os) pela igreja como modelo a ser imitado. Esta é a intenção da Igreja, afirmar o contrário é mentira, calúnia e má-fé.

 Para maior conhecimento sobre a diferença de adorar para venerar leia ainda : 

www.montfort.org.br/old/perguntas/imagens2.html

: www.montfort.org.br/old/perguntas/herege_saul.html

afeexplicada.wordpress.com/2011/05/06/venerar-x-adorar-x-rosario/

  larcatolico.webnode.com.br/news/venera%C3%A7%C3%A3o%20das%20imagens/


  Os protestantes instruídos admitem que é bíblico a veneração dos santos: a confissão de augsburgo e a confissão helvética, art. 21 e art. 5 estabelecem como verdadeira doutrina protestante que um culto de veneração relativo e inferior ao que se presta a Deus  é devida aos santos e aos anjos, e a apologia pela confissão de augsburgo art. 13 declara que são Bernardo, S. Francisco, S. Boa ventura eram realmente santos e no art. 21. 27 declara: Maria é digna de ser honrada e exaltada no mais alto grau. o calendário da Igreja anglicana admite também outros santos.

   A veneração aos santos tem ao menos três sentidos profundos:

1 – Dar glória e adoração a Deus, por ter feito maravilhas em seus santos. Os Santos são obras-primas de sua graça; pois são Santos pela graça de Deus;

2 – Suplicar-lhes a intercessão por nós e pela Igreja;

3– Mostrar que os Santos são modelos de vida a serem imitados, uma vez que amaram e serviram a Deus perfeitamente.

  Expliquemos segundo a palavra de Deus e doutrina oficial da Igreja católica cada um destes sentidos.

1° - OS SANTOS SÃO OBRAS-PRIMAS DE DEUS, CONVÊM RECONHECER O AUTOR EM SUAS OBRAS.

 Sendo os Santos amigos de Deus pela santidade, e nossos, pela sua perfeita caridade, é justo que lhes tributemos os louvores que, sob esse duplo título, merecem. É justo, visto que neles também se realiza, embora em grau bem menor, mas bem verdadeiro, o que disse de Si mesma, mas cheia do Espírito Santo, a mais santa que todos os Santos, maria santíssima: "Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada, porque fez em mim grandes coisas o todo poderoso(Lc 1, 48-49). Na verdade, os santos, em primeiro lugar, constituem motivo especial para que os cristãos adorem, louvem e agradeçam a Deus . Com efeito, todo santo é do seu modo um artefato esmerado do Criador e do Redentor (cf. SI 3,4;14,4); é uma expressão enfática da sabedoria de Cristo e da sua vitória, que nele se desdobra com matizes particulares e traços minuciosos muito vivos. E é essa magnificência divina que, antes do mais, os fiéis reconhecem e agradecem ao considerar os santos. O culto de veneração prestado a estes, portanto, é sempre relativo; é o culto indireto do Criador, do Redentor e de sua Bondade, a própria bíblia nos ensina que Deus é glorificado e honrado em seus santos cf. Sl 14,4; 2Ts 1,10.12; Eclo 44,1.10-15; Jo 12, 26; Ef 5,1 "está claro que o cristão não pensa em adorar os santos,  menos ainda adorar uma estátua de santo"

  Vê-se, por essas palavras inspiradas, que o louvor( veneração ) aos Santos redunda em louvor e glória de Deus, pois os Santos são obras-primas da sua sabedoria, bondade e poder. Quando os louvamos, é a seu Autor que louvamos. De fato, sendo Deus admirável em tudo que é santo (Salmo), e sendo os Santos, principalmente, obra prima de sua graça, convém reconhecer e honrar o senhor através de sua obra, Deus os ama de modo especial. Aliás, no preceito de" amar, honrar e glorificar a Deus" cf. Fl 4, 20; Rom 16, 27; Gl 1, 5 ... Está incluído o de amar,  honrar e glorificar o que Ele ama, honra e glorifica e segundo a ordem com a qual Ele o faz. E Deus ama ... De modo especial, os seus Santos: a Jesus Cristo  enquanto Homem, depois a Nossa Senhora, depois aos Anjos e a todos os Santos.

  A glória que Deus não reparte é sua glória de divindade, por outro lado, com exceção da glória de ser o único Deus e, como tal  de ser adorado, todas as demais glórias ele dar aos seus santos e deseja que façamos o mesmo. Como prova, está escrito: Deus concede graça e glória cf. (Sl 84, 11ou Sl 83, 12 ), o que ... Deus preparou para nossa glória ( 1 Cor 2, 7), eu lhes dei a glória que me deste ( Jo, 17, 22 ), glória, honra e paz ( sejam dadas ) a todo aquele que pratica o bem ( Rm 2, 10 ) será que Maria e os demais santos não praticavam o bem ??? leia ainda : Apoc 18,1; São Lucas 12,37; Romanos 2,29; I Coríntios 4,5; I São Pedro 1,7; São João 12,26; Romanos 2,7; 2,10; I Timóteo 3,13; I São Pedro 1,7; I São Pedro 2,7 ; São Mateus 23,12; São Lucas 1,52; 14,11; 18,14; São João 13,32; Atos dos Apóstolos 13,17; Romanos 8,17; 8,30; I Timóteo 3,13; I São Pedro 1,7; I São Pedro 2,7; São Tiago 4,10. 

  Eis porque, já nos dois primeiros séculos do Cristianismo, encontramos registrada a prática de um culto de veneração prestado aos Santos, especialmente aos heróis da fé, os mártires cristãos.  É útil conhecer alguns documentos históricos dessa época, que atestam remontar às origens do Cristianismo a prática do culto de veneração aos Santos. Em https://larcatolico.webnode.com.br/news/folhetos-catolicos/    leia o folheto de numero 04

2° - INVOCAÇÃO E INTERCESSÃO DOS SANTOS

  A veneração e invocação dos santos como nossos intercessores tal como a Igreja Católica ensina e pratica se baseiam no dogma(doutrina) da comunhão dos santos cf. Doutrina catolica, compendiada hoje para adultos, página 122, 11° edição, ed loyola.

  Eis em resumo o que nos ensina o concílio vaticano ll sobre a comunhão dos santos: 

  União da Igreja celeste com a Igreja peregrina

49.  enquanto o Senhor não vier na Sua majestade e todos os Seus anjos com Ele (cfr. Mt. 25,31) e, vencida a morte, tudo Lhe for submetido (cfr. 1 Cor. 15, 26-27), Seus discípulos ... todos, comungamos, embora em modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de louvor. Com efeito, todos os que são de Cristo e têm o Seu Espírito, estão unidos numa só Igreja e ligados uns aos outros n'Ele (cfr. Ef. 4,16). E assim, de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo, mas antes, segundo a constante fé da Igreja, é reforçada pela comunicação dos bens espirituais . Porque os bem-aventurados, estando mais ìntimamente unidos com Cristo,  Recebidos na pátria celeste e vivendo junto do Senhor (cfr. 2 Cor. 5,8), não cessam de interceder, por Ele, com Ele e n'Ele, a nosso favor diante do Pai, apresentando os méritos que na terra alcançaram, graças ao mediador único entre Deus e os homens, Jesus Cristo (cfr. 1 Tim., 2,5), servindo ao Senhor em todas as coisas e completando o que falta aos sofrimentos de Cristo, em favor do Seu corpo que é a Igreja (cfr. Col. 1,24) (150). A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela sua solicitude de irmãos.

Expressões dessa união: 
 

50.  Os apóstolos e mártires de Cristo que, derramando o próprio sangue, deram o supremo testemunho de fé e de caridade, sempre a Igreja acreditou estarem mais ligados connosco em Cristo, os venerou com particular afecto, juntamente com a Bem-aventurada Virgem Maria e os santos Anjos e implorou o auxílio da sua intercessão. Aos quais bem depressa foram associados outros, que mais de perto imitaram a virgindade e pobreza de Cristo e, finalmente, outros, cuja perfeição nas virtudes cristãs e os carismas divinos recomendavam à piedosa devoção dos fiéis.

Com efeito, a vida daqueles que fielmente seguiram a Cristo, é um novo motivo que nos entusiasma a buscar a cidade futura (cfr. Hebr 11, 10. 14. 16; 12, 1; 13, 14,) e, ao mesmo tempo, nos ensina um caminho seguro, pelo qual, por entre as efémeras realidades deste mundo e segundo o estado e condição próprios de cada um, podemos chegar à união perfeita com Cristo, na qual consiste a santidade. É sobretudo na vida daqueles que, participando connosco da natureza humana, se transformam, porém, mais perfeitamente à imagem de Cristo, (cfr. 2 Cor. 3,18) que Deus revela aos homens, de maneira mais viva, a Sua presença e a Sua face. Neles nos fala, e nos dá um sinal do Seu reino, para o qual, rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas (cfr. Hebr. 12,1) e tendo uma tal afirmação da verdade do Evangelho, somos fortemente atraídos.

Porém, não é só por causa de seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja aumente com o exercício da caridade fraterna (cfr. Ef. 4, 1-6). Pois, assim como a comunhão cristã entre os peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e cabeça, toda a graça e ã própria vida do Povo de Deus.

É, portanto, muito justo que amemos estes amigos e co-herdeiros de Jesus Cristo, nossos irmãos e grandes benfeitores, que dêmos a Deus, por eles, as devidas graças, «lhes dirijamos as nossas súplicas e recorramos às suas orações, ajuda e patrocínio, para obter de Deus os benefícios, por Seu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor e Redentor e Salvador único»  Porque todo o genuíno testemunho de veneração que prestamos aos santos, tende e leva, por sua mesma natureza, a Cristo, que é a «coroa de todos os santos»  e, por Ele, a Deus, que é admirável nos seus santos e neles é glorificado.

Unidade no amor e na Liturgia

51. Este sagrado Concílio  com solicitude pastoral, exorta todos aqueles a quem isto diz respeito a esforçarem-se por desterrar ou corrigir os abusos, excessos ou defeitos que porventura tenham surgido aqui ou além, e tudo restaurem para maior glória de Cristo e de Deus. Ensinem, portanto, aos fiéis que o verdadeiro culto de veneração dos santos não consiste tanto na multiplicação dos actos externos quanto na intensidade do nosso amor efectivo, pelo qual, para maior bem nosso e da Igreja, procuramos «na vida dos santos um exemplo, na comunhão com eles uma participação, e na sua intercessão uma ajuda» . Por outro lado, mostrem aos fiéis que as nossas relações com os bem-aventurados, quando concebidas à luz da fé, de modo algum diminuem o culto de adoração prestado a Deus pai por Cristo, no Espírito, mas pelo contrário o enriquecem ainda mais , Pois, com efeito, todos os que somos filhos de Deus,  formamos em Cristo uma família (cfr. Hebr. 3,6),  uma só Igreja e nele estamos unidos entre sí cf. Ef 4, 15-16; 1° Cor 12, 12-27; Rom 12, 4-5; Col 2, 19; Hb 12, 1. 22-24.

Cf. https://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html

  Vemos nos textos citados acima que a bíblia nos ensina que há uma comunhão(comum- união, invisível mas real), de interesse, de amor e solidariedade entre todos os membros da Igreja de cristo. ao comparar a Igreja como um corpo, cuja cabeça é cristo e nós seus membros. Por conseguinte, assim como as partes que compõem o corpo se servem(ajudam-se) mutuamente, do mesmo modo todos que pertencem ao corpo(Igreja) de Cristo nos interessamos e servimo-nos uns aos outros, é por isso que São Paulo ensina:" individualmente somos membros uns dos outros" cf. Rom 12, 5. E pede: "que os membros tenham igual cuidado uns dos outros" cf. 1° Cor 12, 25-26.

  Por exemplo: em nosso corpo o nosso sangue não está parado. Circula pelo" corpo todo", dia e noite, mesmo sem agente perceber. Se parar a circulação do sangue em uma de nossas mãos, essa mão perde a vida, vem a gangrena. Passando das coisas materiais para as espirituais, diríamos que a comunhão dos santos, tem algo de comum com a circulação de nosso sangue no corpo: é a circulação do amor e solidariedade entre todos os membros do corpo místico de Cristo que é a Igreja; um auxilia o outro, e assim nos completamos como sendo uma só coisa cf. 1° Cor 12, 12. 20. 26-27.

  A comunhão dos santos é também vista na bíblia na mensagem da videira e dos ramos cf. Jo 15,1-7, com o objetivo de acentuar as relações dos ramos entre sí: no lado material; a mesma terra, a mesma seiva, o mesmo oxigênio, no lado espiritual; a mesma graça, por conseguinte, nos mostra a participação de cada um na saúde, vitalidade e fecundidade de todos os demais, por constituirem a mesma videira, trabalhada pelo mesmo divino vinhateiro.

Em outras palavras: A veneração e intercessão dos santos é baseada na convicção de que todos nós, que estamos tentando nos salvar e os que já se salvaram, vivos e mortos, constituem uma única família  Divina. A igreja é uma grande sociedade, que abrange todo o mundo visível e invisível. Ela é uma organização enorme, mundial, constituída sobre os princípios de amor, onde cada um deve cuidar não só de si, mas também do bem-estar e da salvação de outras pessoas. Os santos são aquelas pessoas, que durante a vida demonstraram mais amor para com os próximos.

  É por isto também que os cristãos pedem a ajuda de seus irmãos na terra; solicitam especialmente orações para que possam chegar ao seu Objetivo Supremo, a exemplo do que os Apóstolos faziam e mandavam fazer (cf. Tg 5,16; 2Cor 1,3.7.9; Fl 1,9; Cl 4,3). Há, pois, comunhão e solidariedade entre os cristãos, assim expressa pelo Apóstolo: "Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram. Tende a mesma estima uns pelos outros" (Rm 12,15s).  Ora, Deus que é o autor dessa comunhão solidária, não permite que ela se extinga com a morte; na verdade, a chamada "morte" não é extinção da vida, mas transição de uma modalidade de vida para outra. Ao contrário, a morte liberta o cristão dos entraves do pecado e da sedução das paixões, permitindo que o seu amor a Deus e aos irmãos se torne mais puro. Disto se segue que a comunicação de amor fraterno entre vivos e defuntos não somente seja possível, mas venha a ser mesmo uma conseqüência do aperfeiçoamento do amor dos que passaram para o além. O Senhor Deus se encarrega de os tornar cientes das necessidades dos seus irmãos na terra, já que sem essa intervenção de Deus não haveria intercâmbio(de solidariedade) entre cristãos peregrinos e cristãos consumados. Por conseguinte, a oração dos SANTOS pelos viandantes deste mundo é o desdobramento do seu amor a Deus e ao próximo, que caracterizou a sua vida na terra e agora é pleno ou livre de obstáculos. Os justos falecidos querem ajudar-nos a atingir o termo de nossa vocação, que é "participar da sorte dos SANTOS na luz" (Cl 1,12). O amor e a bondade dos SANTOS, isto é, aquilo que constitui a santidade, permanecem para sempre. 

 Quando uma pessoa justa morre, ela não rompe a sua ligação com a Igreja, mas passa para a sua esfera mais alta, celestial — para a Igreja triunfante. Mesmo na glória permanecem em comunhão conosco e nós com eles como deixa bem claro o apóstolo Paulo ao apresentar a Igreja como uma só família celestial-terrestre, e ao escrever aos neófitas : "Aproximastes-vos do Monte Sião e da Jerusalém celeste, cidade de Deus vivo e de milhares e milhares de anjos, reunião festiva, e assembléia dos  primogênitos, cujos nomes estão inscritos nos Céus, onde Deus é Juiz de todos, e às almas dos justos que estão já na posse da perfeição" (Hebreus 12:22-23). Por outras palavras, vós, que se converteram para o cristianismo, entraram para uma grande família, recebendo uma ligação íntima com o mundo celestial e com aqueles, que lá se encontram. No mundo espiritual a alma da pessoa não deixa de pensar, querer, sentir, amar, Pelo contrário, estas qualidades se abrem ainda mais amplamente e com uma maior perfeição. A morte mata apenas o que é terreno, o amor é eterno cf. 1°Cor 13, 8, com a morte rompem-se os laço da carne, porém, não se rompem os da caridade, ao contrário, solidificam-se e eternirsam-se.

  Os santos morreram fisicamente, não morreram porém as suas almas cf. 2° Cor 5, 1. 6. 8; Fil 1, 21. 23; Mat 10, 28; 17, 3; Lc 20, 37-38, Jo 11, 26; 1° Cor 15, 19, Apoc 6, 9-10 ... Os santos amaram-nos em vida, pois eles se santificaram porque foram grandes no exercício do amor a Deus, que só é verdadeiro quando se revela no amor ao próximo. Quem, porém, neles nos amava? O corpo que só pela alma vive ou a alma que no corpo vive e ao (separada do) corpo sobrevive? Por conseguinte, os santos que já estão na glória continuam a nos amar e esse amor se realiza por meio da intercessão que , apesar do nome, não é colocar-se entre Cristo, único mediador(substituindo ou diminuindo seu poder de intercessão), mas é adorar a Deus amando os homens como ele os amou.

  Em suma, como já foi dito, a oração dos santos pelos seus irmãos que ainda peregrinam na terra é o desdobramento do seu amor a Deus e ao próximo. Amor que caracterizou a sua vida na terra e agora é pleno ou livre de obstáculos no céu. O amor e a bondade dos santos, isto é, aquilo que constitui a santidade permanece para sempre. Caso contrário, a bem-aventurança celeste seria a tortura do amor, Deus haveria preceituado o amor e a caridade na terra e a tivera proibido no céu! Como o bom senso repugna isso. Se os santos enguanto viviam na terra " influenciados e movidos pelo amor", intercediam pelos seus semelhantes, terão por sua morte, isto é, pelo seu definitivo triumfo e posse da glória celeste, perdido a caridade, a bondade e o amor? Ficaram imposibilitados de orar pelos seus irmãos da terra? neste caso estão valendo e podendo menos no céu do que quando viviam na terra? responder positivamente a estas perguntase é uma horrível heresia e grande blasfêmia.

  Portanto, a comunhão dos santos não é apenas uma dimensão da universalidade da Igreja, mas a vida mesma da Igreja, sem este amor (solidariedade) e sem esta unidade(comum-união) a Igreja deixaria de ser Igreja cf. Jo 13, 34; Col 3, 14; 1° Jo 3, 18.

   Os santos não ofuscam Deus e não diminuem a necessidade de nossas preces à Ele, como o nosso Pai Celestial. Assim, os adultos numa família não diminuem a autoridade dos pais, quando se preocupam com as crianças junto com eles. Podemos dizer até mais: nada alegra tanto os pais como a preocupação dos irmãos mais velhos com as crianças. Assim também o nosso Pai Celestial se alegra ouvindo as preces dos santos e vendo o empenho deles em nos ajudar. Os santos têm uma fé maior que a nossa e ficam mais perto de Deus porque são justos. Portanto vamos rezar a eles como se eles fossem nossos irmãos mais velhos que estão diante do trono de Deus.

 Semelhantemente a intercessão dos santos não diminue, não é paralela, não é concorrente não exclui nem vai contra a única mediação de nosso Senhor e salvador Jesus cristo. de fato, a Igreja ensina oficialmente:

 O influxo salutar de Maria e a mediação de Cristo

60. O nosso mediador é só um, segundo a palavra do Apóstolo: «não há senão um Deus e um mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou a Si mesmo para redenção de todos (1 Tim. 2, 5-6). Mas a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino ; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia; de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece.

 

A natureza da sua mediação

62. Esta maternidade de Maria  perdura sem interrupção, mas, com a sua multiforme intercessão, cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira. Mas isto entende-se de maneira que nada tire nem acrescente à dignidade e eficácia do único mediador, que é Cristo.

Efectivamente, nenhuma criatura se pode equiparar ao Verbo encarnado e Redentor; mas, assim como o sacerdócio de Cristo é participado de diversos modos pelos ministros e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, sendo uma só, se difunde vàriamente pelos seres criados, assim também a mediação única do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas cooperações diversas, que participam dessa única fonte. cf. constituição dogmática lumem gentium, capítulo VIII, n° 60-62

Provas biblicas da intercessão dos santos:

  A principal objeção de alguns protestantes contra a verdade bíblica da intercessão dos santos já falecidos é:

  Não existe nenhum texto bíblico que menciona Maria, Paulo, Pedro ... E demais justos intercedendo, após a morte, por alguém da terra. Ao contrário, a bíblia declara que há um só mediador entre Deus e os homens: Cristo Jesus cf. 1° Timóteo 2, 5

 

 RESPOSTA: comecemos a resposta explicando o que significa a única mediação de Jesus Cristo, vejamos, então, a( erudita, sábia e profundamente bíblica) explicação que nos dar Lúcio Navarro na sua grande obra de apologetica católica: Legítima Interpretação da Bíblia, pags 531-537, 2° edição, 1957:

 372. Os protestantes dizem enfaticamente: É um crime pedir aos santos que sejam mediadores que intercedam por nós, porque S. Paulo nos diz claramente que Jesus é o ÚNICO MEDIADOR entre Deus e os homens. (1ª Timóteo 2,5).

“Eis aí um grandíssimo e notabilíssimo SOFISMA BASEADO NUM JOGO DE PALAVRAS”.

A coisa mais conhecida deste mundo é que muitas e muitas vezes uma palavra pode ter mais de um sentido. Isto acontece com quase todas as palavras. Já tivemos ocasião de mostrar ao leitor que S. Paulo, nesta 1ª Epístola a Timóteo diz a este seu amigo e companheiro que ele tem por missão SALVAR A SI MESMO E SALVAR OS OUTROS (fazendo isto te SALVARÁS tanto a ti mesmo, como AOS QUE TE OUVEM – 4,16), Quando todos sabem que o Único Salvador é Jesus. É porque, (...) isto depende do sentido em que se tome a palavra: SALVAR.

Às vezes até se observa na Escritura que numa pequenina frase a mesma palavra toma 2 sentidos diversos, dando lugar a um trocadilho: Segue-me e deixa que os MORTOS sepultem os seus MORTOS (Mateus 8,22). Ora, um defunto não pode ir ao enterro de outro defunto. A frase significa: Deixa aqueles que estão MORTOS ESPIRITUALMENTE sepultem os que estão CORPORALMENTE MORTOS. Outra frase em que se mostra um trocadilho assim é aquela de S. Paulo, que diz respeito de Deus com relação a Jesus cristo: “Aquele que não havia conhecido PECADO, o fez PECADO por nós” (2ª Coríntios 5,21). Chamava-se pecado o ato mal cometido pelo homem; e chamava-se também pecado a vítima que se oferecia a Deus pelos pecados nos sacrifícios antigos: “Eles comerão dos PECADOS do meu povo” ( Oséias 4,8) e assim, segundo a frase de S. Paulo: Jesus não conhecia pecado, era santo e inocente e por isto Deus o tornou pecado, isto é, vítima pelo pecado para nos salvar.

A objeção dos protestantes é também um trocadilho, mas não como o de Jesus ou o de Paulo que só diziam a verdade, que não eram capazes de enganar, mas um trocadilho da pior espécie, feito manhosamente para iludir o povo rude e inexperiente.
Não; caros amigos protestantes. Deixemo-nos de brigas e cavilações por uma mera questão de nomes.

Os anjos e os santos SÃO MEDIADORES. E Jesus Cristo é o ÚNICO MEDIADOR. Não existe ai nenhuma contradição; PORQUE TODA A QUESTÃO ESTÁ EM SABER EM QUE SENTIDO JESUS CRISTO É O ÚNICO MEDIADOR E EM QUE SENTIDO OS ANJOS E OS SANTOS SÃO MEDIADORES TAMBÉM.

MEDIAÇÃO E SUAS FINALIDADES.

373. A palavra MEDIADOR (no grego MESÍTES) significa simplesmente isto: INTERMEDIÁRIO.
Esta função de intermediário varia de acordo com a finalidade com que é exercida.

Um homem poder ser mediador ou intermediário – Para fazer a reconciliação entre duas pessoas;
Pode ser mediador ou intermediário – Para transmitir a mensagem de uma para outras, servindo, por exemplo, de intérprete;
Pode ser mediador ou intermediário – Para julgar uma questão que há entre duas pessoas ou dois grupos, servindo de árbitro;
Pode ser mediador ou intermediário – Para pedir uma coisa em nome de outro.


Precisamos saber em que sentido Jesus é apresentado na Escritura como ÚNICO MEDIADOR, porque a própria Escritura dá este nome também a Moisés. Desde que no Antigo Testamento a lei divina foi entregue ao povo, servindo Moisés de INTERMEDIÁRIO para transmitir a mensagem celeste (portanto no segundo sentido que apontamos acima), Moisés neste sentido foi MEDIADOR. E é por isto que S. Paulo chama a Jesus MEDIADOR DE UM NOVO TESTAMENTO (Hebreus 9,15; 12,24), dando a entender claramente que Moisés o era do Antigo. E realmente faz o contraste entre Moisés e Jesus chegando à conclusão de que Jesus é MEDIADOR DE UM MELHOR TESTAMENTO: .... Os quais servissem de modelo e sombra das coisas celestiais, como foi respondido a Moisés, quando estava para acabar o tabernáculo: olha (disse), faze todas as coisas conforme o modelo que te foi mostrado no monte. Mas agora AQUELE alcançou tanto melhor ministério, quanto é MEDIADOR ainda de MELHOR TESTAMENTO, o qual está estabelecido em melhores promessas (Hebreus 8,5-6) já a palavra MEDIADOR é tomada noutro sentido, pois Jesus, sendo O ÚNICO MEDIADOR entre Deus e os homens, o é para todos os homens, desde o princípio do mundo, homens do Antigo e do Novo Testamento: não entrou para se oferecer muitas vezes a si mesmo... doutra maneira lhe seria necessário padecer muitas vezes desde o princípio do mundo ( Hebreus 9,26-26).


Moisés podia muito bem no seu tempo qualificar-se de mediador entre Deus e os homens, mas mediador em certo sentido, no de transmitir aos homens as palavras de Deus: Então eu fui o que intervim como MEDIADOR ENTRE O SENHOR E VÓS PARA VOS ANUNCIAR AS SUAS PALAVRAS (Deuteronômio 5,5). Ora se tomamos a palavra MEDIADOR neste sentido, já todos os profetas são MEDIADORES, porque servem de intermediários para transmitir aos homens os avisos e ensinamentos divinos. E o próprio São Paulo era também MEDIADOR, porque era intermediário entre Deus e os homens. Que é um embaixador senão um intermediário? “Nós fazemos o ofício de embaixadores em nome de Cristo, como que Deus vos admoesta por nós outros. Por Cristo vos rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2ª Coríntios 5,20).

 

A questão está, portanto, em saber EM QUE SENTIDO JESUS É O ÚNICO MEDIADOR, O ÚNICO INTERMEDIÁRIO ENTRE DEUS E OS HOMENS. E para isto é indispensável examinar o contexto da célebre frase de S. Paulo, porque o forte dos protestantes, nesta matéria de sofismas, consiste em separar as palavras do seu verdadeiro contexto.

O CONTEXTO

374. S. Paulo começa recomendando a Timóteo que se façam orações por todos os homens: “Eu te rogo, pois, antes de tudo, que se FAÇAM SÚPLICAS, ORAÇÕES, PETIÇÕES, ações de graças POR TODOS OS HOMENS, pelos reis e por todos os que estão elevados em dignidade, para que vivamos uma vida sossegada e tranqüila em toda a sorte de piedade e de honestidade, porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador (1ª Timóteo 2,3-4).

Aconselhando que se reze POR TODOS OS HOMENS e apresentando isto como agradável aos olhos de Deus, S. Paulo dá o motivo:

“Isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que TODOS OS HOMENS SE SALVEM e que cheguem a ter o conhecimento da verdade” (1ª Timóteo 2,3-4).

Digamos, entre parênteses que à primeira vista parece haver aí um contra-senso. Devemos rezar por todos, porque Deus quer que todos se salvem. Mas se Deus quer que todos se salvem. Ele que pode tudo e que tem todas as graças nas suas mãos, que necessidade há de que rezemos?

Não há nenhum contra-senso, desde que se considerem os desígnios sapientíssimos de Deus. Deus dá a todos a graça suficiente para a salvação. Se o homem rejeita esta graça, está necessitando de graças maiores e mais abundantes. Estas graças, Deus não está obrigado a conceder, mas quis na sua imensa sabedoria e benevolência, subordiná-las aos nossos pedidos e orações. Rezemos, e graças maiores e mais abundantes cairão do Céu, tanto para nós, como também para os outros. E será maior o número dos que se salvam.

Continuando a ilustrar a sua tese de que devemos rezar por todos os homens, S. Paulo acrescenta uma nova razão: Porque SÓ HÁ UM DEUS E SÓ HÁ UM MEDIADOR ENTRE DEUS E HOMENS, que é Jesus Cristo homem, QUE SE DEU A SI MESMO PARA REDENÇÃO DE TODOS (1ª Timóteo 2,5-6).

Eis aí por que havemos de rezar por todos: somos todos irmãos, uma vez que há um só Deus, Deus é o Pai de todos; somos todos irmãos, porque fomos todos remidos pelo sangue de Jesus Cristo. Jesus não morreu só pelos cristãos ou só pelos eleitos, como têm ensinado muitos protestantes, mas morreu por todos. Se muitos não se salvam, a culpa é deles; pois a morte de Cristo alcançou a graça suficiente para dar a salvação a todos, mesmo àqueles que, sem culpa sua, nunca ouviram falar no Divino Salvador. De modo que S. Paulo mesmo se encarrega de dizer em que sentido Ele chama Jesus ÚNICO MEDIADOR; é neste sentido de que SE DEU A SI MESMO PARA REDENÇÃO DE TODOS (1ª Timóteo 2,6).

Ora, isto é claramente o que ensina a Igreja Católica. Jesus é o Único Salvador, porque só Ele podia oferecer a Deus uma reparação suficiente pelos nossos pecados e assim se pôs como um MEDIADOR, como UM INTERMEDIÁRIO entre Deus e os homens, a fim de operar a nossa reconciliação com Deus. Para efetuar esta reconciliação, era preciso que Ele fosse homem e ao mesmo tempo Deus, pois como diz S. Anselmo: “Os homens eram mortais e pecadores e Deus, com quem haviam de reconciliar-se para serem salvos, era imortal e sem pecado. Era preciso que O MEDIADOR ENTRE DEUS E OS HOMENS, tivesse algo de igual aos homens, porque sendo só igual a Deus estaria longe dos homens e sendo igual aos homens estaria longe de Deus, e assim não seria MEDIADOR. De modo que entre os mortais pecadores e o Justo Imortal apareceu Aquele que era mortal como os homens e justo como Deus.”.

Se chamamos os santos MEDIADORES no sentido de que eles oram a Deus por nós, então já é outro assunto, porque não dizemos absolutamente que Maria Santíssima, nem que nenhum SANTO DEU A SUA VIDA PELA NOSSA REDENÇÃO. E a prova de que S. Paulo chamando Cristo ÚNICO MEDIADOR, estava tomando esta palavra no sentido de SALVADOR e não no de INTERCESSOR, é que exatamente neste mesmo momento, neste mesmo trecho, ele estava aconselhando Timóteo a rezar por todos os homens, portanto a INTERCEDER por eles; estava aconselhando que os cristãos rezassem por todos os homens, portanto fossem INTERCESSORES perante Deus em favor de todos eles. E se aqui na terra, podemos rezar pelos homens sem que isto seja injúria a Nosso Senhor Jesus Cristo, Único Mediador, por que motivo então os santos não podem rezar também por eles lá na glória celeste? Se Jesus Cristo, como entendem os protestantes, quer ser o Único Intercessor, não quer que ninguém reze pelos outros, então S. Paulo estaria errado, pedindo aos fiéis que rezassem por todos os homens, São Paulo estaria errado recomendando-se tantas vezes às orações dos fiéis.

Com efeito, pede aos Efésios que rezem por todos os fiéis e POR ELE: Tomai, outrossim, o capacete da salvação e a espada do espírito ( que é a palavra de Deus) orando em todo o tempo... E ROGANDO POR TODOS OS SANTOS E POR MIM, para que me seja dada no abrir da minha boca palavra com confiança, para fazer conhecer o mistério do Evangelho (Efésios 6,17 -19). Aos Romanos pede também o auxílio das orações: “rogo-vos, pois, ó irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito Santo, que ME AJUDEIS COM AS VOSSAS ORAÇÕES POR MIM A DEUS, para que eu seja livre dos infiéis que há na Judéia e seja grata aos santos de Jerusalém a oferenda do meu serviço.” ( Romanos 15,30-31). Em ambas as epístolas aos Tessalonicenses pede orações: “Irmãos, ORAI POR NÓS (1ª Tessalonicenses 5,25). “Irmãos, ORAI POR NÓS, para que a palavra de Deus se propague e seja glorificada como também no é entre vós, para que sejamos livres de homens importunos e maus, porque a fé não é de todos” ( 2ª Tessalonicenses 3,1-2). Aos Hebreus diz: “ORAI POR NÓS, porque temos a confiança de dizer que em nenhuma coisa nos acusa a consciência, desejando em tudo portar-vos bem. E com mais instância vos rogo que façais isto, para que eu vos seja mais depressa restituído (Hebreus 13,18-19). Aos Colossenses diz, em seu nome e no de Timóteo, que oram sempre por eles: “Graças damos a Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, ORANDO SEMPRE POR VÓS” (Colossenses 1,3).

Quando Pedro é encarcerado, a Igreja em peso se põe a orar por ele: “E Pedro estava guardado na prisão a bom recado. Entretanto PELA IGREJA se fazia sem cessar ORAÇÃO A DEUS POR ELE.” (Atos 12,5).

Se Cristo é o Único Mediador, neste sentido de que só Ele é que pode interceder a Deus pelos homens, não se explicam absolutamente estas orações que devem ser feitas de uns pelos outros.

Vendo estes exemplos das Escrituras, todos os protestantes costumam pedir reciprocamente dentro da sua seita, o auxílio das orações. E aí é que se mostra toda a sua falta de lógica. Se eles pedem as orações dos outros, se S. Paulo dizia aos fiéis que ainda estavam aqui na terra: ORAI POR NÓS (1ª Tessalonicenses 5,25,2ª Tessalonicenses 3,1-2, Hebreus 13,18), por que é, então, que não podemos dizer: ORAI POR NÓS, àqueles que já se encontram na glória, na presença de Deus? Era já o argumento que o grande Doutor da Igreja, São Jerônimo empregava contra o herege Vigilâncio: “Dizes no teu libelo que, enquanto vivemos, podemos orar por nós reciprocamente; depois que morrermos, não há de ser ouvida a oração de ninguém por outro apesar de que os mártires não cessam de pedir a vingança do seu sangue ( Apocalipse 6,10). Se os Apóstolos e os mártires, ainda quando estão em seu corpo, ainda quando devem estar solícitos a respeito de si próprios, podem rezar pelos outros, quanto mais depois das coroas, das vitórias e dos triunfos!... Depois que começaram a estar com Cristo, valerão menos? Será que Paulo Apóstolo... não poderá nem tugir nem mugir, em favor daqueles que em todo mundo creram no Evangelho que em todo mundo creram no Evangelho que ele pregou?.... Tu, vigilando dormes, dormindo escreves.” ( Contra Vigilâncio nº6).

  A CIÊNCIA DOS SANTOS NA VISÃO BEATÍFICA


375. Diante deste argumento, os protestantes respondem: Depois de mortos é diferente: eles não podem saber o que se passa na terra.

Quer dizer então que a coisa mudou completamente de figura. Os santos não podem rezar pro nós e isto já não pelo fato de ser Cristo o único Mediador, é pelo fato de não podermos ter comunicação com eles; a ligação está interrompida. Mas esta afirmação é por sua vez completamente gratuita e quem vai responder aos protestantes é outro protestante, o célebre escritor holandês Grotius. Quando Calvino e Vossius alegam que não podem admitir o culto dos santos, porque estes não podem ter conhecimento de nossas preces, Grotius discorda inteiramente deles, dizendo: “Os profetas, enquanto estavam na terra, tiveram conhecimento daquilo que se passava em lugares onde eles não estavam presentes... os anjos assistem a nossas assembléias e se empenham por tornar agradáveis a Deus as nossas orações; é assim que não somente os cristãos, mas também os judeus creram em todos os tempos. Depois destes exemplos, um leitor sem preconceito deve crer que é mais razoável admitir nos mártires um conhecimento das preces que nós lhe dirigimos, do que negá-lo.” (Grotius. Votum pro pace).

É o caso de dizermos aos protestantes: Expliquem-se, por favor... A Escritura não diz em parte alguma que aqueles que se encontram no Céu estão completamente alheios ao que se passa na terra. Qual o argumento, a prova que Vocês apresentam, para afirmar com tanta segurança que os santos não podem ter conhecimento das nossas súplicas?

É porque, dizem eles, os santos gozam diante de Deus de uma felicidade imperturbável; ora se soubessem o que se passa aqui na terra, já não seria mais felicidade e sim uma série de preocupações. Além disto, era preciso que fossem oniscientes, onipresentes, onipotentes (Maria Santíssima, sobretudo, que tem milhões e milhões de devotos em toda a terra) para poderem estar atendendo a todas as orações que se fazem a eles nos mais variados lugares da terra e a cada instante.

Toda esta objeção se baseia, desde logo, numa frustrada tentativa para fazer uma idéia exata daquilo que se passa com os bem-aventurados lá no Céu, quando isto ESTÁ MUITO ACIMA DE TUDO QUANTO POSSAMOS IMAGINAR. A felicidade do Céu é uma felicidade SOBRENATURAL, é a visão beatífica de Deus, da qual a nossa natureza por si não é capaz, mas vai recebê-la por um dom especial do Criador. É inútil fazer cálculos tirando conclusões daquilo que se passa aqui na terra, dentro do nosso conhecimento natural. Uma pessoa aqui na terra não pode ter conhecimento de tudo o que se passa no mundo; mas suponhamos que o tivesse; não se seguiria daí que fosse onisciente nem onipotente, porque o próprio mundo é por sua natureza limitado; e este limitado conhecimento não seria coisa alguma em comparação com A CIÊNCIA INFINITA que só existe em Deus.

Ninguém pode tornar-se igual a Deus, mas uma criatura pode participar mais ou menos das suas perfeições de ciência, santidade, felicidade etc., e ai existe uma graduação infinita. Desde que no Céu esta penetração nas grandezas de Deus tem graus, porque nem todos têm os mesmos merecimentos e “na casa de meu Pai Há muitas moradas” (João 14,2), não há nenhum absurdo em dizer-se que Maria Santíssima, mesmo continuando criatura e permanecendo limitada, recebeu no Céu maiores perfeições do que qualquer outra criatura humana.

E se no Céu a felicidade consiste em nos tornarmos em grau muito mais elevado do que aqui na terra “participante da natureza divina” (2ª Pedro 1,4), a alegação de que o conhecimento das coisas da terra acabaria com a felicidade não tem nenhum fundamento. Deus não vê tudo o que se passa no mundo e em todos os mundos? Não vê praticar-se aqui na terra tanta coisa que não é do seu agrado? Nem por isto sofre a mínima alteração a sua eterna, imensa infinita, imperturbável felicidade.

Os anjos também são imperturbavelmente felizes. Mas a Escritura no-los apresenta interessados pelas coisas humanas. Jacó abençoa os filhos de José dizendo: O ANJO QUE ME LIVROU DE TODOS OS MALES ABENÇOE ESTES MENINOS (Gênesis 48, 6). Nos Salmos se lê: “O anjo do Senhor acampa ao redor dos que O temem e os livrará” (Salmos 33,8). (...) No livro de Zacarias se mostra a súplica do anjo pelo povo hebreu: E respondeu o ANJO do Senhor e disse: Senhor dos exércitos, até quando diferirás tu o compadecer-te de Jerusalém e das cidades de Judá , contra as quais te iraste? Este é já o ano septuagésimo. Então o Senhor, dirigindo-se ao anjo que falava em mim, lhe disse boas palavras de consolação (Zacarias 1,12-13). No Novo Testamento, Jesus diz claramente que as criancinhas têm os seus anjos “Vede não desprezeis nenhum destes pequeninos; porque eu vos declaro que OS SEUS ANJOS nos Céus incessantemente estão vendo a face de meu Pai que está nos Céus”. (Mateus 18,10) E São Paulo, falando à Timóteo, invoca a presença dos anjos: “Eu te esconjuro diante de Deus e de Jesus Cristo e dos seus anjos escolhidos que guardes estas coisas sem preocupação.” (1ª Timóteo 5,21).

Está mais do que provado que os anjos sabem o que se passa na terra, eles vêem a Deus e em Deus vêem todas as coisas e não é isto que os impede de serem felizes. Assim também os santos. Por isto disse com razão o protestante Leibnitz: “Como os espíritos bem aventurados estão presentes a nossas vicissitudes muito mais agora ao que quando viviam na terra... e sua caridade e desejo de nos socorrer são muito mais vivos, como, enfim as suas preces são muito mais eficazes de agora por diante; como vemos por outro lado tudo o que Deus concedia às intercessões dos santos vivos, bem como a utilidade de ajuntar às nossas preces à de nossos irmãos, não vejo por que motivo se haveria de considerar um crime o invocar uma alma bem-aventurada ou um santo anjo”. (Leibnitz. Systema Theologicum)
  Obs: A exposição de Lúcio Navarro sobre o culto de veneração dos santos, não termina aqui, mas creio que estes textos já são mais do que suficientes para desmentir as frívolas e insidiosas acusações daqueles que atacam a Santa Igreja de Deus, ainda que, sem qualquer base para isso, movido apenas pelo ódio e pelo preconceito. Leia, estude e divulgue(a todos os adicionados em seu face, e-mail ...) todo o livro: Legítima Interpretação da Bíblia :
www.obrascatolicas.com/livros/Apologetica/legitimainterpreatacaodabiblia.pdf 

  Estude e divulgue também as obras e estudos que estam postadas na seção: católico(a) instruído e informado, não será iludido nem enganado-apologetica catolica, do site:www.larcatolico.webnode.com.br: larcatolico.webnode.com.br/products/catolico%28a%29-instruido-e-informado%2c-n%C3%A3-sera-iludido-nem-enganado/

  Em suma, Pedimos a intercessão dos santos falecidos porque  para o cristão, "não para o materialista", a morte não significa a extinção da vida, mas a passagem de uma maneira de viver para outra. Sabemos que embora os santos estejam fisicamente mortos, estão espiritualmente vivos e habitando com o Senhor Jesus Cristo no céu  cf. 2° Cor 5,1 . 6 . 8; Fl. 1, 21 . 23; Apoc 6, 9-10 ... Por conseguinte, o fato dos santos da glória não estarem fisicamente no nosso meio não impede deles conhecerem nossas orações, pois os anjos não estão fisicamente entre nós, entretanto, "pelo poder de Deus", conhecem as nossas orações, e" por vontade divina" intercedem por nós ( cf. Zac 1, 12-13; Gn 48, 16 ...) e nos protegem ( cf. Sl 91, 11-12; Heb 1, 14; Atos 12, 14-15; Mt 18, 10) ), podemos dizer a mesma coisa relativamente aos santos já falecidos, pois eles são como os anjos de Deus no céu ( Mt 22, 30 ) ou melhor, são iguais aos anjos de Deus no céu ( Luc 20, 23 ). Ora, já que não são iguais por natureza, os são pelo mesmo poder que Deus deu aos anjos do céu : de conhecerem as nossas orações e intercederem por nós.

   De fato, vemos em  Apoc 5,8  os 24 anciões ( que não são uma corte anjelical, "os anjos ", pois segundo Apoc 5, 11; 7, 11. Os anjos ficam em derredor desses anciões, portanto não eram eles, mas sim os justos, "santos" , que já estão na glória) apresentando ao cordeiro-Jesus Cristo- as orações dos santos, ou seja, dos fiéis da terra, chamados de santos (cf. Rm 1, 7;  1° Cor 1,1;  2° Cor 1,1;  8,4; Ef 1,1, por terem sidos- por serem- purificados pela água do batismo( atos 2 ,38; Ef 5, 25-26) e por serem fiéis à palavra de Deus (Jo 17, 17; 1° Ped. 1, 15 ... ) ademais, os que estão na glória não precisam de orações, visto que já estão na glória, mas sim, os fiéis da terra, que mesmo vivendo uma vida de santidade, correm o risco de perderem a sua salvação eterna. Ora, apresentar a Jesus a oração de alguém é interceder diante de Cristo, por esse alguém, e como poderiam apresentar nossas orações a Deus se delas não tomassem " PELO PODER DE DEUS" conhecimento?

  O próprio teólogo protestante Russel Normam Champlin, no seu Novo testamento interpretado versículo por versículo, ao comemtar Apoc 4,4; 5,8 admite que, item 4: A Igreja que se acha no céu ora pela Igreja que está na terra, é possível isso ser uma verdade pelo fato que ( os vinte quatro anciões) representam seres humanos (glorificados) pois entoam o hino da redenção. Item 7: O mundo celestial(os habitantes do céu- anjos e justos da glória) se interessam pelo estado do homem, pela redenção humana.

  A própria Bíblia de estudo pentecostal, editada pela CPAD, explicando Ap 8,3-4 admite e confirma: "João menciona as orações de todos os santos. Sendo assim, as orações dos santos da tribulação, na terra, são reforçadas pela "intercessão" de todos os santos no céu(cf. 6, 9-11). Os santos no céu estão muito interessados nos eventos da terra". Obs: os grifos são meus, em outras palavras, os teólogos da Assembléia de Deus editores e responsaveis pela tradução da Biblia de estudo pentecostal, ensinam que as orações dos santos da terra são reforçadas pela "intercessão" dos santos do céu, pois eles, representados no apocalpse como 24 anciãos, intercedem por nós(santos da terra) apresentando nossas orações ao cordeiro, que é Jesus Cristo Cf. Ap 5,8.(veja na mesma bíblia de estudo pentecostal a explicação de Ap 4,4 que cita Ap 5, 11; 7,11 para mostrar a impossibilidade dos 24 anciãos serem ou representarem anjos governantes). Tais dizeres significa a afirmação categórica que os santos falecidos estão no céu e que no céu intercedem por nós apresentando nossas orações a Jesus, pois se interessam por nossa salvação. Ora, mas essa é a pura doutrina e interpretação da Igreja Católica, confirmada por aqueles que a negam e criticam, caindo mais uma vez, dentre milhares de vezes, em contradição consigo mesmo e demais protestante. 

   Lemos em 2 macabeus 15, 11-14, que Judas macabeus contemplou no céu Onias e Jeremias, já falecidos, há  muito tempo, orando ( intercedendo ) pelo povo. Aos protestantes que dizem que este livro não é inspirado, pedimos para provarem tal afirmação pela sua regra de fé, ou seja, unicamente pela bíblia, perguntamos-lhe: onde, qual o texto da bíblia diz que o livro de 2 macabeus não é inspirado? Como saber que um livro é inspirado? onde, qual o texto da bíblia que diz quantos e quais são os livros inspirados ? se não responderem unicamente pela bíblia não tem autoridade para dizerem quantos e quais são os livros inspirados!
    Quanto a promessa aos santos faz parte da nossa fé que os santos que estão no céu, mais do que enquanto viviam na terra, continuam intercedendo por nós. Será que agora que estão no céu estão valendo e podendo menos do que quando viviam na terra? será que Deus tendo preceituado o amor e a caridade na terra para com nossos semelhantes, proíbe ambos no céu, mesmo nos tendo ensinado que o amor e a solidariedade fruto do verdadeiro amor, jamais acabará cf. 1 Cor 13, 8 ? Será  que Jesus Cristo, quer quis(mesmo podendo agir sozinho e diretamente) ter intermediários e intercessores entre ele e o povo enquanto vivia na terra, os rejeita e despreza agora que estão no céu? responder que sim, é o mesmo que dizer que o céu é a tortura e destruição do amor e da solidariedade, o que seria uma blasfêmia para com Deus-Jesus Cristo, fonte do verdadeiro amor.
   Acreditamos que só Deus como fonte e através do seu poder nos concede a graça e faz milagres e que os santos apenas pedem, "intercedem" por nós diante de Jesus Cristo nosso único mediador entre Deus e os homens cf. 1 tm 2, 5-6. Jesus é único mediador " necessário" junto ao pai, o único mediador "necessário" que nos mereceu todas as graças e a salvação eterna pela sua vida, morte e ressurreição. Só ele pode nos dar dos seus méritos, sem recorrer a nenhum outro mediador. Em outras palavras: Jesus é o único mediador de salvação, é o único salvador pois só ele nos resgatou pela sua morte, como explica o próprio apóstolo paulo no mesmo texto 1 Tm 2, 6.
   Enquanto os santos, são nossos intercessores "úteis" junto a Jesus. Eles intercedem por nós por meio de Jesus, recorrendo a seus méritos e a sua única mediação. Assim como Jesus é o único único Rei, o único Sacerdote e nos faz participar deste seu único Sacerdócio e reinado cf. Apoc 1,6 semelhantemente nos faz participar desta sua única mediação. O fato de Jesus ser o único mediador de "salvação", por natureza própria, não impede que sejamos mediadores de intercessâo, ou seja, intercessores por participação, missão e vontade divina, em tudo dependente e inferior a Jesus, porém úteis, como o próprio Cristo quer que sejamos cf. Mt 5, 44; 1 Tm 2, 1-3; Tg 5,16 ...  isto é intercessão, a esta doutrina, chama-se comunhão dos santos.

 Quando recebemos de Deus uma graça por intercessão do santo que invocamos, agradecemos através de um  propósito, gesto ou sacrifício de amor e gratidão a Deus como doador, fonte e benfeitor da graça e ao santo como intercessor e canal da graça, considerando-o apenas como um instrumento nas mãos de Deus. Portanto não há nada de heresia nesta doutrina nem nada de idolatria nesta prática.

   Os Protestantes dizem que quem intercede por nós são os que estão vivos, e os que morreram não pode interceder por nós, pois estão dormindo e esperando a ressurreição.  Alguns apresentam o seguinte argumento, tão antigo como a resposta que já lhe foi dado : os santos (canonizados do catolicismo) representam pessoas que já morreram. Pense; se a pessoa estar morta e aguarda a ressurreição, como poderia interceder pelos vivos? Isso implicaria na idéia espírita de que os vivos podem ter contato com os mortos, segundo Dt 18, 10-11 rezar aos santos e padroeiros é abominação a Deus, pois induz a pessoa à consulta aos mortos. Cf. 100 respostas Bíblicas para o catolicismo, Edino Melo, edições ferramenta, pág 15. Antes de tudo perguntamos ao Sr. Edino melo: Desde quando para o cristão, a morte é a extinção da vida? veja a verdadeira resposta Bíblica;

RESPOSTA: Os Santos(as) Morreram fisicamente, não morreram, porém, as suas almas, pois continuam vivendo espiritualmente, de fato: quem disse que estão mortos aqueles que estão VIVOS diante do Trono de Deus, pois o nosso Deus não é Deus de mortos nem de adormecidos, mas de vivos, como ensinou Jesus:

“Moisés chamou ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos porque todos vivem para Ele.” (Lc 20, 37-38)

Portanto, Jesus nos diz que os santos falecidos (como Abraão, Isaac e Jacó) estão vivos na Presença de Deus, pois VIVEM para Ele. Não estão mortos, nem inconscientes! O livro do Apocalipse também ensina que os santos falecidos não estão adormecidos, mas mesmo antes da ressurreição, suas almas dialogam e intercedem junto a Deus:

“Vi sob o ALTAR as ALMAS DOS HOMENS IMOLADOS por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que dela tinham prestado. E CLAMARAM EM ALTA VOZ: Até quando ó Senhor, Santo e Verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando o nosso sangue contra os habitantes da terra? A cada um deles foi dada, então, uma veste branca, e foi-lhes dito, também, que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos seus companheiros e irmãos, que iriam SER MORTOS COMO ELES.” (Apc 6,9-11)

Neste diálogo, as almas dos santos falecidos clamam a Deus para que apresse o Dia do Juízo Final. Observe que as almas não estão adormecidas, mas estão sob o altar de onde falam com Deus. Elas clamam ansiosas pelo Dia do Juízo Final, que será também o dia da aguardada ressurreição da carne. Deus lhes dá uma veste branca (símbolo da santidade) e ordena que aguardem mais um pouco. E, enquanto aguardam, o que fazem estas almas? Aguardam adormecidas ou vivas e acordadas?

Vejamos:

“Então um dos anciões falou comigo e perguntou-me: Esses, que estão revestidos de vestes brancas, quem são e de onde vêm? Respondi-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele me disse: Esses são os SOBREVIVENTES da grande tribulação. Lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Por isso, ESTÃO DIANTE DO TRONO DE DEUS, E O SERVEM, DIA E NOITE, NO SEU TEMPLO.” (Apc 7,13-15)

Portanto, esta é a situação das almas enquanto aguardam pelo ansioso dia do Juízo Final e da ressurreição da carne, quando finalmente “Deus os abrigará em sua tenda e não haverá nem fome, sede, sol ou calor e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos” (Apc 7,15-16). Veja também como estas almas (os santos, pois estavam com vestes brancas, símbolo da santidade), intercedem diante do Trono de Deus:

“Outro anjo pôs-se junto ao ALTAR, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes para que os oferecesse com as ORAÇÕES DE TODOS OS SANTOS NO ALTAR de ouro, que ESTÁ ADIANTE DO TRONO. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com AS ORAÇÕES DOS SANTOS, DIANTE DE DEUS.” (Apc 8,3-4)

Eis aí uma passagem bíblica que nos garante a intercessão dos santos falecidos, e que agora estão diante do Trono de Deus. São oferecidas a Deus as orações de TODOS os santos. Se são de todos os santos, são tanto as orações dos santos da terra (cristãos que levam uma vida santa) quanto dos santos do Céu (que estão vestidos de branco diante do Trono de Deus). Embora este trecho da abertura dos 7 selos esteja se referindo aos santos do Céu (no quinto, sexto e sétimo selos), podemos entender as orações que chegam a Deus, também vindas dos santos da terra, pois é afirmado ser as orações de TODOS os santos.

   Para aqueles que dizem que depois que uma pessoa morre não pode mais interceder, vemos ainda na parábola do rico e do lázaro Cf. lucas 16, 19-31 que uma pessoa (o rico) após sua morte, estando no inferno, pediu para que fosse permitido Lázaro ir evangelizar seus irmãos que ainda viviam na terra, pediu algo em favor de seus irmãos que ainda viviam na terra, em outras palavras, intercedeu por eles, pois interceder é pedir algo em favor de alguém. Ele não foi atendido por dois motivos muito justo: 1- quem está no inferno não tem mérito nenhum para ser atendido, 2- pediu duas coisas contrário à palavra de Deus, a saber; amenização das penas do inferno que são eternas e um contato físico de falecidos e vivos da terra, o que seria espiritismo quando a iniciativa(tentativa) parte do homem. Porém, ninguém pode negar em perfeito juízo e com um mínimo de inteligência que ele intercedeu. Pois bem, se uma pessoa depois de morta estando no inferno pôde interceder pelos que ainda viviam na terra, por que não podem os santos falecidos que estão no céu? quer dizer então que, quem está no inferno vale mais e pode mais diante de Deus do que aqueles que estão no céu? como ainda afirmar que, de acordo com a biblia, uma pessoa depois que morre não pode mais interceder? só porque Jesus falou em párabola? que dizer então que Jesus usou comparações falsas para ensinar as verdades sobre a vida após a morte? Jesus falaría(ou teria falado) em intercessão após a morte Lc 16, 27-28, se a mesma fosse impossível?

   Vemos assim que o protestantismo  é  uma torre de babel construída com e em cima de contradições. O próprio Sr. Edino melo deixa subtendido que os santos e padroeiros por estarem mortos não estão vivos, e por isso não podem interceder, pois pergunta: se apessoa estar "morta" como poderia interceder pelos "vivos" ?. Entretanto, o Sr. Edino melo é a melhor refutação daquilo que ele mesmo escreve e deixa subtendido, pois ao refutar o adventismo em seu livreto:  combatendo seitas e heresias I, pág 38, escreve; "Há vários textos que enfatizam a continuidade(da vida consciente) após a morte cf. At 7, 59; Fp 1, 21; Lc 23, 42-43; Hb 12, 22-23; Ap 6, 9-10; 7, 9-14; Lc 16, 19-31; Mt 17, 1-8; Ec 12, 7; II Cor 5, 1. 6. 8; I Ts 5, 10". Assim o próprio escritor anula e refuta suas críticas à doutrina Católica nesse ponto. Se ele responde que é porque tal intercessão consistiria em prática espírita da evocação aos mortos, então ele apenas vai engrossar o caldo(venenoso) da sua ignorância e má fé, é o que veremos abaixo.

   É de fundamental importância distinguir as palavras "invocação" e "evocação". Nós católicos invocamos os santos conforme a primeira acepção do verbo "invocar" de acordo com o Dicionário Aurélio: "Implorar a proteção ou auxílio de; fazer súplicas a". Isso nada tem a ver com “evocação dos mortos” (de acordo com o Aurélio: "1. Chamar de algum lugar. 2.Fazer aparecer, chamando por meio de esconjuros,"). Quem dirige uma prece a um santo não está, de forma alguma, “consultando” a um morto, mas está se dirigindo a uma pessoa viva, e podemos dizer até muito mais viva do que nós, pois já goza da bem-aventurança eterna junto a Deus, e por isso mesmo pode interceder por nós com muito mais eficácia.

   Invocar significa pedir a ajuda ou intercessão de alguém, enquanto evocar é bem diferente, pois consiste em reclamar a presença da pessoa junto a si. Note que o próprio uso e prática que se faz na Igreja Católica e o que se faz entre os espíritas denuncia estes sentidos: os católicos buscam a intercessão dos santos junto a Deus e para isso não precisam de médium; já os espíritas buscam "trazer" alguém conhecido de volta (normalmente um ente querido que se foi) e para isso precisam de médium.
   Se invocar fosse errado, como poderíamos invocar o próprio Cristo em nossas orações, como Ele mesmo ordenou que fizéssemos, ao pedir em Seu nome todas as coisas ao Pai? É evidente que se pode invocar a Cristo, para que O Intercessor por excelência possa apresentar nossas súplicas diante do Pai Eterno. E também o mesmo se aplica aos santos, que intercedem junto a Jesus Cristo, pois estão em sua presença, e querem nosso bem. Não se condena na Bíblia o pedido de auxílio aos santos e a Nosso Senhor mesmo.

   A propósito, esclarece Frei Boaventura Kloppeburg, renomado Teólogo brasileiro, em sua obra “O Espiritismo no Brasil, Orientações para os Católicos”: "Várias vezes nos objetaram que também os católicos evocamos os mortos, quando rezamos aos santos. Mas isso não é verdade: não evocamos, mas invocamos os Santos. Dirão que as palavras ‘evocar’ e ‘invocar’ são sinônimas. Etimologicamente pode ser, mas realmente os conceitos são bem diferentes: Quando o espírita ‘evoca’ um espírito ele quer que o espírito desça, baixe e se comunique perceptivelmente com a gente; quando o católico ‘invoca’ um Santo, ele quer que o Santo por assim dizer suba ao trono de Deus para interceder por nós, para tornar-se o nosso intercessor e não que baixe e fale conosco. Não há, na devoção católica aos Santos, nem vestígio de mentalidade espírita" (Op. cit., 2ª Ed., Petrópolis: Vozes, 1964, p.183). 

   Ora, a evocação dos mortos, ou necromancia, se dá com base na crença espírita de que os espíritos dos falecidos podem perambular pelo mundo atendendo às nossas exigências. Neste sentido, o homem poderia perfeitamente evocar sua presença ou seus conselhos, donde surgem as práticas espíritas de psicografia, psicofonia, vidência, entre outras. A evocação dos mortos sugere que o homem tem o poder de trazer um espírito à terra. Há, portanto, uma pretensão de domesticar os poderes divinos; é a soberba do homem que se acha Deus.

   Já a invocação dos santos tal como a Igreja Católica ensina e pratica, se baseia na comunhão dos santos, isto é, comun- união( espiritual de amor e solidariedade) entre todos os membros da Igreja militante e triunfante, visto que todos somos membros da igreja de Cristo cf. Ef 4,16; 1° Cor 12, 12-27; Rm 12, 4-5; Hb 12, 1. 22-24 ... Por conseguinte, Assim como as partes que compôem o corpo se servem(ajudam-se) mutuamente, do mesmo modo todos os que pertencem ao corpo místico de Cristo (sua Igreja) nós na terra e os santos do céu, nos interesamos e servimo-nos uns aos outros cf, 1° Cr 12 , 24-26. Invocando os santos os católicos não pretendem fazer  eles baixar à terra e falar, nem ter um contato ou comunicação sensível com eles, mas humildemente lhes pedem que intercedam pelos irmãos peregrinos da terra. Deus, que fez os membros da Igreja solidários entre sí, não permite que a morte rompa essa comunhão(solidariedade) fraterna, de modo que ele dá a saber aos santos da glória os pedidos que lhes fazemos. Pedir o auxílio de um santo (ou apresentá-lhe nossos anseios ...)  não se configura com necromancia(consulta aos mortos), uma vez que o próprio Jesus conversou com Moisé, o qual já havia falecido cf. Mt 17, 3 e nem por isso praticou necromancia.

   Há, portanto, uma cabal diferença entre a perniciosa necromancia praticada pelos espíritas(condenada pela Bíblia e pela doutrina católica) e a intercessão dos santos, à qual recorre a Igreja Católica. São como óleo e água.

    De fato, a  Igreja condena claramente o espiritísmo: “Todas as práticas de magia ou de feitiçaria com as quais a pessoa pretende domesticar os poderes ocultos, para colocá-los a seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – mesmo que seja para proporcionar a este a saúde –, são gravemente contrárias à virtude da religião. Essas práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas de uma intenção de prejudicar outrem, ou quando recorrem ou não à intervenção dos demônios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismo implica freqüentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo (Catecismo da Igreja Católica, n° 2116-2117). Leia ainda em; Doutrina Católica compendiada hoje para adultos, pág 122, edições loyola, 11° edição.

   E o Senhor Deus ordena: “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos mortos,  porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações.  Serás inteiramente do Senhor, teu Deus” (Deuteronômio 18,10-13; Lv 19, 31; 20, 6 ...).

   pretender fazer exegese bíblica com um dicionário é um absurdo enorme. A linguagem e a complexidade das Sagradas Escrituras superam em muito a simplicidade e pragmatismo que caracterizam os dicionários. Como exemplo, se consultarmos o verbete "fé", segundo o Aurélio, temos uma noção muito superficial, a de "confiança" ou de "adesão irrestrita". Porém, fé assim considerada perde muito de seu sentido, para não dizer que é um sentido falso. Segundo São Paulo, fé é 'o fundamento das coisas que se esperam, e uma demonstração das coisas que não se vêem' (Hebreus, XI,1). E Segundo São Tomás, é "a adesão da inteligência às verdades reveladas por Deus". Veja o abismo que separa o sr. Aurélio de São Paulo e São Tomás, e como uma verdade tão fundamental como a fé não pode sujeitar-se às estreitezas do dicionário.

   O protestante que faz tal objeção  confundindo ou querendo assemelhar evocação dos mortos(prática espírita) com invocação dos santos(prática católica), e por conseguinte, querendo assemelhar catolicismo com espiritismo, apenas mostra que não conhece ou finge não conhecer a doutrina católica nem a História e doutrina do espiritismo.

   O feitiço caiu em cima do feiticeiro: a armar que objetante quis disparar contra o catolicismo disparou em cima do protestantismo. De fato: As primeiras manifestações do espiritismo moderno realizaram-se em casa da família fox, que era protestante metodista, e nenhuma dessas pessoas mesmo evocando os mortos cria nem praticava a invocação dos santos. Ademais, o codificador do espiritismo; Allan Kardec, foi educado no protestantismo. Cf. O espiritismo no Brasil e em portugal, pág 118, Rio 1896. citado por Carlos de Laet em Heresia protestante, pág 134, em 1907.

   O protestante que faz tal objeção(Pastor Alvaro reis, Pastor Aníbal pereira dos reis, Sr. Edino melo e companhia ...) peca por ignorância ou má fé: ou desconhece a severa doutrina católica no tocante ao espiritismo e suas práticas, ou se a conhece, maliciosamente a esconde, só para ter o efêmero gostinho de formentar objeções de todo fúteis(sem valor) e aleivosas(falsas e sem fundamento). Se o fez por malícia não é um adversário(opositor) leal(sincero, honesto ...), e se for por ignorar, não é cajado de pastor(ou de cristão veraz) isso que impunha, mas um bordão de cego, e de cego imprudente(malicioso, falso ...) Cf. Carlos de Laet, em Heresia protestante, pág 139, editor A. Campos, 1907.

   O Sr. Edino melo responde que os santos falecidos não podem interceder porque para isso seria necessário que fossem oniscientes e onipresentes, atributos que pertecem somente a Deus, e por consequinte, seria o mesmo que igualar Maria( e demais santos) a Deus. E nos pede; analise bem: Como ela (Maria e demais santos) atenderia a todos ao mesmo tempo, já que ela(eles) não é(são) onipresente nem onisciente? Cf. 100 respostas Bíblicas para o Catolicismo, pág 12, edições ferramenta.  20 verdades sobre o catolicismo, pág 24, Idem.

   RESPOSTA : Mais uma vez(dentre as milhares de vezes) fica constatado que a maioria dos protestantes(do gênero do Sr Edino melo) não estudam o catolicismo através dele mesmo e dos grandes apologetas Católicos nem mesmo para contestá-lo, e quando estudam a doutrina católica("alguns" como é o caso dos ex-padres e de "alguns" protestantes) não conseguem evitar a Diabólica tentação de falsificá-la. E terminam comportando-se como instrumento do Diábo, bebendo, para depois vomitar nos outros "principalmente nos Católicos" o veneno satânico da mentira, calúnia, má fé, preconceito, falsificação, dertupação ... Ou como nos alertou já em 1952 o sábio apologeta católico Leonel franca:" Os processos polêmicos(dos protestantes) continuam substancialmente identicos: repetições de velharias mil vezes refutadas, insiceridade acabrunhadora, afirmação do já afirmado, sem averiguar(nem refutar) os argumentos contrários que já haviam invalidado as primeiras afirmações(objeções). O descaso sistemático do exame direto das fontes é o segredo de perpetuar indefinidamente as discussões(e objeções anticatolicas, na vã, anticristã e injusta tentativa) de ganhar (com falsas afirmações e infundadas objeções) ás vezes com violência de agressões pessoais o que perde em serenidade de argumentos objetivos(e verdadeiros). Do papa e da Igreja não se fala senão em estilo de tarimba, as calunias mais inverossímeis são inventadas e acolhidas com a melhor avença, caricaturam-se groseiramente, falsêa-se, malsina-se, comenta-se com visível malevolência tudo que se refere ao catolicismo, à sua organização e à sua História. A atmosfera espiritual que se respira nesta imprensa é a do despeito, da acrimônia, da má fé e do ódio. Assim é que o protestantismo trabalha para evangelizar o Brasil." Obs, os que estão entre parênteses são meus.  Cf. O protestantismo no Brasil, págs 13-14.16.27, 3° edição, 1952, editora Agir, Leia-o em :

 www.obrascatolicas.com/livros/Apologetica/O%20Protestantismo%20no%20Brasil%20Lutero%20e%20Frederico%20Hansen.pdf  leia também as demais obras de apologetica catolica do mesmo autor, Do site obras catolicas; " principalmente": Legítima interpretação da Bíblia, de Lúcio navarro:

www.obrascatolicas.com/livros/Apologetica/legitimainterpreatacaodabiblia.pdf

   Voltemos ao assunto e ponhamos em luz a verdade das asserções do apologeta Leonel Franca, recorrendo a apologetas bem mais antigos do que ele, por conseguinte, baseando-se em respostas à objeção acima, tão antiga quanto a mesma. Ora, o Sr Edino melo e companhia nada faz de novo, apenas ( à semelhança de um papagaio que repete o que escuta, mas não entende nada do que fala) repete e copia de novo o que várias e várias vezes já foi repetido, copiado, porém, centenas de vezes Bíblicamente respondido e cabalmente refutado, de fato:

   Em 1962 Loraine Boettner repete a velha objeção:" Como, então, poderia um ser humano tal como Maria ouvir as orações de milhões de católicos romanos, em muitos e diferentes países, orando em muitas e diferentes linguas, todos ao mesmo tempo?. Considerando que Maria não é onipresente nem onisciente, tais orações e culto não passam de idolatria, isto é, o conceder honras divinas a uma criatura. Maria precisaria dos atributos da divindade para ouvir e responder a uma multidão de tantas orações. Mesmo se fosse verdade que os espíritos dos que partiram têm acesso a este mundo(conhecimento de tais orações), isto só seria conhecido através de revelação divina" ... Cf. Catolicismo Romano, págs 118. 124, 1° edição Brasileira em 1985 pela Imprensa Batista Regular. A mesma objeção é repetida em "A Bíblia e Catolicismo Romano" - catolicismo romano à luz das escrituras, pág 175, autores: F.C.H Dreyer e E. Wrller, casa editôra evangélica, 1961. A mesma objeção é repetida por M. H. Seymour em seu livro "Noites com os Romanistas" no capítulo sobre a oração aos santos, este livro foi escrito em inglês em meados do século XVIV e publicado no Brasil na sua 2° edição em 1900 pela editôra evangélica. O mesmo acontece em centenas de literaturas protestantes, porém, "TODAS" as objeções do protestantismo desde a reforma, ou melhor, deforma protestante, já foram profundamente analisadas, Bíblicamente respondidas e cabalmente refutadas. Não acrescentam nada de novo o que nos leva a fazer as mesmas refutações. Apresentemos o resumo da resposta do Padre Henrique Brandão em seu livro" Noites com os Metodistas e outros Protestantes" 1908- respostas a Seymour, autor do livro noites com os romanistas, bem como de outros apologetas católicos :

  A priori, tal dificuldade apresentada na objeção se desfaz como a neve diante do sol ao meio dia, visto que a Igreja Catolica ensina através de seus compêndios de Teologia Dogmática, dos Pais da Igreja, dos grandes Apologetas do catolicismo que os santos do céu tomam conhecimento dos pedidos(orações) que lhes fazemos pelo "PODER DE DEUS, POR REVELAÇÃO DIVINA" :

  São Tomás de Aquino explicando diz: Os santos conhecem as nossas orações e as conhecem em Deus no qual vêem  tudo o que se lhe refere (no plano divino da salvação); os desejos, a devoção e as orações dos homens que tem necessidade do seu socorro. Cf. suppl. q. 72, a. 1. Citado por Bernado Bartmann em seu compêndio de Teologia Dogmática, pág 525, volume II, edições paulinas, 1962. Pode-se aqui recorrer à analogia dos anjos, especialmente do anjo da guarda. Se eles, como atesta a sagrada escritura( Tob 12,12: Lc 15, 7.10; Apc 5,8 ...), conhecem os homens e estão ao par da sua sorte, pode-se admitir algo de semelhante também para os santos, pois que também eles " estão diante de Deus e vêem na sua luz tudo o que comporta e exige sua situação e seu dever no plano divino da salvação. Cf. Idem, pág 524.

 Disto se segue que a comunicação de amor fraterno entre vivos e defuntos não somente seja possível, mas venha a ser mesmo uma conseqüência do aperfeiçoamento do amor dos que passaram para o além. O Senhor Deus se encarrega de os tornar cientes das necessidades dos seus irmãos na terra, já que sem essa intervenção de Deus não haveria intercâmbio(de solidariedade) entre cristãos peregrinos e cristãos consumados. Por conseguinte, a oração dos SANTOS pelos viandantes deste mundo é o desdobramento do seu amor a Deus e ao próximo, que caracterizou a sua vida na terra e agora é pleno ou livre de obstáculos. Os justos falecidos querem ajudar-nos a atingir o termo de nossa vocação, que é "participar da sorte dos SANTOS na luz" (Cl 1,12). O amor e a bondade dos SANTOS, isto é, aquilo que constitui a santidade, permanecem para sempre.

  A comunhão(solidariedade) entre os membros do povo de Deus não é extinta com a morte; ao contrário, o amor fraterno é liberto de falhas devidas ao pecado na outra vida, o que faz esta união mais forte. Deus, que gera esta comunhão, proporciona aos Santos no céu o conhecimento de nossas necessidades para que eles possam interceder por nós, como intercederiam se estivessem na Terra.

  O Concílio de Trento  na Profissão de Fé Tridentina (13/11/1564, D.-S. 1867 [998]) como no "Decreto sobre a Invocação dos SANTOS (3/12/1563), sessão XXV afirma :

1)  Os SANTOS, que reinam com Cristo, oram pelos homens;

2)  Invocá-los e implorar a sua intercessão é coisa boa e útil;

3)  Jesus Cristo é nosso o único Senhor e Salvador ;

         4)  Os benefícios em resposta à oração vêm de Deus através de seu Filho Jesus Cristo, nosso único Salvador. (a Deo per Filium).

Merece especial atenção o fato de que a oração aos SANTOS e a intercessão dos SANTOS não derrogam à unicidade do Salvador e Mediador Jesus Cristo. Ao contrário, esse intercâmbio entre vivos e mortos decorre da obra redentora de Cristo e dá glória ao Salvador; é expressão da excelência dessa salvação. Mais ainda: Os SANTOS são relativos a Jesus Cristo; tudo devem a Este e em tudo encaminham os seus irmãos para Jesus. Os SANTOS não são doadores nem fontes de graças; pois apenas intercedem por eficácia da mediação salvífica de Jesus Cristo. Em outras palavras: nem Maria nem algum outro santo pode fazer algo em prol dos homens a não ser que isto lhe seja concedido pelo próprio Deus mediante Jesus Cristo. É sempre a obra do redentor que vemos frutificar nos santos, inclusive na intercessão em favor do gênero humano.

  Cf. Dom Estêvão Bettencourt em; revista pergunte e responderemos, n° 398/1991, págs 263-272. livro; Diálogo ecumênico, págs  219-226 Leia-o em :

www.pr.gonet.biz/kb_read.php?pref=htm&num=59

www.cleofas.com.br/ver_conteudo.aspx?m=doc&cat=90&scat=143&id=2055

www.pr.gonet.biz/kb_read.php?pref=htm&num=1985

pt.scribd.com/doc/13965098/ANO-XXXII-No-348-MAIO-DE-1991

  Ora, se os santos segundo a doutrina católica só tomam conhecimento das nossas orações pelo poder de Deus, por revelação divina não é "NECESSÁRIO" que sejam onisciente nem onipresente. Se segundo a doutrina católica só Deus faz milagre e concede suas graças mediante os infinitos merecimentos de Jesus  Cristo, fica claro que para nós catolicos santo nenhum " ATENDE" orações, ou seja, faz milagres e concede graças, apenas pede a Deus por nós, recorrendo, assim como os demais cristãos, aos infinitos merecimentos de Jesus Cristo nosso único mediador. Em suma: Só Deus pode conceder suas graças e bençãos. Só Deus faz milagres. Só Deus concede ... Os santos apenas pede; " intercede", são apenas instrumentos nas mãos de Deus. Quando em livros de devoções populares se diz que Maria ou outros santos(as) concede(eu) graças, fez(faz) milagres queremos dizer que as conseguiram e fizeram por meio da sua intercessão. "APENAS" como canal e instrumentos nas mãos de Deus e não por poder ou vontade própria. De fato, já que pedimos aos santos para rogarem(pedirem) a Deus por nós é porque não acreditamos que eles podem conceder ou fazer  por poder e vontade própria, as graças e necessidades que lhes pedimos para apresentarem a Deus. Porém, acreditamos que" os infinitos merecimentos de Jesus cristo" não invalidam nem vai contra a verdade que a oração feita por um justo(santo) pode muito em seus efeitos, como está escrito em Tiago 5, 16, que a santidade é uma das condições para a oração ser atendida por Deus de acordo com 1° João 3, 22.

  É o caso de perguntar ao protestante: quer dizer então que Deus não pode através de seu poder revelar aos santos do céu as nossas orações para que eles intercedam por nós, e fazer isto sem deixar de ser onisciente, onipresente e onipotente? vejamos a resposta do padre Henrique Brandão em 1909 a M. H. seymour, autor do livro Noites com os Romanistas :

   E não obstante estas razões alegadas pelo autor, é certo que os santos do céu conhecem as súplicas de seus devotos, intercedem por eles e lhes alcançam( de Deus, por meio de sua intercessão) as graças pedidas. Donde se segue que invocá-los não é um ato inútil e menos ainda um ato que derrogue o culto de latria que devemos a Deus ou que lhe tire a sua divina essência.

  É evidente. Ou não poderá Deus que, sem despojar-se de sua divina essência para com ela revestir suas próprias criaturas, revelou aos santos enquanto ainda vivos nesta terra, coisas que não presenciaram e naturalmente não puderam saber naquele momento, como por exemplo:

  A idolatria de seu povo a Moisés no monte sinai( Êx 22,7), a infidelidade de seu criado Giesi e os planos secretos do rei da síria ao profeta Eliseu(2° Reis 5, 26-27; 8, 13), a fraude de ananias e sua mulher a são pedro(Atos 5, 3-10), a oração de são Paulo a ananias(Atos 9,11) ... estes textos provam que os santos mesmo sendo criaturas e por isso limitadas , podem, querendo Deus, ver (conhecer) o que se passa em lugares diferentes daqueles em que se acham ou que naturalmente não poderiam conhecer  - Não poderá Deus com mais forte razão revelar aos santos no céu as coisas que não podem saber naturalmente, sem por isso despojar-se da sua divina essência e revestir delas os santos ? Ora, se Deus assim revelou aos seus santos, enquanto viviam na terra, o conhecimento tão exato e circunstanciado do que se passára na ausencia deles, porque com análoga revelação não favoreria a estes e outros santos bem- queridos quando estejam no céu? Negá-lo seria um absurdo, seria negar a onipotencia de Deus! Este argumento  vitoriosamente já o fomulára Santo Agostinho em seu conhecedíssimo tratado "De Citate Dei"- A Cidade de Deus, capítulo 29° do livro 22° no qual disserta sobre a visão beatífica e esta obra foi escrita de" 413 a 426" de nossa era. O autor combate os pensamentos contrários a doutrina cristã e expõe dois caminhos que levam para o inferno ou para o céu.

  Ha mais: O que a razão já admite como possível e muito racional é posto para fora de toda dúvida pela palavra infalível do próprio Deus, o qual na sagrada escritura nos apresenta os santos no céu como conhecedores do que se passa no mundo e empenhados em interceder por nós.

  De fato, da parábola do rico avarento e lázaro(Lucas 16, 19-31) se depreende que o patriarca abraão, que nasceu e morreu muitos séculos antes de nascerem o pobre lázaro e o mal rico, do lugar de paz onde estava, presenciára, a diferente sorte que tinham tido neste mundo(Vs 25), deduz-se também que os santos no céu conhecem as súplicas dos seus devotos, pois se, estando ainda no paraíso(Lc 23, 43), o justo Abraão ouvia as súplicas  que lhe fez um condenado ao inferno a quem não mais podia valer( Vss 24. 27) não será absurdo negar que este mesmo Abraão admitido depois da morte e ascensão de N. S. Jesus Cristo ao céu(1° Pd 3, 19; Ef 4, 8; Jo 14, 2; Apc 6, 9-10; 2° Cor 5, 1. 6. 8 ...) possa tomar conhecimento das súplicas, não de um condenado, mais de um devoto que implora seu auxílio? e se não podemos negar essa possibilidade a Abraão, podemos negar aos outros santos? com esta parábola Jesus mostrou que é lícito se pedir ajuda(intercessão) aos amigos de Deus(os santos) que estão no céu, pois o mal rico pediu a intercessão de Abraão. No caso, o mal rico não podia ser atendido pois estava no inferno e quem está no inferno não tem mérito nenhum para ser atendido.

  Em são lucas 15,7 lemos que: " Haverá  alegria no céu quando um pecador se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não precissam  de arrependimento". Ora bem; o que é o céu? é a côrte celestial de Deus. De que consta esta côrte? não somente de anjos senão também de santos. Logo não somente os anjos mas também os santos tomam conhecimento da labuta dos homens em busca da salvação( no que se refere à salvação), se assim não fosse, não poderia haver tal regosijo. Deste texto se depreende que os habitantes do céu, ou seja, "os anjos e santos" se alegram com Deus por este arrepedimento, e por conseguinte devem ter conhecimento dele, caso contrário, como então poderiam se alegrar pelo mesmo? praticamente é impossível alegrar-se por aquilo que não se toma conhecimento. O arrependimento é um sentimento interno da alma, ora, se pelo poder de Deus os anjos e santos tomam conhecimento do mesmo, quanto mais das nossas orações.

  Faço uma pausa, pois me lembro que certa vez, após mostrar este argumento para um amigo protestante da Assembléia de Deus, ele alegou que o céu só tem como habitantes Deus e os anjos. Foi precisso eu lhe mostrar o ensinamento oficial das Assembléias de Deus no Brasil, sobre o assunto:

  - Cremos que o céu "tem" como habitantes homens redimidos e anjos não - caídos, e se constitue num lugar de descanso, adoração e serviço(Ap 5. 14; 7. 15 ...) Cf. Pontos salientes da nossa fé - uma declaração de fé das Assembléias de Deus no Brasil, pág 88, Raimundo F. de Oliveira.

  - O salvo ao deixar este corpo pela morte," entra imediatamente" na presença do Senhor, vai estar com Jesus" no céu"(2 Co 5, 1. 6. 8; Fp 1.23 ...) Cf. Lições Bíblicas, 4° trimestre, 1992, págs 10. 34. os grifos são meus. Obs: nas literaturas das demais igrejas protestantes que refutam a doutrina da igreja adventista e  testemunhas de Jeová encontramos o mesmo ensinamento, porém, quando este mesmo ensinamento é apresentado pela Igreja Católica, eles preferem negar-lo ou jogar a sua própria fé na lama, só para não concordar com a Igreja Católica. Dar para entender tão grande preconceito, incoerência, contradição ...?

  Lemos em lucas 15, 10:" há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende". estaria este versículo negando a verdade ensinada no versículo sétimo? claro que não pois nenhum texto da bíblia serve para contradizer outro. A expressão diante dos anjos de Deus, não nega que eles também se alegram quando um pecador se arrepende, mas ensina que a primeira e a principal verdade que Jesus nos ensina tanto no referido versículo como nas três parábolas de todo o capítulo 15 de S. Lucas é a alegria de Deus pela conversão do pecador, ensina também que a alegria dos anjos é uma participação da alegria de Deus. Isto implica dizer, não apenas, que Deus os faz conhecerdores do nosso arrependimento, mais que eles nos tem grande amor e se interessam tanto pela nossa salvação que também para eles a nossa conversão é motivo de alegria. A própria Bíblia de estudo pentecostal, editada pela CPAD, explicando o versículo 7 confirma esta verdade: " Deus e os anjos, no céu, tem tamanho amor e compaixão daqueles que estão no pecado e na morte espiritual, que quando um só pecador se arrepende alegram-se manisfestamente".

  O fato do versículo 10 mencionar apenas os anjos nega esta verdade em relação aos santos já falecidos? é claro que não pois eles também são habitantes do céu como provado acima, ja que o versículo 7 diz que há alegria no céu, ou seja, entre" todos" os habitantes do céu certamente não os exclui. Mas vamos supor que assim o fizesse, mesmo assim pode-se dizer com verdade a mesma coisa, relativamente aos santos ja falecidos, pois como ja foi dito :

  Sabemos que embora os santos estejam fisicamente mortos, estão espiritualmente vivos e habitando com o Senhor Jesus Cristo no céu  cf. 2° Cor 5,1 . 6 . 8; Fl. 1, 21 . 23; Apoc 6, 9-10 ... Por conseguinte, o fato dos santos da glória não estarem fisicamente no nosso meio não impede deles conhecerem nossas orações, pois os anjos não estão fisicamente entre nós, entretanto, "pelo poder de Deus", conhecem as nossas orações(1° Coríntios 4, 9 - ensina que os anjos formam uma nuvem de testemunhas que do céu comtemplam nossas ações ...), e" por vontade divina" intercedem por nós ( cf. Zac 1, 12-13; Gn 48, 16 ...) e nos protegem ( cf. Sl 91, 11-12; Heb 1, 14; Atos 12, 14-15; Mt 18, 10) ), podemos dizer a mesma coisa relativamente aos santos já falecidos, pois eles são como os anjos de Deus no céu ( Mt 22, 30 ) ou melhor, são iguais aos anjos de Deus no céu ( Luc 20, 36 ). Ora, já que não são iguais por natureza, os são pelo mesmo poder que Deus deu aos anjos do céu : de conhecerem as nossas orações e intercederem por nós.
  É claro que o sentido literal dos textos (Mt 22, 30-32; Lc 20, 35-38) nos quer dizer que na ressurreição os corpos não precisam da geração para se conservarem, pois serão imortais como os anjos. Terão um corpo glorioso, por conseguinte, não haverá nem mortes, nem nascimentos e nem casamentos, e com estas palavras Jesus - diante da preocupação carnal dos saduceus baseada na lei do levirato( Gn 38, 8; Dt 25, 5-6 ) - reafirmava as verdades da imortalidade da alma, da ressurreição e da existência dos anjos negadas por eles. Porém , uma vez que Jesus não limitou a igualdade dos santos da glória somente ao estado glorioso dos anjos, não exclui a igualdade de "poder" dos anjos e  santos glorificados conhecerem as nossas orações e intercederem por nós, pois ambos habitam com o Senhor e se alegram com o nosso arrependimento (Lc 15, 7; 2° Cor 5, 1. 6. 8 ...), mostrando assim que se interessam pela nossa salvação e tal interesse motivado por amor é que os levam a intercederem por nós. Será que Deus fonte desse amor e interesse dos anjos e santos por nossa salvação os impede de intercederem por nós ou não atende às suas intercessões?diga o porque! por que não pode? por má vontade? por que ...?????? prove a sua resposta afirmando tal falta de poder em Deus ou a existência de tal má vontade em Deus dentro da Bíblia, do bom senso e da razâo.

 

  Mais; um apologeta católico hordierno desenvolveu estes argumentos com muita sabedoria, convêm conhecê-lo:

 

SANTOS OUVEM PEDIDOS?
TEM CIÊNCIA DELES?

Wagner Herbet Alves Costa (1968-2006)


Uma das questões mais prementes sobre a intercessão dos santos apresentada pelos refratários à divina Fé Católica é o "argumento" de que os santificados do céu não podem ouvir os nossos pedidos (ou ter ciência deles) porque só Deus é que onisciente.

1) A primeira observação a ser feita é perguntar: o que é onisciência? ... Permita-me defini-la de um modo bem vulgar, mas que pode ser extremamente elucidativo: 'Onisciência é saber tudo sobre tudo'. (Deus é onisciente porque sabe tudo a respeito de todas as coisas.)

Se partirmos deste conceito, então, um santo do céu ainda que tivesse ciência de milhões de pedidos que seus devotos lhes fazem, eles jamais seriam oniscientes. Porquanto, tal santo só saberia dos pedidos e não das outras infinidades de assuntos. Por exemplo, ele não saberia a quantidade de formigas que há sobre a terra, ou quantos átomos tem no universo. Nem saberia todas as palavras que foram ditas durante o último milênio ou as que ainda serão ditas até o fim dos tempos. Nem saberia tudo sobre matemática, ou química, ou física, etc. Deus, por ser onisciente, ele sabe todos os pedidos de orações, mas também sabe todas essas coisas que eu citei (e muitíssimas mais!). Por saber tudo isso é que ele é onisciente. Se Deus soubesse, tão-somente, todos os pedidos que as pessoas fazem, mas não soubesse um desses tópicos que mencionei anteriormente, ele não seria onisciente. Seria? Respondam-me!

Saber todas as orações que são feitas na terra é apenas uma gotinha no oceano infinito do saber Divino.

Agora, responda-me: 'Se eu (Wagner) soubesse dos milhões e milhões de pedidos que todos os seres humanos fazem - mas não soubesse tudo sobre matemática, física, química, etc; nem soubesse tudo sobre as coisas presentes, passadas e futuras; nem soubesse como criar os seres do nada - seria onisciente?'


2) Mais: mesmo que alguém, ERRONEAMENTE, definisse onisciência como saber todas as orações; ainda assim, um santo não poderia ser tido como onisciente. Porquanto, quem disse que os santos tomam ciência de todas as orações? De 'todas'as orações, eles não têm conhecimento (ou, pelo menos, não precisariam tomar ciência)... Explico: imaginemos que 10 mil pessoas pedissem a intercessão de São Paulo e 5 mil a de São Francisco, além das milhões de outras que pediriam a outros milhares de santos; ora, S. Francisco não teria a obrigação de saber (nem saberia) dos pedidos que se fazem aos outros santos, ele só saberia dos 5 mil que lhe foram dirigidas. Já Deus, que é infinitamente superior a eles todos, além de saber dos 5 mil que foram dirigidos a São Francisco, ainda saberia dos 10 mil a São Paulo; afora, é claro, de Ele saber as tantas outras milhões de orações dirigidas aos demais santos. Veja, Deus sabe de tudo; na totalidade, por isso é que Ele é onisciente.

Resumidamente, Deus para ser Deus precisa saber a totalidade de pedidos dirigidos a todos os santos (e não simplesmente a quantidade de pedidos feitos a 'um' santo). Muito embora, creio eu, que o Altíssimo possa conceder a uma criatura santa a graça de conhecer todos os pedidos que são direcionados a todos os santos; porquanto, como comentei anteriormente, saber todas as orações, dirigidas a todos os santos, não é o mesmo que ser onisciente. Saber a totalidade dos pedidos de intercessão é uma ínfima parte, se comparada com a inteireza da sapiência divina.


3) Permitam-me continuar especulando. Agora, entrarei noutra linha de raciocínio... Quem disse que os santos para serem nossos intercessores teriam que, obrigatoriamente, ter ciência dos nossos pedidos?

Vou dar como exemplo um fato público, já que é transmitido pela televisão. A Fundação João Paulo II, que tem a TV Canção Nova, costuma mensalmente apresentar, em missa ou em programa de oração, as centenas de milhares de sócios e intercede pelas necessidades destes. Ora, é óbvio que, quando os membros da Canção Nova oram por tais milhares de sócios, eles não sabem quais são individualmente as necessidades dessas pessoas. Eles oram de forma 'generalizada'; tipo: "Senhor, ti pedimos por nossos sócios (sem especificar nomes ou pedidos)..."

Semelhantemente, nos céus, também os santos poderiam estar atendendo os seus devotos generalizadamente. São Judas Tadeu poderia estar, perante nosso Senhor Jesus Cristo, com a seguinte oração: 'Senhor Jesus, peço por todos os que, agora, na terra, solicitam o auxílio de minhas orações, atendei-os!'. [Se eu fosse um desses que estaria, na terra, pedindo que S. Judas Tadeu rogasse por mim; então, o Senhor Deus atenderia o meu pedido em consideração ao santo intercessor celestial. Sem o santo precisar saber quais são os meus pedidos ou de qualquer outro seu devoto.]

Em suma, por essa hipótese supracitada, bem se compreende que os santos poderiam ser solicitados como intercessores, mesmo que eles não tivessem ciência dos nossos pedidos... Veja, porém, que tal afirmação é apenas uma conjectura, uma especulação. Não estou afirmando (longe de mim!) que os santos não têm conhecimento de nossas solicitações. Pois acredito, piamente, que eles têm ciência sim! Quis, simplesmente, ampliar o leque de possibilidades argumentativas.

Certo estou, ainda, que há outras "explicações" possíveis de serem aventadas que justificariam, igualmente, a tomada de conhecimento que os santos têm dos pedidos que fazemos; contudo fico por aqui...


PS.: Tudo que escrevi está, e sempre estará, sujeito a um maior e melhor juízo, que é o da Santa Madre Igreja Católica. A qual tem o poder de corrigir, refutar, completar e tudo mais que for necessário para manter a integridade da Sã Doutrina.

Se, de tudo que escrevi, algo for proveitoso à defesa da Santa Fé Católica, louvado seja Deus! Entretanto, se elas (as especulações que levantei) forem apenas infundadas reflexões, desde já, peço-lhes que me escusem por essa minha grandiosa incompetência em tratar de temas tão importantes.

Fiquem com Deus!


Bibliografia

- BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996.
Wagner Herbet Alves Costa
 
Leia os demais textos de Wagner Herbt Alves Costa em :
 
 
  3° OS SANTOS SÃO MODELOS A SEREM IMITADOS
 
    É fora de dúvida que Jesus Cristo é o suplemo modelo de santidade, que ele é a causa meritória, exemplar e vital da nossa santificação, que nossa vida consiste em vivermos unidos a Cristo, imitando-o cf. compêndio de teologia ascética e mística, pag 57, 3° edição, 1940. A igreja exorta que neste mundo nosso principal interesse deve ser o da nossa salvação, e nos ensina que ninguém pode salvar-se senão em Jesus Cristo e por Jesus Cristo; que a fé em sua palavra, obediência a seus mandamentos, a imitação de suas virtudes, é a vida do verdadeiro cristão cf. Imitação de Cristo, reflexões do 1° capítulo, do livro l, pag 22, 18° edição, editora Ave Maria.
  Estaria estas verdades dizendo que não necessitamos de outros modelos de santidade, já que temos o suplemo modelo de Jesus? Apesar de alguns protestantes responderem que sim, vejamos a resposta da bíblia:
  O apóstolo Paulo exorta: Irmãos, sigam meus exemplos e observem também os que vivem de acordo com o exemplo que nós lhes temos dado cf. Fl  3, 17. Em 1° Cor 11,1 diz: Sede meus imitadores como também eu sou de Cristo. Nestes textos vemos que S. Paulo se coloca a si mesmo como exemplo de seguidor de Cristo, e incita os crentes a serem seus imitadores, como ele o é de Cristo, deixando bem claro que imitar os santos é imitar  Jesus que os santificou por term sidos fiéis servos do Senhor. Visto que os santos (as) seguiram os passos (exemplos e ensinamentos) de Jesus mais de perto, imitá-los é o mesmo que  imitar a Cristo (cf. 1Cor 11,1; Fl. 3, 17). Ademais, eles mesmos não foram santos senão na medida em que reproduziram as virtudes do divino modelo que é Cristo.  Assim como os maus exemplos nos afastam de Cristo (1Cor 15,33; Pr 13,20), os bons nos aproximam (1Cor 11,1; Pr 12,26), exemplos heróicos inspiram virtudes heróicas.
  Assim comprendida, a veneração aos santos é extremamente útil: Os exemplos daqueles que tiveram as mesmas paixões que nós, passaram pelas mesmas tentações, e apesar de tudo, sustentados pelas mesmas graça, alcançaram a vitória. São um poderoso estímulo que nos faz côrar de vergonha da nossa corvardia, tomar enêrgicas resoluções e fazer esforços constantes para as pôr em execução. Todos eles nos podem repetir a palavra de S Paulo " Sêde meus imitadores assim como eu o fui de Jesus Cristo" (1° Cor 11, 1; 4, 16), cf. Compêndio de Teologia Ascética e Mística, pag 125, autor; AD. Tanquerey, idem.
  Quanto a veneração das imagens, ela é relativa à veneração dos santos, ou seja, só é lícita na medida em que é tributada indiretamente àquele(a) que as imagens representam, pois quem verdadeiramente respeita uma pessoa, respeita até aquilo que lhe representa ou lhe pertenceu. Alguns protestantes fazem várias objeções à veneração das imagens, à qual chamam de Idolatría e consideram antibíblica, por isso fizemos um amplo e profundo estudo bíblico respondendo as principais objeções dos protestantes. tal estudo é a continuação deste. por favor leia e divulgue ambos entre os seus familiares, parentes, amigos ... Leia-o em : larcatolico.webnode.com.br/news/venera%C3%A7%C3%A3o%20das%20imagens/
  
 

  estes argumentos foram pesquisados, pelo catequista aquino, principalmente em:

  - Pouquoi Sommes-nos Catholiques? Lethielleux, Douziême edition, 1870, traduzido para o português em 1905, com o título;

   Porque somos Catholicos e não protestantes? págs 175-184.

 - Noites com os Methodistas e outros Protestantes, resposta a Seymour, págs 5-26, tomo II, A. Campos-editor,1909

 - Heresias protestante, Carlos de Laet, 1903. A. Campos - editor

Fonte: https://www.larcatolico.com/news/intercess%C3%A3o-dos-santos/

 

 

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E AS OBJEÇÕES CONTRA A INTERCESSÃO DOS SANTOS?

 

Se há uma doutrina atacada pela subjetividade dos irmãos separados essa é a intercessão dos santos. Segundo eles a Igreja passou a crer na intercessão por influência do paganismo.

Todavia, ao contrário do que pensam os irmãos separados, essa santa doutrina não se baseia num princípio pagão, mas sim num princípio cristão, o da comunhão dos santos, o qual nos garante que somos enxertados em Cristo. Segundo o próprio Jesus (Jo 15,5), Ele é a videira e nós os ramos. Se nós somos os ramos, como de fato o somos, isso significa dizer que em todos nós cristãos corre a seiva do mesmo sangue derramado por Cristo na cruz. Somos, portanto, todos irmãos e todos precisamos nos preocupar com o outro. São Paulo reforça essa noção em 1Cor 12, em que ele compara-nos aos membros de um corpo e em Rom 12,5 em que ele diz que somos membros do corpo de Cristo e, por isso, todos nós cristãos estamos ligados uns aos outros. Por isso, em 1Tm 2,1-3, por exemplo, o apóstolo dos gentios recomenda que intercedamos uns pelos outros e acrescenta: “porque isto é bom e agradável aos olhos de Deus.” (veja também Mt 5,44; Ef 6,18.19; Col 1,9; Hb 13,18).

Com base nisso, o Cristianismo, guiado pelo Espírito Santo, sempre entendeu que há um profundo laço que une todos os cristãos e que nem mesmo a morte pode rompê-lo. Portanto, desde o seu início o Cristianismo entendeu que a comunhão dos santos existe na terra e se estende para o além da vida. Essa comunhão de forma alguma pode limitar-se apenas a esta vida. E não há nada na Sagrada Escritura que afirme o contrário. Então, não há nada de Paganismo nessa santa doutrina católica.

Não conformados com isso, os irmãos separados erguem um falso castelo com os seguintes argumentos:


1- a Bíblia não fala na intercessão dos santos;

2- eles não intercedem porque senão seriam infelizes, uma vez que estariam preocupados com os problemas da terra;

3- há um só mediador (2Tm 2,5), logo, só Cristo é o intercessor, e sendo assim, nenhum santo pode interceder;

4- Jesus disse que toda oração deve ser feita em nome dEle (Jo 16,23), não em nome dos santos;

5- os santos não sabem de nada do que acontece na terra. (e alguns deles fundamentam essa assertiva apelando para textos como Sl 6,6; Ecle 9,5 e Is 38,18.19);

6- Não podemos dirigir nossa orações aos santos porque isso caracteriza evocação dos
mortos, que é condenada na Bíblia (Lv 20, 6 – 27; Dt 18, 9-14)..

7- os santos não são oniscientes. Logo, não podem atender aos pedidos que lhes são feitos.

8- Os mortos estão no tempo Chronos. Só Deus trabalha no tempo Kairos. Kairos é o “tempo de Deus”, enquanto o Chronos é o “tempo dos homens”. Só Deus trabalha no Kairos porque só Ele tem o atributo da Onisciência, um atributo que pertence unicamente aquele que não tem início e nem fim, àquele que existe de eternidade em eternidade. Mesmo no Paraíso, os mortos (incluindo os tais “santos”) continuam “presos” no tempo Chronos. Isto significa que eles não têm tempo para ficar rezando por todo mundo que pede a intercessão deles. Não é coincidência que, no Céu, a Bíblia relata apenas dois intercessores nossos (Jesus e o Espírito Santo), e ambos trabalham no tempo Kairos.

9- A intercessão de Cristo não se trata de uma oração que ele faz, mas da abertura do livre acesso ao Pai, realizada por ele na cruz (ver 1Tm 2,5). Mt 27,51 esclarece-nos isso: o véu rasgado e mencionado aí em Mateus, separava o Lugar Santo do Santo dos santos, no templo de Jerusalém. Mas com a morte de Cristo na cruz, o véu foi rasgado ao meio, significando que um novo e vivo caminho para a presença de Deus estava aberto. Nada mais nos impede de chegarmos ao Pai! Temos livre acesso a Ele mediante a morte redentora de Cristo!!! Não precisamos passar por santo nenhum para isso! O véu que separava já não separa mais!!! (ver também Hb 10,19-20). Em Jo 16,26.27, Cristo diz uma coisa curiosa: “Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai. Porque o mesmo Pai vos ama... ” Ora, se nem o próprio Cristo ora por nós, como é que os santos mortos podem fazer isso? Isso significa dizer que agora, depois da morte de Cristo, ele sai de cena e nos permite o livre acesso ao Pai. Portanto, para chegar a chegar a Deus ninguém precisa pedir algo aos santos.

Enfim, fica provado que:
a) Cristo não ora por nós;
b) O sentido da intercessão de Cristo é a OBRA de mediação (ou abertura do livre acesso) que ele fez beneficiando a humanidade;

c) Cristo é o ÚNICO que pode fazer isso;

d) Cristo é o nosso ÚNICO e SUFICIENTE intercessor;
e) Logo, santo nenhum pode interceder por nós.

 

Analisemos cada argumento desse e vejamos a sustentabilidade desse castelo doutrinal protestante:

 

1) A Bíblia não fala na intercessão dos santos.
R: Começamos nossa resposta a esse argumento, perguntando: Será mesmo que a Bíblia não fala em intercessão dos santos? A primeira observação que fazemos antes de entrarmos nos textos bíblicos é: em lugar algum da Santa Bíblia se diz que os santos não intercedem por nós. Creio que isso basta para desmontar todo o castelo protestante contra a intercessão dos servos féis do Senhor, pois se para eles a Bíblia é mesmo a única regra de fé, como garantem, por que, então, eles creem em algo que a Bíblia jamais negou? Onde está na Bíblia Deus condenando a intercessão dos santos? Onde a Bíblia diz que os santos não intercedem por nós? A crença protestante da negação dessa realidade é fruto tão somente da subjetividade extrabíblica deles e não tem o menor apoio na sagrada palavra escrita de Deus. E os textos citados nos outros argumentos, como veremos, não afirmam nada disso do que pretendem.

Em diversos momentos da Sagrada Escritura Deus nos mostra o valor da intercessão dos seus servos, os santos. Veja, por exemplo: em Gn 18,23-33, Abraão consegue até aplacar a fúria do Senhor. No entanto, Deus em nenhum momento rejeita a sua intercessão. Ao contrário, vai cedendo ao pedido do patriarca.

Em 1Rs 2,13-21, mostra-nos a Sagrada Escritura que Adonias foi pedir a intercessão da mãe do rei Salomão. Embora não pensasse ser impossível chegar ao rei, no entanto, contando com a petição de sua mãe, ele notou que ficaria ainda mais fácil.
Em Caná da Galileia, Cristo aceitou a intercessão de Maria e atendeu o seu pedido (Jo 2,1-12); em Mt 15, 21-28, aceitou a intercessão da Cananeia pagã em favor de sua filha ausente e realizou o seu pedido; aceitou a intercessão do centurião romano (em Lc 7,7) em favor de um empregado e atendeu o seu pedido. Os chefes judeus intercederam em favor do centurião e o Mestre de Nazaré simplesmente acatou a solicitação em vez de rejeitar. A verdade é que em algumas dessas passagens, o Senhor até elogiou os intermediários por causa da fé.

No livro de Jó, no capítulo 42, Deus diz a Elifaz, o temanita, que está irado com o erro dele e solicita-o que vá a Jó para que Jó INTERCEDA por ele. Ora, estava diante de Elifaz o próprio Deus, mas por que, então, o Senhor pede para que Elifaz vá a Jó em vez de perdoá-lo diretamente?

É claro que Deus pode agir diretamente, e muitas vezes Ele fez e faz isso. Só que muitas outras vezes Ele também age através de intermediários. São Paulo e São Pedro, por exemplo, não só intercediam pelos outros como também conseguiam de Deus favores para os outros. São Lucas relata nos Atos dos apóstolos diversos casos de Deus curando por intermédio dos seus apóstolos (basta vermos At 3,1; 5,15; 19,11.12). É claro que não vamos concluir daí que Deus só pode agir por intermediários. É claro que não. Mas isso significa que o Senhor quer nos favorecer em alguns casos pela ajuda dos irmãos. Tudo isso para cada vez mais nos unir no único corpo, que é a Igreja. A questão é que o Senhor deseja que todos, sem exceção, mesmo pós-morte, estejamos unidos, isto é, em comunhão entre nós na maravilhosa cabeça, que é Cristo.

 

E não há nenhum versículo da Sagrada Escritura que afirme que após a morte dos servos fieis do Senhor, a comunhão é rompida. Ao invés disso, em 1 Cor 13,8, São Paulo dirá que o amor nunca acaba. Em Romanos 8,38.39, o mesmo apóstolo dirá que nada nos separará do amor de Cristo, nem mesmo a morte. Ora, se a morte não consegue romper o amor, é porque ele ultrapassa as suas barreiras. Portanto, a morte não é capaz de eliminar o laço de comunhão que une todos os cristãos na videira, que é Cristo. Sendo assim, mesmo após a morte continuaremos como ramos da videira, que é Jesus, e obviamente continuaremos nos preocupando uns com os outros e, evidentemente, intercedendo uns pelos outros.

Uma outra coisa inconteste na Sagrada Escritura é que ainda que todos tenhamos a autoridade de interceder uns pelos outros, a retidão e a santidade do intercessor aumenta o seu poder de súplica. (Confirmamos isso, por exemplo, em 2Cron 6,29.30; Sl 31(32),6; Prov 15,8.29; 28,9; Dn 9,21-23; 1Pd 3,12). Em Tg 5,16, Deus chega a dizer que a oração do justo tem grande poder, grande eficácia.

Sei que os irmãos protestantes argumentarão que esses textos mencionam a intercessão na terra e nos cobrarão passagens em que se fale da intercessão no além, pós-morte. Mas aqui convém perguntarmos: será que a Bíblia não fala mesmo em intercessão pós-morte? Será que após a morte a comunhão é rompida? Já vimos que não, a morte não rompe a comunhão que une os fiéis.
Vejamos alguns textos que ajudam a confirmar essa nossa assertiva:
Dois textos destacam-se quanto a esse assunto: um é de Lucas 16,19-31 e outro é de Apocalipse 6,9-11:

Pois bem:
Quanto à história do rico e Lázaro em Lc 16, 19-31 observemos que:
- Abraão, o rico e Lázaro estão conscientes pós-morte (v.22, 24 e 25);
- o rico pede a Pai Abraão, não diretamente a Deus (v.24);
- o rico intercede por ele mesmo (v.24);
- o rico se lembra de todos os seus irmãos (ainda vivos na terra) e intercede por eles (v.27 e 28);
- o rico sabe que seus irmãos ainda não se converteram (v.28);
- Abraão sabe como era a vida do rico e de Lázaro quando estavam na terra e também sabe de Moisés e dos profetas (recordemos que Moisés e os profetas só surgiram séculos depois da morte de Abraão). Tudo isso demonstra que ele sabe do que acontece na terra mesmo após a sua morte (v.25 e 29);
- se o rico no inferno intercede, por que razão Lázaro no seio de Abraão não poderia interceder? Será um salvo mais egoísta e miserável que um réprobo?

Analisando esse episódio do rico e Lázaro, diz o site protestante Cacp:
As Almas ativas e Conscientes: Vejam as atitudes volitivas e cognitivas da alma do rico: Viu: "Levantou os olhos e viu"(vs. 23); Clamou: "Pai Abraão..."; Requereu: "Manda a Lázaro..."; Sentiu: "Estou atormentado"; Intercedeu: "Imploro que o mandes à minha casa paterna; Altercou com Deus: "Não, Pai Abraão; se alguém dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Quer uma alma mais consciente e ativa que essa? O rico, certamente, preferiria o "sono", mas isto não lhe foi possível.O grifo é nosso.
Ver o artigo DORMÊNCIA DA ALMA (PSICOPANIQUIA) no site protestante Cacp sobre o Adventismo.
Quanto ao texto de Apc 6,9-11, notemos que:
- as almas estão conscientes ( v.9);
- lembram-se das pessoas da terra (v.10);
- clamam justiça, intercedendo por eles mesmos, uma vez que querem que Deus vingue a morte deles (v.10);
- Sabiam que a história na terra ainda não tinha chegado ao fim, pois sabiam que Deus ainda não fizera justiça (v. 10).
- são informados de que aguardem o número dos que irão morrer (prova de que são informados sobre o que acontece na terra - mesmo do que acontece depois da morte deles - v.11).
- Tais almas se preocupam com a realidade da terra e se envolvem com ela (v.10).

Se os mortos são capazes de tudo isso, negar a intercessão dos santos pós-morte é simplesmente atentar contra a Sagrada Escritura.

O livros dos Macabeus (15,12-16) também nos registra, já no Judaísmo ANTES DE CRISTO, a crença na intercessão pós-morte. E não adianta os caros protestantes ficarem de cara feia porque citamos o livro dos Macabeus. Não adianta por 3 motivos:
I- Os 66 livros da Bíblia protestante NUNCA condenaram tal livro, considerando-o apócrifo nem herético. Portanto, tais afirmações protestantes não têm o menor respaldo bíblico;
II- Macabeus não é um livro pagão, mas JUDEU. Logo, o que é afirmado nele não tem nada de Paganismo. Sendo assim, a intercessão dos santos no além não é pagã.
III- Lembremos que Macabeus foi escrito lá pelo século II A.C., portanto, MUITO ANTES da falsa data mencionada pelos protestantes como o início da crença na intercessão pós-morte. E o pior de tudo para os amigos protestantes é que em momento algum vemos Cristo nem seus apóstolos questionando essa história narrada nos Macabeus. Por quê? Ao contrário, o que vemos é Jesus dando vazão para crermos nisso em Lc 16,19-31, como já vimos.
No livro de Jó (33,23-26) e no livro de Zacarias (1,12), narram-se a intercessão de anjos. Ora, se um anjo pode interceder, mesmo sendo da outra vida, por que os santos não podem? E se os anjos fazem isso sem minimizar o poder de Deus, por que, então, a intercessão dos santos minimizaria? Além disso, notemos que a intercessão do anjo em nada prejudica a felicidade dele, logo, é falso aquele 2º argumento de que a felicidade dos santos ficaria comprometida com a intercessão deles. Se os anjos não perdem a felicidade, embora intercedam, por que os santos perderiam?

 

3- há um só mediador (2Tm 2,5), logo, só Cristo é o intercessor, e sendo assim, nenhum santo pode interceder.
R: Esse argumento, porém, gera um enorme problema para os irmãos separados resolverem: É que Cristo é o único mediador desde sempre e não somente na outra vida, mas também aqui na terra. Logo, se a única mediação do Senhor impedisse a intercessão dos santos na outra vida, certamente também impediria a intercessão aqui na terra. Mas esta última os protestantes não irão querer aceitar. Portanto, constitui CONTRADIÇÂO aceitar intercessão na terra e negar a intercessão no céu com base nessa afirmação de que Cristo é o único mediador. E se a Bíblia Sagrada afirmasse mesmo isso que os protestantes pretendem, ela também estaria se contradizendo. Só que Deus não se contradiz, e a sua santa palavra escrita também não pode se contradizer.

 

Então, precisamos entender em que sentido Cristo é chamado aí de único mediador para que possamos harmonizar as coisas e perceber a perfeita concatenação que há na Escritura Sagrada. De fato, se não isolarmos o texto do contexto, como fazem os inimigos da intercessão dos santos, tudo ficará claro, e aí perceberemos que na verdade a Escritura não diz que Cristo é o único mediador no sentido de único intercessor, mas sim no sentido de ÚNICO SALVADOR. É só irmos um versículo à frente, o versículo 6, e veremos o apóstolo dizer; “o qual se deu em resgate por todos.”

 

Assim sendo, ficam assim as palavras do apóstolo do versículo quinto ao sexto: “Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo homem. O qual se deu em resgate por todos. Tal é o fato atestado em seu tempo.” Ficou claro agora, caro leitor? Por que Cristo é o único mediador? Porque se deu em resgate por todos. Veja que o apóstolo não diz que Cristo é o único mediador porque é o único a interceder, mas sim porque Ele se deu na cruz por nós. Logo, único mediador significa único salvador, não único intercessor.

 

E ainda que significasse único intercessor significaria apenas a fonte de intercessão, aquele que é por natureza o único que pode pedir por nós. Os outros, são intercessores nele e a partir dele, que é a grande e única fonte de onde emana toda a intercessão. Tanto isso é verdade, que novamente o contexto vai lacrar o assunto com chave de ouro. Com efeito, no versículo 1 São Paulo insta-nos a intercedermos por todos. Não seria agora no versículo 5 que iria contradizer o primeiro versículo afirmando que Cristo é o único intercessor no sentido de que mais ninguém pode interceder. Isso seria um contra-senso jamais admitido num livro que simplesmente é palavra infalível de Deus.

 

É claro que os protestantes objetarão que é porque os santos já morreram. Mas um fato terão que encarar: é que o texto de 1Tm 2,5 JAMAIS disse que a única mediação de Cristo só serve para os vivos do além. Ao contrário, como já dissemos inicialmente, a única mediação do Senhor vale no céu, mas vale também aqui na terra. Portanto, se for verdade que a única mediação de Cristo invalida a intercessão dos santos na outra vida, então, invalida também qualquer intercessão aqui na terra. Se a interpretação protestante fosse verdadeira, a Bíblia e eles estariam se contradizendo, pois no versículo 1 do mesmo capítulo a orientação é que oremos por todos. E como é que agora, quatro versículos depois, estaria essa mesma Bíblia dizendo que Cristo é o único que pode interceder? Como se vê, ESSA INTERPRETAÇÃO PROTESTANTE É SIMPLESMENTE INCABÍVEL no texto em análise. Logo, não procede e o argumento protestante não consegue minar a grande verdade que é a intercessão dos santos.

 

4- Jesus disse que toda oração deve ser feita em nome dEle (Jo 16,23), não em nome dos santos.
R: Mas quem disse aos caros protestantes que os nossos pedidos são feitos em nome dos santos? Quem disse que ao pedirmos a intercessão aos santos estamos pedindo em nome deles? Onde está isso? Quando os protestantes pedem a alguém para interceder por ele, está por isso pedindo em nome daquela pessoa? Claro que não, pedir a intercessão de alguém JAMAIS foi pedir no nome dela. Pedir a intercessão dos santos é pedir a eles que roguem por nós em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. De fato, tanto isso é verdade que ao terminarmos as nossas preces sempre dizemos: “EM NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO.” Portanto, é em nome de Jesus que pedimos, ou seja, no nome do Deus que se constitui em três pessoas, entre elas JESUS, o Filho. Logo, estamos diante de mais um argumento simplesmente falho.

 

Sobre essa verdade bem a esclarece o CATECISMO DA IGREJA: "Pelo fato que os do céu estão mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a toda a Igreja na santidade... Não deixam de interceder por nós ante o Pai. APRESENTAM POR MEIO DO ÚNICO MEDIADOR ENTRE DEUS E OS HOMENS, Cristo Jesus, os méritos que adquiriram na terra... Sua solicitude fraterna ajuda, pois, muito a nossa debilidade." (CIC 956)- O grifo é nosso.

 

5- os santos não sabem de nada do que acontece na terra. (e alguns deles fundamentam essa assertiva apelando para textos como Sl 6,6; Ecle 9,5 e Is 38,18.19).
R: Os que citam esses textos variam o tipo de argumento. Para uns, tais textos provam que não há vida após a morte, logo não há intercessão; para outros, tais textos não negam a vida pós-morte, mas negam qualquer relação dos mortos com os vivos. Alegam, então, que se os mortos não louvam o Senhor (Is 38,18), certamente não intercedem. Com Ecl 9,5, eles vão ainda mais longe: dizem que o texto nega que os mortos saibam de algo aqui na terra, embora mantenham-se vivos lá no além (o texto diz: “os mortos não sabem mais nada”). Como se vê, este argumento, mesmo admitindo a vida pós-morte, pretende apenas negar que os mortos saibam de algo que acontece na terra depois da morte deles.Logo, não podem interceder.

Vejamos:
Todos nós sabemos que a noção de vida póstuma foi evoluindo no Judaísmo. Qualquer estudante da religião Judaica sabe muito bem disso. Os autores dos Salmos, do Eclesiastes e de Isaias escreveram esses livros num período em que a noção do que acontecia depois da morte ainda estava nesse processo de desenvolvimento. Logo, querer usar tais textos contra a intercessão dos santos é simplesmente retroceder no tempo e no conhecimento religioso do povo de Deus. Querer usar tais textos contra a intercessão é montar uma camisa de força contra a clara evidência de atividade consciente após a morte no NT, como já ficou demonstrada acima.

Sobre a questão da vida após a morte, e uma análise desses textos, leia estes artigos:
A ALMA É IMORTAL?
https://www.veritatis.com.br/article/6060/a-alma-e-imortal

DEZ PERGUNTAS SOBRE A IMORTALIDADE DA ALMA
https://www.veritatis.com.br/article/2740

 

Quanto à objeção que pretende negar não a vida pós-morte, mas sim a intercessão com base na afirmação de que se os mortos não louvam (Is 38,18) não intercedem e da outra “os mortos não sabem mais de nada” (Ecl 9,5), também não procede. De fato, se tais ideias fossem verdadeiras, então, até a ressurreição perderia a credibilidade, pois o mesmo Is 38,18 e Ecl 9,4.5 dizem que os mortos não esperam mais na bondade de Deus e que eles não têm mais esperança alguma. No Ecle 9,2 se diz que justos e injustos têm o mesmo destino e Ecl 9,10 diz que eles perdem até a inteligência. Ora, os defensores deste argumento não concordam com nada disso. O que deixa claro que eles não absolutizam as afirmações desses textos. Como, então, poderão usar tais passagens contra a intercessão dos santos?

 

Se tais afirmações forem verdadeiras, então Cristo errou mostrando em Lc 16,19-31 que Abraão e o rico sabem de fatos ocorridos mesmo após a morte deles, como também o autor do Apocalipse 6,9.10 errou ao mostrar que as almas dos mortos conhecem o que acontecia na terra mesmo depois de mortos, como já mostramos. Percebam a diferença de conceito sobre o que acontece depois da morte na época de Jesus e na época em que esses livros foram escritos. A verdade é que quando os Salmos e o livro de Isaias dizem que os mortos não louvam ao Senhor, estão apenas mostrando o conceito que tinham na época sobre o que ocorria pós-morte. Estão se limitando a descrever a vida do além segundo as ideias de seu tempo. Como na época desses livros ainda não se tinha um amplo conhecimento da vida póstuma, os seus autores falam da existência no CHEOL (palavra hebraica para a MANSÃO DOS MORTOS) como um lugar de inatividade, até mesmo de ausência de louvor a Deus (como mostra o Sl 6,6).

 

Mas, a partir do século II A.C., a noção do que ocorria no CHEOL já tinha se desenvolvido, e justamente daí para cá entenderam melhor o que há lá no além. Um livro que foi escrito nesse período é o da Sabedoria, o qual já nos mostra no capítulo 3,1 uma ideia diferente. Chegado o período de Jesus, já havia no Judaísmo toda uma noção clara do que havia ali. E é justamente essa noção que Jesus reforça na história do rico e de Lázaro, em que o rico está vivo, consciente e intercede por seus irmãos da terra no HADES (palavra grega correspondente ao CHEOL no hebraico). Diferente das afirmações dos Salmos e de Isaias, São Paulo mostra em Fl 2,10 e São João no Apocalipse 5,13 que até DEBAIXO DA TERRA (isto é, no CHEOL) Jesus é adorado. Diferente das afirmações dos Salmos, o texto do Apc 6,9-11, já analisado acima, mostra que os mortos reconhecem o Senhor (“Até quando, SENHOR”). E é claro que não estamos querendo dizer que a Escritura se contradiz. DE FORMA ALGUMA. Estamos querendo dizer a verdade: que o conhecimento acerca de certas realidades foi sendo paulatinamente desenvolvido no meio do povo de Deus.

 

Vários exemplos nós temos para mostrar. A circuncisão, por exemplo, foi abolida no NT sem implicar contradição entre o AT e o NT. Ocorreu apenas que o tempo da circuncisão JÁ PASSARA. O conceito de ESPÍRITO, da PALAVRA e da SABEDORIA, por exemplo, também foi desenvolvido. Os três elementos aí mencionados eram tratados no AT apenas como coisas, não como pessoas (Jz 13,25; 14,6; Is 11,1-2; Jl 3,1-3; Gn 1,3.6.9.11.14; Sl 9,1; Is 55,10; Jó 28,1-28; Prov 8,22-31; Sb 7,22-26). As personificações ocorridas no AT dessas três realidades não ultrapassam os termos de uma figura poética. Porém, chegando o período do NT, tais ideias já tinham sido plenamente desenvolvidas e os cristãos perceberam, GUIADOS PELO ESPÍRITO SANTO, que os três são pessoas. O RUACH (espírito) de Deus é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo (Jo 14,25; 16,7.13). A Palavra (DABAR) e a Sabedoria é o próprio JESUS CRISTO (Jo 1,1; 1Cor 1,24; Col 1,15; Hb1,3). Será que poderíamos usar os textos que falam da Sabedoria e da Palavra no AT para negar a personalidade de Jesus no NT? Portanto, tais textos do AT não negam a intercessão, uma vez que eles refletem apenas a ideia de um tempo de obscurantismo judaico sobre o que acontece no além.

Sobre CHEOL, dê uma lida neste tópico:
https://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=32979654&tid=5425947389321032537&na=4

Para citar tais passagens contra a intercessão, os protestantes deveriam também descrer da ressurreição e achar que justos e injustos têm destinos iguais. Mas isso eles jamais acreditarão, logo, esse argumento é outro que não procede.

 

6- Não podemos dirigir nossa orações aos santos porque isso caracteriza evocação dos mortos, que é condenada na Bíblia (Lv 20, 6 – 27; Dt 18, 9-14).
R: Vê-se claramente nestes textos que Deus condena a evocação dos mortos. Todavia, existe uma enorme diferença entre evocar os mortos e dirigir nossos pedidos de oração aos santos. A evocação dos mortos caracteriza-se pelo pedido de que o espírito do morto se apresente e se comunique com os vivos como se ainda estivesse aqui conosco. Deus condena esse costume porque em vez de se confiar na Providência Divina quanto ao futuro e às coisas de que se precisa, confia-se nas orientações dos espíritos.

Na intercessão dos santos, não estamos pedindo que o santo se apresente para CONVERSARMOS COM ELE e obtermos alguma informação, mas sim, dirigimos a eles nossos pedidos de oração, como se estivéssemos enviando uma carta solicitando algo (o que é bem diferente de evocar mortos). Na intercessão dos santos continuamos confiando na Providência Divina, pois os santos são apenas intermediários. Quem realmente atende os nossos pedidos é Deus. Assim, tais proibições divinas não se aplicam de forma alguma à doutrina da intercessão dos santos.

 

7- os santos não são oniscientes. Logo, não podem atender aos pedidos que lhes são feitos.
R: Esse item é ponto pacífico entre nós e eles, pois, de fato, a onisciência é atributo divino, portanto, só Deus é onisciente, só Deus sabe tudo e sonda os nossos corações. MAS NÃO É ISSO QUE INVALIDA A INTERCESSÃO PÓS-MORTE, pois como vimos, a Bíblia registra a intercessão depois da morte. É claro que os santos sabem do que ocorre aqui na terra não diretamente, mas através do próprio Deus, que é onisciente. E isso é o suficiente para desmantelar de vez esse falso castelo montado na areia protestante.

 

8- Os mortos estão no tempo Chronos. Só Deus trabalha no tempo Kairos. Kairos é o “tempo de Deus”, enquanto o Chronos é o “tempo dos homens”. Só Deus trabalha no Kairos porque só Ele tem o atributo da Onisciência, um atributo que pertence unicamente aquele que não tem início e nem fim, àquele que existe de eternidade em eternidade. Mesmo no Paraíso, os mortos (incluindo os tais “santos”) continuam “presos” no tempo Chronos. Isto significa que eles não têm tempo para ficar rezando por todo mundo que pede a intercessão deles. Não é coincidência que, no Céu, a Bíblia relata apenas dois intercessores nossos (Jesus e o Espírito Santo), e ambos trabalham no tempo Kairos.
R: Na realidade, essa objeção é uma mera continuação da objeção anterior, já refutada. Como já vimos, não é a falta de onisciência dos santos que impedirá a intercessão deles. Na história do rico e de Lázaro (Lc 16, 19-31), Cristo nos mostra Abraão e o rico informados sobre os fatos ocorridos na terra; no Apocalipse 6,9-11 São João nos mostra os salvos recebendo informação sobre o que se passa na terra; o próprio Jesus mostra em Lucas 15,10 os anjos conhecendo o que se passa no íntimo das pessoas (mesmo sem serem oniscientes, mas certamente por informação advinda do próprio Deus) e a carta aos Hebreus 12,1.2 também registra que somos rodeados por uma nuvem de testemunhas.

 

Segundo o próprio argumento aí acima, os anjos não estão no tempo de Deus, pois no tempo de Deus só Deus está, no entanto, observemos que isso não impede que eles sejam informados do que se passa aqui na terra. Notemos que o arrependimento é um ato do coração, é, pois, um ato individual e íntimo, mas mesmo assim os anjos são informados sobre ele. Apesar de não estarem no tempo de Deus, os anjos intercedem pelos homens, como está claríssimo em Jó 33,23-26 e em Zacarias 1,12.

 

Logo, as afirmações desse argumento são totalmente falhas. Só no tempo de Deus realmente se tem a onisciência, portanto, é verdade que só Ele possui tal atributo. Mas, dizer que somente no tempo de Deus é que se conhece o que se passa aqui na terra e pode interceder é pura fantasia protestante. ISSO NENHUM PROTESTANTE PODE PROVAR BIBLICAMENTE. Outra inverdade afirmada nesse argumento é o de dizer que a Bíblia só registra intercessão de Cristo e do Espírito Santo. Não foi isso que vimos. Ao contrário, provamos que os anjos e santos o fazem.

 

9- A intercessão de Cristo não se trata de uma oração que ele faz, mas da abertura do livre acesso ao Pai, realizada por ele na cruz (ver 1Tm 2,5). Mt 27,51 esclarece-nos isso: o véu rasgado e mencionado aí em Mateus, separava o Lugar Santo do Santo dos santos, no templo de Jerusalém. Mas com a morte de Cristo na cruz, o véu foi rasgado ao meio, significando que um novo e vivo caminho para a presença de Deus estava aberto. Nada mais nos impede de chegarmos ao Pai! Temos livre acesso a Ele mediante a morte redentora de Cristo!!! Não precisamos passar por santo nenhum para isso! O véu que separava já não separa mais!!! (ver também Hb 10,19-20). Em Jo 16,26.27, Cristo diz uma coisa curiosa: “Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai. Porque o mesmo Pai vos ama... ” Ora, se nem o próprio Cristo ora por nós, como é que os santos mortos podem fazer isso? Isso significa dizer que agora, depois da morte de Cristo, ele nos permite o livre acesso ao Pai. Portanto, para chegar a Deus ninguém precisa pedir algo aos santos.
Enfim, fica provado que:
a) Cristo não ora por nós;
b) O sentido da intercessão de Cristo é a OBRA de mediação (ou abertura do livre acesso) que ele fez beneficiando a humanidade;
c) Cristo é o ÚNICO que pode fazer isso;
d) Cristo é o nosso ÚNICO e SUFICIENTE intercessor;
e) Logo, santo nenhum pode interceder por nós.
R: Essa objeção, na realidade, é a 3ª, aquela que nega a intercessão a partir da mediação de Cristo. Só que como ela vem com uma roupagem diferente, e alguns poucos acréscimos, parece ser outra, e, exatamente por isso achamos por bem analisá-la agora. As afirmações aí presentes, não só não estão na Sagrada Escritura como a contradizem. A primeira afirmação que a objeção aí faz é dizer que Cristo não ora por nós. A seguir, o seu autor pretende fundamentar essa assertiva com base em Jo 16,26.

 

Segundo essa argumentação, as palavras de Cristo dão margens para que entendamos que ele na cruz abriu o acesso a Deus e depois saiu de cena, deixando-nos livres a chegarmos ao Pai. E daí, conclui a objeção que se Cristo não está mais intermediando esse nosso acesso ao Pai, muito menos estarão os santos. Como em Jo 16,26 Cristo diz que essa intermediação que ele deixou de fazer é orar por nós, logo os santos não podem orar por nós (é a CLARA conclusão do próprio argumentador).
Na realidade temos aqui um mero jogo de palavras:
1) Cristo nos salvou e saiu de cena;
2) Agora, pela morte de Cristo temos acesso ao Pai DIRETAMENTE, sem necessitarmos de intermediários. Até o próprio Cristo está fora de cena, pois ele não ora mais por nós.
3) Logo, os santos não intercedem.

Acredito que o leitor aqui já tenha percebido o despautério evidente em todo esse falso castelo.
Vejamos juntos:
1- Cristo nos salvou. Aqui está tudo certo. Mas supor que ele saiu de cena não procede. Cristo jamais saiu de cena da história da salvação. Nós somos cristãos exatamente porque somos seguidores dele. Não somos as Testemunhas de Jeová que escanteiam a Cristo, pretendendo relacionar-se diretamente com o Pai. Não. Até o próprio Cristo nos disse que NINGUÉM VEM AO PAI, SENÃO POR ELE (Jo 14,6). Se a própria única regra de fé dos protestantes não diz isso, quem são eles para fazerem oposição a essa verdade?
2- É claro que ao nos salvar na cruz do calvário, Cristo abriu-nos as portas do céu e nos deixou livres para chegar até Deus. Mas jamais nós nos relacionaremos com o Pai, senão por intermédio de Cristo. E essa mediação de Cristo é justamente a possibilidade de chegarmos de fato ao Pai do céu. Portanto, insinuar que Cristo está fora de cena é mesmo improcedente. Outra afirmação falsa aqui é que a intercessão de Cristo é no sentido de abertura da salvação. A abertura de salvação operada por Cristo se dar pela sua mediação, não pela sua intercessão. Quando a Escritura diz que Cristo intercede por nós (Rm 8,34; Hb 7,25; 1Jo 2,1), ela está falando mesmo é de petição, não de salvação. Além disso, é inverdade dizer que Cristo não ora mais por nós. Não é isso o que o texto afirma.
3- A última suposição aí é que piora a sustentabilidade do argumento, pois, concluir por isso que os santos não intercedem é o mesmo que concluir que nós também não podemos orar por nossos irmãos e que não podemos pedir a esses nossos irmãos que peçam por nós. De fato, se esse livre acesso ao Pai impede a intercessão dos santos, a conclusão lógica é que ninguém pode pedir a intercessão de quem quer que seja, uma vez que o próprio Cristo, segundo a objeção, está ausente. Nesse caso, até o Espírito Santo não podia interceder (embora a Bíblia o afirme explicitamente em Romanos 8,26). Percebeu o leitor a que ridícula conclusão leva-nos este argumento? Percebeu ainda o leitor que esse argumento esbarra exatamente na resposta à terceira objeção: se a mediação única de Cristo invalida a intercessão dos santos, por que não invalidaria a intercessão dos vivos aqui da terra? Será a mesma coisa: se a ausência de Cristo no nosso relacionamento com o Pai celestial invalida a intercessão dos santos no céu, por que cargas dágua não invalidaria também a intercessão aqui na terra?

 

E note que mesmo depois das palavras de Cristo em Jo 16,26, e mesmo depois da morte, ressurreição e ascensão dele aos céus, os apóstolos continuaram pedindo a Deus e realizando milagres em nome de Cristo (At 3,6, por exemplo) como também continuaram pedindo a intercessão dos irmãos (Col 4,3; 2Ts 3,1). E o pior: os próprios protestantes, autores desse argumento, ainda hoje oram uns pelos outros e pedem reciprocamente a intercessão dos irmãos. No entanto, não percebem que tal atitude se conflita com o argumento que erguem. E tudo isso prova que é pelo nome de Cristo que chegamos a Deus e também prova que Cristo não afirma nesse texto joanino que sairia de cena.

Mas o que de fato quis Cristo dizer em Jo 16,26.27?

Deixemos os próprios protestantes falarem por nós. Veja o que diz a versão da Bíblia protestante de estudo de Genebra produzida pela SBB (Sociedade Bíblica do Brasil), comentando essa afirmação do Senhor no seu rodapé: ”E não vos digo que rogarei ao Pai por vós. Jesus não está dizendo que cessará de orar por eles (Rm 8,34;Hb 7,25; 1Jo 2,1). Ele está dizendo que os discípulos terão alcançados uma certa maturidade na oração, de modo que ele não necessitará de orar em lugar deles.”

Logo, adeus pretensão protestante.
 

Professor Evaldo Gomes

 

https://www.programafalandodefe.com.br/2010/e-as-objecoes-contra-a-intercessao-dos-santos

 

 

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INTERCESSÃO DOS SAntos
Wagner Herbet Alves Costa (1968-2006)

Venho tratar da questão dos pedidos de intercessão que fazemos aos seres celestiais.

a) Seguramente, Deus atende pedidos que lhe são dirigidos indiretamente, e não somente os encaminhados diretamente. E não dá para negar que os próprios protestantes crêem igualmente dessa maneira! Pois se não fosse assim, que sentido teria as petições que os “evangélicos” fazem a Deus por meio dos seus pastores (ou de algum parente)?... A diferença é que, muitos deles, só aceitam os pedidos feitos, indiretamente, por meio de homens que estejam na carne. De todo jeito, eles aceitam que criaturas humanas sejam intermediárias: e isso não dá, até para os mais recalcitrantes dos sectários, negarem. Confirmando, assim, que o Todo-poderoso admite intercessores criaturiais.
[É verdade, também, que eu poderia suscitar, “ironicamente”, uma série de questionamentos (semelhantes àqueles que desafetos do Catolicismo fazem com relação aos santos celestiais): Se Deus já sabe o pedido, para que recorrer ao pastor? Por que não pedir diretamente ao Altíssimo? Será que o pastor vai lembrar alguma coisa a Deus? Por que Deus não atenderia o pedido do protestante feito diretamente a Ele, ao invés de o referido protestante suplicar a um pastor (que poderá ser tão ou até mais pecador do que ele próprio)?... Aliás, iria até mais longe dizendo: Para que pedir a Deus, mesmo que diretamente, já que este sabe dos nossos pedidos antes de nós os pedirmos? (Ele sabe tudo, é onisciente!)]
O fato, porém, é que, nada, em linhas gerais, impede que o Altíssimo atenda aos pedidos que fazemos por meio de nossos irmãos; compreendendo-se, aqui (nesse termo “irmãos”), a totalidade dos que foram renascidos em Cristo Jesus, e que constituem o seu Corpo Místico. Ou seja, Deus é capaz de responder tanto aos rogos intermediados pelos que estão ainda no presente mundo quanto aos que são feitos pelos que já partiram deste orbe. Não por menos, nós católicos temos a consciência de que dispomos de intercessores em um número superior ao que podemos vislumbrar aqui na Terra.

b) A intercessão pelos outros sempre foi tida como um lugar próprio para expressão do amor fraternal. E nisto se inclui a intercessão daqueles que, já estando na Mansão Celestial, não cessam de pedir pelos que estão no mundo. Já no século 3o, Orígenes, no seu Tratado Sobre a Oração, dizia: “As virtudes cultivadas nesta vida são definitivamente aperfeiçoadas no além. Ora, a mais valiosa de todas é a caridade; esta, portanto, na outra vida é ainda mais ardente do que na vida presente. Por conseguinte, os santos falecidos exercem seu amor sobre os irmãos na terra, mediante a intercessão dirigida a Deus em favor das necessidades destes peregrinos”[CUNHA, E., Imagens e Santos: um esclarecimento para o povo, 1a edição, AM Edições, SP, 1993, p. 56].

Santo Inácio de Antioquia, pelo ano 110 d.C., ao escrever aos tralianos (n. 13,3), deixa claro que, mesmo depois de adentrar na benção eterna, não deixará de compadecer-se dos seus que permanecem na labuta da temporalidade: “Meu espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também quando eu chegar a Deus” [PATRÍSTICA – PADRES APOSTÓLICOS, Clemente de Roma, Inácio, Policarpo de Esmirna, O pastor de Hermas, Carta de Barnabé, Papias, Didaqué, 2a edição, Editora Paulus, SP, 1995, p. 101]

As catacumbas, que foi um dos berços do Cristianismo incipiente, fragorosamente, testemunham essa realidade intercessorial crida e professada pelos primeiros cristãos. Como, no Cemitério de Godiano, em que pode ser visto o seguinte pedido de intercessão: “Sabácio, doce alma, pede e roga pelos irmãos e companheiros teus” [NAVARRO, Lúcio, Legítima Interpretação da Bíblia, 2a edição, Campanha de Instrução Religiosa Brasil –Portugal-Brasil, Recife, 1957, p. 542].

b) ENTRETANTO, quando eu peço a minha genitora (que está neste mundo): ‘Mãe, rogue por mim!’, por ventura, eu estou pedindo a Deus em nome dela? Claro que não!... Se fosse, então, também quando algum protestante pede ao pastor para orar por si, igualmente estaria pedindo em nome do pastor; e, de fato, não está. Pois, solicitar que alguém peça por outrem não é, necessariamente, a mesma coisa de se está pedindo em nome desse alguém.

Não obstante, possa eu pedir a Cristo e, ainda, pedir em nome de Cristo; também posso pedir a uma criatura, no nome do Senhor, para que a mesma seja minha intercessora.

Daí, nada obstaculizaria eu pedir a um padre: ‘Padre, em nome de Cristo Jesus, rogue por mim a Deus!’. Ao ser colocado a expressão ‘em nome de Jesus’, o sacerdote, mais ainda, ver-se-ia obrigado a interceder por mim... Semelhantemente, poderei pedir a Santa Isabel: ‘Santa Isabel, em nome de Jesus Cristo, ore por mim ao Altíssimo!’. O nome do Senhor, em ambos os casos, serve como uma forma de mais pungentemente incitar aos que solicitamos à intercessão para que eles intercedam.

Contudo, diga-se de passagem, o comum entre os católicos é orarem da seguinte maneira: ‘São Judas Tadeu, rogue por nós; em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’. Ou seja, o comuníssimo é pedir a intercessão em nome da Trindade Santa, e não em nome de qualquer outro.

c) No entanto, para efeito especulativo (hipotético), eu questiono: e se estivesse pedindo em nome de um santo, e daí?... Mostre-me, de modo insofismável, que não se pode pedir em nome de outrem: seja Santa Maria, São Paulo, ou um Santo Anjo (como Gabriel), etc.

Sim! Se alguém dirigisse assim a sua oração: ‘Em nome de Maria Santíssima (ou São Miguel Arcanjo) peço-te isso meu Senhor e meu Deus!’; ou seja, claramente, mencionando que é em nome de um santo que se faz o pedido, estaria errado? [Ou mesmo, permitam-me o exagero, em nome do papa, ou em nome da minha irmã, dentre tantos outros que estão no mundo... ainda que estes não possam ser comparados aos santificados do céu.]

Citem-me em que parte da Bíblia é dito que NÃO se pode pedir em nome de outra pessoa (pelo menos as que são santas, isto é, as que estão no céu ou paraíso); mas tão-somente em nome de Jesus. Quero ver as passagens: capítulos e versículos! [E não adianta cobrar o contrário, porque senão comprava-se que a Escritura nem diz sim nem diz não. E aquilo que ela não nega, nem afirma, se tem (ao menos em possibilidade) a liberdade de opção.É obvio que se na Sagrada Escritura estivesse escrito: ‘Não se pode pedir em nome de ninguém, exceto no nome do Senhor’; aí, sim, indiscutivelmente, não se poderia pedir em nome de qualquer outro que fosse. Todavia, a Bíblia diz: ‘Peçam em meu nome’. E nós católicos, com certeza (absoluta), pedimos em nome do Senhor Jesus. Agora, mostrem-me, onde está escrito: ‘Peçam SÓ em meu nome’?

Ora, quando um pai diz para o seu filho: ‘Filho, leia a Bíblia’; não tem o exato sentido de dizer: ‘Filho leia SOMENTE a Bíblia’. Porquanto, obviamente, na última sentença é mostrada a exclusão da leitura de qualquer outro livro. Ou ainda: ‘Hoje, à tarde, faça a lição escolar’, distinto de se dizer: ‘Hoje, à tarde, faça SÓ a lição escolar’. Ora, na primeira, o pai não proibiu o filho de fazer compras (e coisas similares) ou mesmo de realizar qualquer outra tarefa doméstica que comumente ele tivesse a obrigação de fazer (como colocar o lixo para fora, ou aparar a grama, etc); já na segunda, sim.

d) Os santos do céu são pessoas mortas?!... Com certeza, nesse grupo de pessoas “mortas”, não podem estar incluídas as pessoas angelicais, isto é, os santos anjos (aos quais também solicitamos que roguem por nós). Logo, já no que concerne a acusação de que recorrer a Intercessão dos Santos seria pedir a mortos, no caso dos anjos, de cara, não teria qualquer cabimento.

E Santo Elias ou Santo Henoc? Podem ser tidos como mortos?... Leiamos a Escritura: “Henoc andou com Deus... Deus o arrebatou” (Gn 5,24), “Henoc foi levado, a fim de escapar da morte” (Hb 11,5). “Elias subiu ao céu no turbilhão” (2 Rs 11). [Também o deuterocanônico livro dos Eclesiásticos declara: “Henoc agradou a Deus e foi arrebatado”(Eclo 44,16), “o profeta Elias... foste arrebatado” (Eclo 48,1.9).]

É interessante, ainda, colocar que: já, na Igreja “primitiva”, alguns acreditavam que certos ressuscitados participavam da glória celeste corporificados (inclusive o próprio São João Apóstolo) é o que nos informaria São Jerônimo (348 - 420 d.C.), segundo o que escreveu o sr Marcos Moreira L. Pimenta: “Se alguns dizem que quem ressuscitou na mesma época que Cristo conheceu a Ressurreição perpétua, e se alguns que dizem que João teve sua carne glorificada e desfruta da alegria celeste ao lado de Cristo, por que não acreditar com mais forte razão que o mesmo aconteceu com a mãe do Salvador? Aquele que disse; “Honre seu pai e sua mãe” (Êxodo 20,12) e “Não vim destruir a lei, mas cumpri-la” (Mateus 5,17), certamente honrou Sua mãe acima de todas as coisas” [https://www.veritatis.com.br/artigo .asp?pubid=3153].

No caso de São João, tal entendimento, provavelmente, adviria de uma releitura (ainda que pareça estranha a nossa compreensão) da seguinte passagem bíblica: “Jesus lhe disse: “Se quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?... Divulgou-se, então, entre os irmãos, a noticia de que aquele discípulo não morreria. Jesus, porém, não disse que ele não morreria, mas: “Se quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?” ” (Jo 21,21-23). [Até por que São João poderia morrer e, logo a seguir, ser ressuscitado e, uma vez ressuscitado, ele poderia permanecer imorredouro, séculos afora, até Jesus voltar, ou não poderia (ao menos no campo das hipóteses)? Será que foi algo assim que aqueles dos primeiros séculos pensaram? Não sei!... O certo é que eles especularam alguma solução possível.]

Quanto, aos muitos que ressuscitaram pela época de Cristo, tratar-se-ia dos que voltaram à vida corpórea por ocasião da Paixão de Cristo, e que São Mateus relatou no seu evangelho: “Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos dos santos falecidos ressuscitaram. E, saindo dos túmulos após a ressurreição de Jesus, entraram na Cidade Santa e foram vistos por muitos ” (Mt 26,52).

Ora, o texto diz que “muitos” (o que, certamente, não são apenas 3 ou 4 mortos) entraram na Cidade Santa. E como é que tantos ressuscitam e adentram em Jerusalém, e a população, em peso, não se converte? A não ser que... a cidade santa em questão não fosse a Jerusalém terrestre, mas a celeste; porquanto, também a cidade do Deus vivo, a “Jerusalém celestial” (Hb 12,22), é denominada, escrituristicamente, de cidade santa: “Vi também descer do céu, de junto de Deus, a Cidade santa, uma Jerusalém nova” (Ap 21,2), “mostrou-me a Cidade santa, a Jerusalém, que descia do céu” (Ap 21,10)... [Será que é a esta Cidade do Alto que São Mateus está se referindo???]

Desculpem-me! Sei que pode parecer muito estranho apresentar reflexões como essas, mas, como foi dito, elas já existiam antes de qualquer um de nós ter nascido. Inclusive, prestem atenção à nota, de pé de página, de ‘A Bíblia de Jerusalém’: “Essa ressurreição dos justos do AT é um sinal da era escatológica (Is 26,19; Ez 37; Dn 12,2). Libertados do Hades pela morte de Cristo (cf. Mt 16,18+), esperam a sua ressurreição para entrar com ele na Cidade Santa, isto é, na Jerusalém celestial (Ap 21,2.10; 22,19), como já o entenderam os antigos Padres da Igreja. Temos aqui uma das primeiras expressões da fé na libertação dos mortos pela descida de Cristo à mansão dos mortos (cf. 1 Pd 3,19+)” [A BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996, p. 1894, nota ‘x’].

Entrementes, a tudo que foi escrito (e que se poderia escrever) a esse respeito, eu creio e confesso aquilo que a Igreja afirma e ensina!...

e) Para o cristão: a morte não é um ponto final, mas continuativo. Continuada na companhia de Deus, nosso Senhor, e dos irmãos que o precederam na Morada Celestial, bem como da dos santos anjos. Desfrutando do convívio com todos estes que, pela comunhão dos santos, desde já, nós estamos misticamente unidos: “Vós vos aproximastes do monte Sião e da Cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e de milhões de anjos reunidos em festa, e da assembléia dos primogênitos cujos nomes estão inscritos nos céus, e de Deus, o Juiz de todos, e dos espíritos dos justos que chegaram à perfeição” (Hb 12,22-23).

Não à toa, a morte não assombra o homem ‘regenerado’ (cf. 1 Ped 1,23), o qual vislumbra a realidade paradisíaca para além do tétrico véu tanatóide; pois é uma nova criatura, transfigurada segundo à imagem do Cristo de Deus. Daí, São Paulo ter escrito, ousado e confiantemente: “Morrer é lucro... o meu desejo é partir e ir estar com Cristo” (Fl 1,21.23), “Sim, estamos cheios de confiança, e preferimos deixar a mansão desse corpo para ir morar junto do Senhor” (2 Cor 5,8).

Jesus mesmo garantiu: “As minhas ovelhas escutam minha voz... elas jamais perecerão” (Jo 10, 27-28), e ainda: “Em verdade, em verdade, vos digo: se alguém guardar minha palavra, jamais verá a morte” (Jo 8,51). São João também testificou: “O que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1 Jo 2,19). Obviamente, ante tais passagens, pensa-se logo no sentido espiritual; isto é, que o fiel permanece vivo espiritualmente, ainda que seu corpo feneça. Mas será que, nalguns casos (ou pelo menos em um caso, o de Maria), o significado não seria também literal ? [Que ela, além de não ter morrido espiritualmente, também não teria falecido fisicamente(?!)]

O certo é que: ainda que muitos santos estejam mortos fisicamente; todos eles, entretanto, estão vivos espiritualmente; conforme ensina-nos a Palavra do Senhor. Aliás, para Deus – e, conseqüentemente, também para os seus fiéis seguidores – vale muito mais um santo morto (fisicamente) do que um zilhão de hereges que só estão vivos corporalmente (pois, espiritualmente, estes jazem no mais tenebroso sepulcro de suas heresias).


Tanto Deus ama aqueles que são os seus eleitos, que, mesmo depois deles terem falecido (na dimensão corporal), o Altíssimo continua a agir em consideração, não somente a Si próprio, mas também em atenção a eles. Com efeito, está escrito: “Protegerei esta cidade e a salvarei em atenção a mim mesmo e a meu servo Davi” (2 Rs 20,34). [Davi que já estava morto (corporalmente) há décadas!] E, igualmente, ele promete abençoar a Isaac em vista do ‘falecido’ Abraão: “Eu sou o Deus de Abraão... Eu te abençoarei, multiplicarei tua posteridade em consideração a meu servo Abraão” (Gn 26,24). [Observe que Deus não diz em ‘consideração aquele que foi um dia meu servo’; de fato, neste passo, a impressão é que Deus trata o referido patriarca como um servo atual, e não do passado.]

E assim como uma nuvem acompanhava o povo de Deus na peregrinação pelo deserto, de modo similar, há também uma “nuvem de testemunhas ao nosso redor” (Hb 12,1); as quais não cessam de vibrar e exultar de alegria com nossa vitória sobre mal. Com efeito: “Haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento” (Lc 15,7).

f) Podemos até declarar que ‘muito provavelmente’ Maria morreu; ou que, em uma primeira análise, essa é a mais pertinente proposição. Entretanto, provar (e biblicamente) que ela jazeu, aí, é outra coisa.

Julgo propício apresentar algo que me questionaram em palestras, bem como a resposta que eu dei. Inquiriram-me: ‘Minha amiga é protestante, e a mesma disse-me que Maria é uma mulher qualquer e que ela morreu como qualquer outra. Como responder a ela?’... ao que eu respondi: Se Maria é uma mulher qualquer, então me mostre qualquer outra mulher que tenha sido engravidada pelo Espírito Santo! E mais: tenha dado à luz o Filho de Deus!... Maria é tão singular que é a única pessoa humana, em toda Escritura Sagrada, que é saudada por um anjo (como ela o foi): “Ave, cheia de graça”. Não por menos, o Apóstolo São João a “pintou” (isto é, descreveu-a) de modo tão glorioso: “Um Mulher vestida de sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça um coroa de doze estrelas” (Ap 12,10). [Que mulher foi descrita com tal galarim, senão a Mãe do nosso Senhor e Salvador? A “bendita entre as mulheres” (Lc 1,42), a qual já era assegurada – enquanto vivia neste mundo – que gerações a proclamariam “bem-aventurada” (Lc 1,48).]

Como duvidar que alguém tão singular não poderia ter deixado este mundo de modo também cercado de singularidade?... Ora, se Henoc e Elias foram arrebatados sem terem que experimentar a morte (cf. Hb 11,5; 2 Rs 2,11) quem achará impossível que a Mãe do Divino Redentor tenha, pela graça divina (ela que é a ‘cheia de graça’), podido partir da temporalidade por um meio igualmente singular?... E questione ainda a sua amiga – já que ela é “evangélica” – e que, portanto, diz acreditar só no que estiver na Bíblia: onde está, na Escritura, descrita a morte de Nossa Senhora? (O capítulo e o versículo que narram tal acontecimento.)... De fato, o texto sagrado não explicita nem que sim nem que não; logo, ao menos, em possibilidade (ainda que fosse a menor) é passível de ter ocorrido o “arrebatamento” da Virgem de Nazaré (sem, por conseguinte, ela passar pela morte)... E não só é possível como, conforme as razões que já apresentei, é razoável que isso tenha ocorrido.

E se Maria tivesse morrido? E daí! Em nada obsta o dogma de sua gloriosa assunção. Jesus poderia tê-la, primeiramente, ressuscitado e a seguir a levado para o céu... Qual filho, sendo todo-poderoso (como é Jesus), caso sua querida mãezinha tivesse falecido, não arrombaria as portas do Xeol (e/ou sepultura) e a tomaria para viver, em corpo e alma, consigo? [Ainda mais se tratando de uma mãe: tão santa, tão pura e cheia da graça e do favor divino, como Maria.]

Diz a Escritura: “Henoc andou com Deus, depois desapareceu, por que Deus o arrebatou” (Gen 5,24). E Maria, que não só andou com Deus no coração; mas, literalmente, meses seguidos em seu ventre, que o amamentou, que o educou... não lhe caberia um destino parecido? Que dificuldade há em se crer nisso?

g) Muitos santos (mas não todos) foram terrivelmente pecadores. [Os quais, pelo menos, na hora da morte, arrependeram-se de seus pecados.] FORAM, mas, com certeza, não são mais! Dada vênia, se continuassem sendo, não estariam vivendo no paraíso com o Senhor... Importa-nos, antes, os santos em que, pela graça divina, se tornaram do que os pecadores que haviam sido. E que eles estão numa condição superior de santidade a qualquer um aqui na terra, isso eles estão. (Ainda mais comparado a um desses que vomitam heresias protestantes para todo lado!) E se não tivéssemos nada – nenhum exemplo positivo sequer da parte deles, por menor que fosse – para reverenciá-los; ainda, assim, não deixaríamos de venerar-lhes aquilo que são: isto é, seres santificados de Deus, filhos do Altíssimo e que o Senhor não se envergonha de chamá-los de irmãos: “Pois tanto o Santificador quanto os santificados, todos, descendem de um só; razão por que não se envergonha de os chamar irmãos” (Hb 2,11)! Só o que eles são, já é suficiente para venerá-los; mesmo que nada (absolutamente nada) tivéssemos que lhes honrar pelo que eles fizeram anteriormente.

h) Fico a pensar se não seria possível a existência de intercessão ‘ad infinitum’! Explico: um tipo de oração que fazemos agora, enquanto estamos vivos neste mundo (e cheios de confiança), a qual surtiria efeito pelas gerações afora... Por exemplo, imagine que eu antes de morrer faça o seguinte pedido: ‘Senhor, peço-te, caso venha estar contigo após a minha morte, por todos aqueles que, no futuro, solicitarem o auxílio de meus rogos junto a Sua Santa Majestade. Atendei-os, ó Altíssimo, em tal ocasião, como se fosse eu mesmo que estivesse pedindo-te’... Assim, mil anos depois de estar morto, se um devoto meu rogasse a minha intercessão, Deus se lembraria da oração que fiz mil anos antes, com fé, e quando ainda vivia nesta terra... [Sinceramente, não vejo, ou não consigo ver, nenhuma maior impossibilidade que impedisse que tal prece minha tivesse eficiência; haja vista, segundo as palavras de Nosso Senhor: “Tudo é possível para aquele que crê” (Mc 9,3). Ademais, o próprio Cristo fez uma intercessão que visava, igualmente, aos que viriam nos tempos sucessórios: “Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim” (Jo 17,20). Eis, portanto, que até os que se tornaram cristãos, dois mil anos depois do nascimento de Cristo, são beneficiados pela prece que o Senhor fez milênios atrás.]...

Obviamente, nesse caso (que anteriormente exemplifiquei), no céu, eu nem precisaria ouvir os pedidos feitos pelos meus devotos. Assim é, que, também nesse item, acabei apresentando mais uma hipótese a respeito da qual, especulativamente, os santos sequer precisariam ter ciência de nossos pedidos de intercessões (ou mesmo estarem conscientes no além). E mesmo sem ter tal ciência (ou consciência), os pedidos que lhes dirigimos seriam atendidos! Continuariam eficientes! [Embora, é verdade, de modo mui inusitado; mas, no entanto, eficaz.]

Semelhante forma de pedido se encontra relatada na Legenda Dourada (um famoso escrito da Idade Média). E, aqui, justamente citarei a narrativa concernente à Santa Catarina de Alexandria que, por causa de Cristo, recusou até mesmo o trono imperial. Ela que, no instante final do seu suplício, teria feito a seguinte oração: “Esperança e salvação dos crentes, honra e glória das virgens, Jesus, meu bom mestre, ouve minha prece! Faze com que todo aquele que me invocar na hora da morte ou do perigo, seja convertido, em lembrança de minha paixão!” [BERÉNCE, Fred, Lucrecia Bórgia (Coleção‘VIDAS EXTRAORDINÁRIAS’ , 3a edição, Casa Editora Vecchi Ltda, RJ, 19 , p. 102].

Em memória do seu martírio, ela pediu ao Senhor que: depois que tivesse deixado a terra, pelas gerações que se seguiriam, os que a invocassem fossem abençoados. Quantos, pergunto eu, não foram os cristãos que, se não sofreram a paixão no corpo, sentiram-na ao menos n’alma (como a própria Mãe de Deus, cuja espada de dor atravessou seu coração, cf. Lc 2,35) e que fizeram uma similar prece que fez Santa Catarina?

Aliás, é curioso notar que, em literatura apócrifa, existe algo parecido com relação à Virgem Santíssima: “Conta que João em seu Tratado, publicado no livro Apócrifos I e II – Os proscritos da Bíblia (editora Mercuryo): Uma multidão de homens e mulheres e virgens reuniram-se gritando: “Virgem, Mãe de Cristo, nosso Deus, não te esqueças da raça humana”. E assim como num domingo teve lugar a anunciação do Arcanjo Gabriel, também num domingo, Cristo, pleno de majestade, viria buscar Maria. Momentos antes de sua passagem, os apóstolos chegaram junto a seus pés, venerando-a, disseram-lhe: “Deixa, ó Mãe do Senhor, uma bênção ao mundo, posto que vais abandoná-lo”. E a Virgem num pedido final, rogou que o Senhor tivesse compaixão do mundo e de todas almas que invocasse o seu nome. “Alegra-te e regozija-te, pois toda alma que invocar o teu nome, ver-se-á livre da confusão e encontrará misericórdia, consolo, ajuda e amparo neste século e no futuro, diante de meu Pai celestial”, prometeu-lhe o Filho...” [Revista ANO ZERO, Ano II, no. 24, Abril de 1993, Editora Ano Zero Ltda, RJ, p. 60].

E ainda que a partida da Virgem Santa não tivesse tido resplendor com que o texto a seguir descreve-a, por que duvidar que essa serva de Deus, e irmã de todos os cristãos, houvesse feito um semelhante e derradeiro pedido? O qual demonstraria o seu grandioso zelo e amor pela Igreja que haveria de atravessar os séculos (preocupando-se em pedir não só pelos que estavam ali presentes, na ocasião de sua passagem para o outro mundo, como também pelos que viriam, futuramente, a fazer parte da grei do Senhor).

i) Como alguém que, impiamente, acusa a Igreja Católica de idólatra, ou de algo desse porte, poderia se assentar ao lado de Jesus no Dia do Juízo?... Protestantes tais, caso não se convertam à única e santa Fé Católica só podem, no Tribunal de Cristo, ter assento é no banco dos réus (junto com os de sua estirpe).

PS.: Tudo que escrevi está, e sempre estará, sujeito à autoridade da Igreja Católica. A qual poderá corrigir, refutar, completar e tudo o mais que for necessário para manutenção da integridade do depósito da Fé.

Mais uma vez, peço escusa pela minha incapacidade de, mais e melhor, responder as inquirições que são feitas sobre a nossa Sagrada Religião. Todavia, espero que, ao menos nalguns pontos, as reflexões que fiz sejam-lhes úteis... Escrevi várias páginas sobre a Assunção de Maria, que creio, porém, que, por hora, não cabe apresentá-las. Não obstante, alguma coisa já mencionei nesta missiva. Quiçá, oportunamente, exporei muitas outras...

[Adendo 1: Como é bem sabido que: em quase tudo os protestantes se contrapõem, também aqui, na questão de os santos celestiais serem nossos intercessores, há divergências entre eles. Por isso, é que, no item “a”, eu disse que ‘muitos deles’ (e não todos eles) só aceitam pedidos feitos a seres humanos corporificados. O pensador protestante Leibniz, por exemplo, afirmava: “ “Não vejo por que motivo se haveria de considerar um crime o invocar uma alma bem-aventurada ou santo anjo” (Leibnitz, Systema Theologicum)” [NAVARRO, Lúcio Navarro, Legítima Interpretação da Bíblia, 2a edição, Campanha de Instrução Religiosa Brasil-Portugal, Recife, 1957, p. 537].]
 
Leia os demais textos de: Wagner Herbt Alves Costa em:
 
 

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As diferencas entre mediador e intercessor

Muitos protestantes nos acusam de colocar Maria e os Santos no lugar do Único Mediador entre os homens e a Deus-Pai , que é Jesus Cristo:

I Timoteo 2:5 Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.

Logicamente como todos os Cristãos, nós católicos acreditamos que as graças vem por meio de Jesus Cristo, como o mediador primário. Isto não quer dizer que nós não nos dirigimos a Deus Pai ou ao Espírito Santo diretamente. A inferência lógica da tradução de 1Timóteo 2,5 é aquela que nós precisamos sempre ir primeiro a Cristo. Mas também temos as palavras do próprio Cristo, que nos disse que, quando rezamos, precisamos dizer: “Pai nosso que estais no céu…” Que aquele texto de 1Timóteo 2,5 não é para ser tomado literalmente fica evidenciado em outra fonte, também do punho de São Paulo:

“Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas vossas orações por mim a Deus” (Romanos 15,30).

Então fica claro que nós católicos temos apenas um Mediador, mais vamos começar pela analise das palavras mediador e intercessor muito confundido e mal interpretado entre os protestantes:

Mediador: Aquele que media duas partes. Um exemplo prático é uma criança que quer pedir ao pai um brinquedo, mas não tem coragem de pedir diretamente. Então, ele pede à mãe e esta faz o pedido ao pai.

Esquematicamente: Filho => Mãe => Pai

Intercessor: Aquele que intercede, ajuda. Adotando e adaptando o exemplo acima, o filho quer um brinquedo e pede diretamente ao pai. Para tentar convencer o pai, ele pede a intercessão (ajuda) da mãe.

Assim: Filho + Mãe => Pai

Então apenas vendo a diferença entre as palavras vemos que é um erro a acusação protestante de que colocamos Maria e os santos no lugar de Jesus, afinal o unico que pode e fez o homem ter de novo a comunhão com Deus foi Jesus, o Salvador anunciado centenas de anos antes de seu nascimentos pelos profetas.

Romanos 5:19 Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.

Romanos 6:6 Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.

Deus atraves da Historia sempre utilizou de intercessores, quer seja de sua palavra ou quer seja de sua graça. Um exemplo que eu costumo utilizar é o caso do homem preso na enchente:

Então o homem estava preso sobre um carro numa terrível enchente e agua subia rapidamente, mais mesmo assim o homem estava confiante, quando veio um rapaz num barco e disse:
-Rapido suba no barco, que a agua esta subindo rapido demais!!
O homem respondeu:
-Nao! Vou ficar , Jesus me salvará.
O Homem do barco se foi, entao a agua ja batendo no peito apareceu um helicoptero e gritaram:
-Vamos segure a corda!!
O homem respondeu:
-Nao Jesus me salva!
Até que o homem faleceu e se encontrou com Jesus e perguntou a Ele:
-Senhor , te esperei tanto o Senhor me salvar!!
Ai Jesus responde:
-Mas meu filho, te mandei barco, um helicoptero só você nao viu .

Resumindo, Deus usa de nossas orações e intercessoes pelo proximo para sua obra de Salvação, basta você enxergar a vontade do Senhor que se utiliza da nossa intercessao e intermedio:

Atos 19:11-12 “Deus fazia milagres extraordinarios por intermedio de Paulo, de modo que os lenços e outros panos que tinham tocado o corpo eram levados aos enfermos e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espirtos malignos”

Atos 5:15 “Punham-nos em leitos e macas a fim de que, qdo Pedro passasse,ao menos sua SOMBRA cobrisse alguns deles”

Sem contar que se a pessoa viva pode interceder e elevar para o proximo mesmo estando longe de Deus , então a oração de uma pessoa que ja esta na graça de Deus esta oração é muito mais eficaz.

Nosso Senhor nos manda “Orar uns pelos outros” (MT 5, 44).

S. Tiago nos ordena de “orar uns pelos outros” (Tgo. 5, 16).

S. Paulo diz que “ora pelos colossenses” (Col. 1, 3).

2 Corintios 1:11= Se nos ajudar tambem a vos com oraçoes em nossa intenção.Assim esta graça obtida por intervenção de muitas pessoas lhes será ocasião de agradecer a Deus a nosso respeito.

Os Santos e Maria apenas nos intercedem junto a Jesus levando nossas orações. É por isso que a doutrina católica chama Nossa Senhora de “Mediatrix ad Christum mediatorem”, isto é, “Medianeira junto a Cristo mediador”. Deste modo, Cristo fica como único mediador entre Deus e os homens; e a Virgem Maria fica uma “medianeira junto a Cristo”. Houve um meio estabelecido pelo próprio Cristo para conhecer a Ele. Nosso Senhor Jesus Cristo escolheu doze apóstolos para ensinar a todos quem Ele era, e quem não ouve esses mediadores de Cristo, não ouve o próprio Cristo: “Quem vos ouve, a Mim ouve” (Lc, X, 16). Cristo exigiu que ouvíssemos seus apóstolos e evangelistas como “mediadores segundos ou secundarios”.

O poder de interceder está expresso em diversas passagens das Sagradas Escrituras, como nas Bodas de Caná, onde Nosso Senhor não queria fazer o milagre, pois “ainda não havia chegado Sua hora” e “o que temos nós a ver com isso (com a falta de vinho)?”. Bastou Nossa Senhora pedir para que seu Filho fizesse o milagre, que Ele adiantou sua hora para atender à intercessão de sua Mãe Santíssima. Que tamanho poder de intercessão têm Nossa Senhora! Fazer com que Deus, por assim dizer, mudasse seus planos? É tal o poder de Nossa Senhora que a doutrina católica a chama de onipotência suplicante, ou seja, Aquela que tem, por meio da súplica a seu Filho, o poder onipotente!

Existem diversas passagens da Sagrada Escritura em que Deus só atende por meio da intercessão dos santos, como no caso de Jó (já visto), em que Deus expressamente mandou que o fiel pedisse através de seu servo Jó. Ou mesmo o caso do discípulo de Santo Elias, que só fazia milagres quando pedia através do Deus de Elias.Veja mais passagens no artigo intercessão dos santos.

É natural que Deus atenda àqueles que estão mais perto dele do que àqueles que estão mais distantes. Quanto maior a virtude de uma pessoa, tanto mais perto de Deus ela está e tanto mais pode interceder por nós. Até porque aquele que está mais longe de Deus nem sequer mais eleva seus pensamentos e orações.

O temos que tomar mais cuidado ao ler a Biblia é nao cairmos no fundamentalismo religioso, que se trata de interpretar os textos sagrados ao pé da letra, este é o chamado leitura fundamentalista , oras a biblia existem varias passagens que mostra mediadores, o que nao significa tirar o lugar de Jesus, como unico mediador, veja uns exemplos:

A propria biblia aplica a Moisés o título de Mediador:

Deuteronomio 5:5 “Eu fui naquele tempo interprete e mediador entre o Senhor e vós”

Paulo na mesma carta que afirma Jesus como Único mediador entre Deus e os homens, também indica Mediadores secudarios:

I Timoteo 2:15 “Recomenda que faça preces , orações , suplicas e ações de Graças por todos os homens”

 
 

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Respostas aos Protestantes Sobre Intercessão

Os Protestantes dizem que quem intercede por nós são os que estão vivos, e os que morreram não pode interceder por nós, pois estão dormindo e esperando a ressurreição. Vejamos como isso é falso. Os que já estão na glória de Deus pode interceder junto a Cristo por nós. É o que veremos de agora em diante

Os Anjos e os Santos intercedem a Deus por nós

Os Santos no céu estão na mesma condição dos Anjos, pois conservam as suas naturezas individuais e intelectuais, e possuem a mesma Luz divina na qual vêem a Deus, e em Deus e tudo que a sua mente pode conhecer “Na tua Luz veremos a Luz” – (Salmos 35,10). Por isso, a Bíblia afirma que os Santos “julgarão o mundo” (1Coríntios 6,2). Para fazerem esse julgamento devem conhecer os atos nele praticados. Portanto, os Santos conhecem as nossas precisões e intercedem por nós como nossos amigos junto de Deus.

É o que lemos em várias passagens da Bíblia:

a) Em Jeremias lemos: “E o Senhor me disse: ‘ainda que Moisés e Samuel se apresentassem diante de mim, o meu coração não se voltaria para esse povo” (Jeremias 15,1). Ora, Moisés e Samuel já não eram do números dos vivos, e podiam, no entanto, interceder pelo povo.

Note-se que em (2 Macabeus 15,14), o próprio Jeremias, já falecido, é apresentado como, quem “muito ora pelo povo e pela cidade santa”.

b) No Apocalipse São João narra a visão que teve de Jesus Cristo em seu trono de glória, e como, diante d’Ele, se apresentavam anciãos “com taças cheias de perfume, que são as orações dos santos” (Apocalipse 5,8) ( Apocalipse 8,4). Esses anciãos significam os “Santos da glória” ao apresentarem a Jesus as orações dos “santos da terra”, ou seja, os fiéis de Cristo nesse mundo. Trata-se de uma forma de mediação secundária dos Santos entre Cristo e os seus fiéis.c) No 1º livro dos Reis lemos que Deus prometeu a Salomão conservar para seu filho (Davi) a tribo ou reino de Judá, “em atenção” e “por amor ao seu servo Davi” (já morto) (1Reis 11,11-13). Isso significa que Deus toma em consideração os pedidos dos seus amigos também do Céu, os Santos.

d) Igual sentido tem a oração de Moisés pedindo a Deus que poupasse o povo culpado em atenção aos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, todos já falecidos (Êxodo 32,11-14).

e) Ainda no 2º livro dos Reis a Bíblia narra o milagre da ressurreição de um morto, ao contato com os ossos do profeta Eliseu (2 Reis 13,21).

Note-se que nesse texto está divinamente aprovada ainda a prática católica de se guardarem com respeito as relíquias dos Santos, pois, também através delas Deus pode nos conceder graças e favores.

f) Na Parábola do pobre Lázaro e do rico, Jesus apresenta Abraão sendo rogado pelo mal rico que fora condenado ao inferno (Lucas 16, 27). No caso, o mal rico não podia ser atendido. Mas com esse fato Jesus significou a possibilidade de se pedir ajuda aos amigos de Deus que estão no céu, pois o mal rico pediu intercessão de Abraão.

g) Se os santos da terra (os fiéis em Cristo) intercedem junto de Deus pelas necessidades dos irmãos, conhecidos e desconhecidos (são incontáveis os casos na Bíblia), quanto mais os Santos da glória que, na Luz divina, conhecem perfeitamente as nossas precisões (como acima ficou provado). Eles intercedem com certeza por nós junto de Deus. Ler ainda (Sabedoria 18,20-22).

Para nós Católicos os santos já estão no Céu,e podem interceder por nós ( Apocalipse 6,9-10) (Apocalipse 5,9) (Apocalipse 14,3) e (Apocalipse 15,3)Por fim, um argumento de reta razão ou do bom senso:

É conforme à natureza dos seres criados por Deus que os inferiores obtenham favores dos superiores também pela mediação de amigos de ambos. A própria mediação de Cristo tem por base este princípio. Ora, os Santos são amigos de Deus e nossos na glória (Lucas.16,9). Logo, eles não só podem, mas realmente intercedem por nós junto de Deus.

Conclusão: aí estão alguns dos fundamentos bíblicos da prática católica da devoção ou culto dos anjos e dos Santos. A isso os evangélicos costumam apresentar que há um só Mediador, Jesus Cristo (1Timóteo 2,5).

A isso se responde completando a citação no versículo 06 assim: “. . . o Qual Se entregou em Redenção por todos”. Cristo é, sim, o único Mediador, mas “de redenção”. O que não exclui a mediação de intercessão dos Anjos e Santos, como acima ficou provado.

E mais: estando os “Santos da glória” na mesma condição dos Anjos, eles podem também ser venerados como os Anjos o foram por homens justos ou seja, pelos fiéis, conforme se lê na Bíblia.

Pelo fato de os habitantes do céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxilio.

Sendo os Santos amigos de Deus pela santidade, e nossos, pela sua perfeita caridade, é justo que lhes tributemos os louvores que, sob esse duplo título, merecem; e que nos recomendemos à sua intercessão junto de Deus. É justo, visto que neles também se realiza, embora em grau bem menor, mas bem verdadeiro, o que disse de Si mesma, mas cheia do Espírito Santo, a mais santa que todos os Santos, Maria Santíssima: Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada, porque fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso” (Lucas 1,48-49)Vê-se, por essas palavras inspiradas, que o louvor dos Santos redunda em louvor e glória de Deus, pois os Santos são obras-primas da sua sabedoria, bondade e poder. Quando os louvamos, é a seu Autor que louvamos. De fato, sendo Deus admirável em seus Santos, e os Santos, obra de sua graça (à qual eles corresponderam fazendo a sua parte), Deus os ama sob esse título. Aliás, no preceito de “amar e honrar a Deus” está incluindo o de amar e honrar a tudo o que Ele ama e honra, e segundo a ordem com a qual Ele o faz. E Deus ama, de modo especial, os seus Santos: a Jesus Cristo enquanto Homem, depois a Nossa Senhora, e depois aos Anjos e todos os Santos da glória; E depois, aos que ainda pelejam neste mundo
 
 
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Estudo sobre Intercessão: Os santos do Céu estão vivos
 
 
 

 

  Argumentam alguns: “Mas como podem interceder se estão mortos e inconscientes?” E quem disse que estão mortos aqueles que estão VIVOS diante do Trono de Deus, porque o nosso Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, como ensinou Jesus:

“Moisés chamou ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos porque todos vivem para Ele.” (Lc 20, 37-38)

Portanto, Jesus nos diz que os santos falecidos (como Abraão, Isaac e Jacó) estão vivos na Presença de Deus, pois VIVEM para Ele. Não estão mortos, nem inconscientes! O livro do Apocalipse também ensina que os santos falecidos não estão adormecidos, mas mesmo antes da ressurreição, suas almas dialogam e intercedem junto a Deus:

“Vi sob o ALTAR as ALMAS DOS HOMENS IMOLADOS por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que dela tinham prestado. E CLAMARAM EM ALTA VOZ: Até quando ó Senhor, Santo e Verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando o nosso sangue contra os habitantes da terra? A cada um deles foi dada, então, uma veste branca, e foi-lhes dito, também, que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos seus companheiros e irmãos, que iriam SER MORTOS COMO ELES.” (Apc 6,9-11)

Neste diálogo, as almas dos santos falecidos clamam a Deus para que apresse o Dia do Juízo Final. Observe que as almas não estão adormecidas, mas estão sob o altar de onde falam com Deus. Elas clamam ansiosas pelo Dia do Juízo Final, que será também o dia da aguardada ressurreição da carne. Deus lhes dá uma veste branca (símbolo da santidade) e ordena que aguardem mais um pouco. E, enquanto aguardam, o que fazem estas almas? Aguardam adormecidas ou vivas e acordadas?

Vejamos:

“Então um dos anciões falou comigo e perguntou-me: Esses, que estão revestidos de vestes brancas, quem são e de onde vêm? Respondi-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele me disse: Esses são os SOBREVIVENTES da grande tribulação. Lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Por isso, ESTÃO DIANTE DO TRONO DE DEUS, E O SERVEM, DIA E NOITE, NO SEU TEMPLO.” (Apc 7,13-15)

Portanto, esta é a situação das almas enquanto aguardam pelo ansioso dia do Juízo Final e da ressurreição da carne, quando finalmente “Deus os abrigará em sua tenda e não haverá nem fome, sede, sol ou calor e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos” (Apc 7,15-16). Veja também como estas almas (os santos, pois estavam com vestes brancas, símbolo da santidade), intercedem diante do Trono de Deus:

“Outro anjo pôs-se junto ao ALTAR, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes para que os oferecesse com as ORAÇÕES DE TODOS OS SANTOS NO ALTAR de ouro, que ESTÁ ADIANTE DO TRONO. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com AS ORAÇÕES DOS SANTOS, DIANTE DE DEUS.” (Apc 8,3-4)

Eis aí uma passagem bíblica que nos garante a intercessão dos santos falecidos, e que agora estão diante do Trono de Deus. São oferecidas a Deus as orações de TODOS os santos. Se são de todos os santos, são tanto as orações dos santos da terra (cristãos que levam uma vida santa) quanto dos santos do Céu (que estão vestidos de branco diante do Trono de Deus). Embora este trecho da abertura dos 7 selos esteja se referindo aos santos do Céu (no quinto, sexto e sétimo selos), podemos entender as orações que chegam a Deus, também vindas dos santos da terra, pois é afirmado ser as orações de TODOS os santos.

Um exemplo destas orações de santos falecidos, encontra-se em Macabeus. Nela, Judas Macabeus relata uma visão que teve de Onias e Jeremias, já falecidos, intercedendo pelo povo:

“Onias (…) estava com as mãos estendidas, INTERCEDENDO por toda a comunidade dos judeus. Apareceu a seguir um homem notável (…) Esse é aquele que MUITO ORA pelo povo e por toda cidade santa, é Jeremias, o Profeta de Deus.” (2Mac 15,12-14)

Suplemento:

   Aos protestantes que dizem que este livro não é inspirado, pedimos para provarem tal afirmação pela sua regra de fé, ou seja, unicamente pela bíblia, perguntamos-lhe: onde, qual o texto da bíblia diz que o livro de 2 macabeus não é inspirado? Como saber que um livro é inspirado? onde, qual o texto da bíblia que diz quantos e quais são os livros inspirados ? se não responderem unicamente pela bíblia não tem autoridade para dizerem quantos e quais são os livros inspirados!

  Pedimos a intercessão dos santos já falecidos porque para o cristão, "não para o materialista", a morte não significa a extinção da vida, mas a passagem de uma maneira de viver para outra. O fato dos santos da glória não estarem fisicamente no nosso meio não impede deles conhecerem nossas orações, pois os anjos não estão fisicamente entre nós, entretanto, pelo poder de Deus, conhecem as nossas orações, e por vontade divina, intercedem por nós ( cf. Zac 1, 12-13; Gn 48, 16 ...) e nos protegem ( cf. Sl 91, 11-12; Heb 1, 14; Atos 12, 14-15; Mt 18, 10) ), podemos dizer a mesma coisa relativamente aos santos já falecidos, pois eles são como os anjos de Deus no céu ( Mt 22, 30 ) ou melhor, são iguais aos anjos de Deus no céu ( Luc 20, 23 ). Ora, já que não são iguais por natureza, os são pelo mesmo poder que Deus deu aos anjos do céu : de conhecerem as nossas orações e intercederem por nós cf. Vemos em  Apoc 5,8  os 24 anciões ( que não são uma corte anjelical, "os anjos ", pois segundo Apoc 5, 11; 7, 11. Os anjos ficam em derredor desses anciões, portanto não eram eles, mas sim os justos, "santos" , que já estão na glória) apresentando ao cordeiro-Jesus Cristo- as orações dos santos, ou seja, dos fiéis da terra, chamados de santos (cf. Rm 1, 7;  1° Cor 1,1;  2° Cor 1,1;  8,4; Ef 1,1, por terem sidos- por serem- purificados pela água do batismo( atos 2 ,38; Ef 5, 25-26) e por serem fiéis à palavra de Deus (Jo 17, 17; 1° Ped. 1, 15 ... ) ademais, os que estão na glória não precisam de orações, visto que já estão na glória, mas sim, os fiéis da terra, que mesmo vivendo uma vida de santidade, correm o risco de perderem a sua salvação eterna. Ora, apresentar a Jesus a oração de alguém é interceder diante de Cristo, por esse alguém.

Cf. Catequista Aquino em : larcatolico.webnode.com.br/news/venera%C3%A7%C3%A3o%20das%20imagens/

 
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Quando São Paulo diz que “há um só mediador entre Deus e os homens, que é Jesus Cristo homem” (1Tm 2,5-6), ele quer dizer que Jesus é o único Salvador e não o único intercessor. Para confirmar, acrescenta, vs 6: “o qual se deu a si mesmo para redenção de todos”.

Na verdade, existem muitos intercessores. O Novo Testamento está repleto de passagens que nos exortam a interceder uns pelos outros, inclusive a que precede o versículo citado acima: “Recomendo-te, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, petições, ações de graças por todos os homens (…). Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador” (1Tm 2,1-3). “Orai uns pelos outros para serdes curados” (Tg 5,16b)

Logo, Jesus não pode ser o único intercessor. No entanto, todo e qualquer intercessor, sempre ora e obtém a graça em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, e não em seu próprio nome. Pois é somente através de Jesus Cristo que temos acesso ao Pai.

Quanto mais santo o intercessor, mais eficaz é a intercessão. Diz ainda a Sagrada Escritura que quanto mais santo o intercessor, maior a eficácia da oração: “A oração do justo tem grande eficácia.” (Tg 5,16c)

Ora, se a oração de um justo tem grande eficácia, não há dúvida que é melhor pedir a intercessão de um justo do que de um pecador. E, como não existem homens neste mundo mais santificados do que aqueles que já estão no Céu, obviamente, é melhor pedir a intercessão de um santo do Céu do que de um homem que ainda vive neste mundo. Argumentam alguns: “Mas como podem interceder se estão mortos e inconscientes?” Ora, os santos estão diante do Trono de Deus e o nosso Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, como também ensina a Sagrada Escritura: “Moisés chamou ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos porque, para ele, todos vivem.” (Lc 20, 37-38)

Portanto, Jesus nos diz que os santos falecidos (como Abraão, Isaac e Jacó) estão vivos na Presença de Deus, pois VIVEM para Ele. Não estão mortos, nem inconscientes! O livro do Apocalipse igualmente ensina que os santos falecidos não estão adormecidos, mas mesmo antes da ressurreição suas almas intercedem junto a Deus: “Vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus, e por causa do testemunho que tinham dado dele; e clamavam em voz alta dizendo: Até quando, Senhor, santo e verdadeiro, dilatas tu o fazer justiça, e vingar o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dados a cada um deles vestidos brancos; e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que se completasse o número dos seus conservos e irmãos, que haviam de padecer, como eles, a morte” (Apc 6,9-11)

Esta passagem mostra como as almas dos santos falecidos clamam a Deus para que apresse o Dia do Juízo Final. As almas deles não estão, portanto, adormecidas. Elas de onde estão “falam” com Deus. Elas clamam ansiosas pelo Dia do Juízo Final, que será também o dia da jubilosa ressurreição da carne. Deus lhes dá uma veste branca (símbolo da santidade) e ordena que aguardem mais um pouco. E, enquanto aguardam, o que fazem estas almas? Aguardam adormecidas ou vivas e acordadas?

“Então um dos anciões, tomando a palavra, disse-me: Estes, que estão revestidos de túnicas brancas, quem são? e donde vieram? E eu disse-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele disse-me: Estes são aqueles que vieram da grande tribulação, e lavaram os seus vestidos e os embranqueceram no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo” .(Apc 7,13-15) Portanto, esta é a situação das almas enquanto aguardam pelo ansioso dia do Juízo Final e da ressurreição da carne.

Estas almas (os santos) intercedem diante do Trono de Deus: “E veio outro anjo, e parou diante do altar, tendo um turíbulo de ouro; e foram-lhe dados muitos perfumes a fim de que oferecesse as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus. E o incenso dos perfumes das orações dos santos subiu da mão do anjo até Deus”. (Apc 8,3-4) Esta passagem garante-nos a intercessão dos santos que agora estão diante do Trono de Deus. São oferecidas a Deus as orações de todos os santos. Se são de todos os santos, são tanto as orações dos santos da terra (católicos que levam uma vida santa) quanto dos santos do Céu (que estão vestidos de branco diante do Trono de Deus). Embora este trecho da abertura dos 7 selos esteja se referindo aos santos do Céu (no quinto, sexto e sétimo selos), podemos entender as orações que chegam a Deus, também vindas dos santos da terra, pois é afirmado ser as orações de todos os santos.

Um exemplo destas orações de santos falecidos, encontra-se no livro dos Macabeus. Nela, Judas Macabeu relata uma visão que teve de Onias e Jeremias, já falecidos, intercedendo pelo povo: “Onias (…) desde menino se tinha exercitado nas virtudes, estendendo as mãos, orava por todo o povo judaico; que, depois disto, lhe aparecera outro varão respeitável pela sua idade e pela sua glória e cercado de grande majestade (…): Este é Jeremias, profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por toda a cidade santa” (2Mac 15,12-14)

E como os santos conhecem nossas preces? Eles desfrutam de profunda intimidade com Deus, de modo que através da onipresença de Deus, tomam conhecimento das preces que lhes são dirigidas. Os bem-aventurados têm conhecimento das preces que neste mundo lhes são dirigidas, pois Deus, que fez os homens solidários entre si, faz com que essa comunhão não seja dissolvida pela morte. Por isso pedimos aos santos que intercedam por nós no Céu, e Deus lhes dá a conhecer nossas orações para que, de fato, eles rezem por nós.

Deus conhece as nossas necessidades antes mesmo de formularmos nossos pedidos, tanto para nós como para outras pessoas, mas por várias razões nos faz essa recomendação. Somos seres inteligentes, dotados de vontade. Então é preciso que nossas faculdades se exerçam mesmo em relação a Ele, que é onisciente. O pedido é uma manifestação de humildade e também de confiança. Portanto, gera merecimentos. Ademais, interceder por outrem, por amor de Deus, é um ato de caridade, uma das três virtudes teologais, que permanece para sempre, inclusive no Céu.

Fonte: Baseado em Vocacionados Menores

www.aascj.org.br/home/tag/intercessao-dos-santos/

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As diferenças entre a intercessão dos santos e a evocação dos mortos

Autor: Por Taiguara Fernandes de Sousa
Publicação original: Novembro de 2008
Extraído e adaptado (com autorização de autor) de https://www.veritatis.com.br/article/5306

A intercessão dos santos se baseia na comunhão que existe entre todos os membros da Igreja, comunhão da qual fala aquele artigo do Credo: “Creio na comunhão dos santos”.

Com efeito, sendo a Igreja uma só, sendo sua unidade um de seus atributos fundamentais, sem o qual ela não pode existir (a Igreja é una no governo – o de Cristo, por meio do Papa –, na Fé – a Fé Católica –, e no culto – o culto cristão), não é de se estranhar que haja uma comunhão entre seus membros. A Igreja é Corpo de Cristo, conforme ensina São Paulo (Colossenses 1,18) e a Doutrina Católica (cf. Papa Pio XII, Encíclica Mystici Corporis, n.13), e nós, cristãos católicos, somos membros deste Corpo de Cristo: “Não sabeis que sois membros de Cristo?” (I Coríntios 6,15); se portanto, membros do mesmo Corpo, estamos todos unidos por vínculos sagrados e estreitíssimos. Esta é a “comunhão dos santos”, na qual professamos crer.

O Catecismo Romano ensina a respeito: “Antes de tudo, devemos explicar aos fiéis que o presente artigo do Credo [sobre a comunhão dos santos] é uma ampliação do anterior, que trata da Igreja uma, santa e católica. Sendo, pois, um só Espírito que a governa, todas as graças conferidas à Igreja se tornam bem comum de todos. Os frutos de todos os Sacramentos aproveitam a todos os fiéis. São uma espécie de vínculos sagrados os unem e prendem a Cristo; mormente o Batismo que, quase por uma porta, nos faz entrar no grêmio da Igreja” (Cap. X, Tít. VII, n.1).

Santo Ambrósio dizia: “Assim como dizemos que um membro faz parte de todo o corpo, assim é o nexo entre todos os que temem a Deus” (Abros. in Ps 118,63 sermo 8 – n.54: ML 15, 1387).

“Muitos são os membros do corpo. Apesar de serem muitos, formam todavia um só corpo, no qual cada um tem sua função própria mas não idêntica para todos. [...] É tão íntima a conexão e adaptação entre eles que, se algum sofre dor, todos os mais a sofrem também, por efeito natural do mesmo sangue e do mesmo sentimento; se pelo contrário sentir bem-estar, todos os outros terão a mesma sensação de alegria. Na Igreja observa-se o mesmo fenômeno. Seus membros são diversos, várias nações, judeus e pagãos, homens livres e escravos, pobres e ricos. No entanto, assim que recebem o batismo, formam com Cristo um só Corpo, do qual Ele próprio é a Cabeça. Nesta Igreja, cada membro recebe um ministério especial. Uns são apóstolos, outros são mestres, todos instituídos para o bem da coletividade; de modo que a uns incumbe dirigir e ensinar, a outros obedecer e viver debaixo de ordens” (Catecismo Romano, Cap. X, Corol., n.1).

Ora, sendo tamanha a unidade deste Corpo, sendo tão estreitos os vínculos que unem os membros da Igreja entre si e a Cristo, é mais que natural que uns membros peçam pelos outros a Cristo, que é a Cabeça de todo o Corpo, e ao qual todos – tanto os que pedem quanto os que são objeto de pedido – estão unidos. A prática da oração entre si – a “intercessão” –, a oração de uns pelos outros, era vivamente recomendada pelos Apóstolos, donde não se pode compreender que hoje muitos impugnem a intercessão tal como é defendida pela Igreja Católica, tratando a esta como se fosse um ato pecaminoso! São Paulo fervorosamente recomendava a intercessão: “Sede perseverantes, sede vigilantes na oração, acompanhada de ações de graças. Orai também por nós! Pedi a Deus que dê livre curso à nossa palavra, para que possamos anunciar o mistério de Cristo” (Colossenses 4,2-3); Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador (I Timóteo 2,1-3).

Pode-se não só rezar por aqueles que são membros do Corpo, como por aqueles que a ele ainda não se incorporaram, conforme recomenda São Paulo (“façam preces [...] por todos os homens”); e esta prática, a oração por aqueles que ainda não são membros do Corpo de Cristo, é também um meio de fazê-los incorporar-se a este Corpo Santo.

Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens: “Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se entregou como resgate por todos” (I Timóteo 2,5-6). Logo, toda intercessão que se faça passa por Cristo; é junto a Cristo que intercedemos ou que os santos intercedem por nós, para que Nosso Senhor, que é nosso único Mediador, apresente esta súplica a Seu Pai.

Logo, a intercessão tem profundo amparo na Doutrina Católica, tal como nos resulta das Sagradas Escrituras e da Sagrada Tradição.

Mas não se deve crer que somente os vivos podem rezar uns pelos outros. Havendo a comunhão dos santos, isto é, de todos os membros do Corpo Místico de Cristo, existe também a comunhão entre a Igreja de Cristo que ainda caminha na terra (a “Igreja Militante”), a Igreja de Cristo que se purifica no Purgatório (a “Igreja Padecente”), e a Igreja de Cristo que já conquistou a glória nos Céus (a “Igreja Gloriosa”); estes são os três estados da Igreja, conforme nos indica o Catecismo da Igreja Católica (n. 954). Logo, há perfeita comunhão entre os membros da Igreja que militam na terra (nós), aqueles que, terminados o curso de sua vida terrena, purificam-se para entrar nos Céus (as almas do Purgatório), e aqueles que já estão na glória e já vêem a Deus face a face (as almas dos santos, todos os que já foram salvos e estão no Paraíso).

E não há nenhuma separação entre a Igreja celeste e a Igreja que peregrina na terra. Ao contrário, são o mesmo e único Corpo Místico de Cristo, a mesma e única Igreja Católica. A Doutrina Católica nos proíbe dizer que há separação entre a Igreja que está nos céus e a que está na terra: “A sociedade organizada hierarquicamente e o Corpo místico de Cristo, o agrupamento visível e a comunidade espiritual, a Igreja terrestre e a Igreja ornada com os dons celestes não se deve considerar como duas entidades, mas como uma única realidade complexa, formada pelo duplo elemento humano e divino” (Conc. Ecum. Vaticano II, Const. Dogm. Lumen Gentium, n.8).

Não havendo separação entre a Igreja terrestre e a celeste, é também perfeitamente possível que os santos do Céu intercedam por aqueles que ainda caminham rumo à santidade aqui na terra; aliás, sua oração será tanto mais eficaz que a nossa, visto estarem eles mais próximos de Deus que nós, pois estão em comunhão com Ele. Não só os santos do Céu podem interceder por nós, como também as almas do Purgatório, que também estão mais próximas de Deus que nós, faltando-lhes apenas a purificação para adentrarem nos Céus; e nós também podemos interceder pelas almas do Purgatório, para que Deus as retire logo de seu sofrimento purificador.

“Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (Const. Dogm. Lumen Gentium, n.49).

É nisto, portanto, que a Igreja Católica crê sobre a intercessão dos santos, e também de uns pelos outros.

É preciso, ainda, diferenciar “invocação” de “evocação”. A propósito, esclarece Frei Boaventura Kloppeburg, renomado Teólogo brasileiro, em sua obra “O Espiritismo no Brasil, Orientações para os Católicos”: "Várias vezes nos objetaram que também os católicos evocamos os mortos, quando rezamos aos santos. Mas isso não é verdade: não evocamos, mas invocamos os Santos. Dirão que as palavras ‘evocar’ e ‘invocar’ são sinônimas. Etimologicamente pode ser, mas realmente os conceitos são bem diferentes: Quando o espírita ‘evoca’ um espírito ele quer que o espírito desça, baixe e se comunique perceptivelmente com a gente; quando o católico ‘invoca’ um Santo, ele quer que o Santo por assim dizer suba ao trono de Deus para interceder por nós, para tornar-se o nosso intercessor e não que baixe e fale conosco. Não há, na devoção católica aos Santos, nem vestígio de mentalidade espírita" (Op. cit., 2ª Ed., Petrópolis: Vozes, 1964, p.183). 

Portanto, invocar não é o mesmo que evocar. A “invocação dos santos” nada mais é que pedir sua intercessão; é a prática católica. A “evocação dos mortos” é a prática dos espíritas, a qual é inteiramente condenável.

Ora, a evocação dos mortos, ou necromancia, se dá com base na crença espírita de que os espíritos dos falecidos podem perambular pelo mundo atendendo às nossas exigências. Neste sentido, o homem poderia perfeitamente evocar sua presença ou seus conselhos, donde surgem as práticas espíritas de psicografia, psicofonia, vidência, entre outras.

A evocação dos mortos sugere que o homem tem o poder de trazer um espírito à terra. Há, portanto, uma pretensão de domesticar os poderes divinos; é a soberba do homem que se acha Deus.

Somente Deus poderia, por iniciativa Sua, permitir a aparição de uma alma ou anjo, como permitiu que a alma de Samuel se manifestasse quando Saul foi à necromante (cf. I Samuel 28,7-25), ou como quando enviou o Arcanjo Gabriel (cf. Lucas 1,26) para anunciar a Maria que Ela seria a Mãe do Filho de Deus, ou quando das aparições da Virgem Santíssima é tantos lugares ao longo das épocas. Somente Deus, por sua própria iniciativa, poderia permitir a manifestação de Samuel, da Virgem Maria ou do Anjo Gabriel. Não é o homem quem tem poder para decidir ou exigir tal coisa, como fazem e pregam os espíritas, que exigem a presença, a manifestação e mesmo a aparição dos espíritos em suas reuniões, como se tivessem algum poder para isso; e se estes espíritos aparecem não se tenha dúvidas de que na verdade são demônios enganadores.

Além disso, o espírita evoca os mortos pretendendo deles retirar verdades sobre o além ou com seu auxílio levar à cabo práticas como a adivinhação. Foi isto que fez Saul, recorrendo à necromante da seguinte maneira: “Predize-me o futuro, evocando um morto” (I Samuel 28,8). Veja-se que a intenção de Saul ao evocar os espíritos era claramente a de obter conhecimentos ocultos, de verdades do além ou do futuro. É isto que faz o espírita. Evoca os mortos para deles obter conhecimentos ocultos. Além de querer domesticar os poderes divinos, exigindo a manifestação das almas como se tivesse poder para tanto, ainda deseja ser onisciente como Deus, pela obtenção de conhecimentos ocultos. É a soberba do homem que se acha Deus, e que dá ouvidos às tentações da Serpente maligna, que disse: “Sereis como deuses” (Gênese 3,5).

O católico, ao contrário, ao pedir a intercessão dos santos, como já vimos, apenas eleva-lhe pedidos; roga-lhe que interceda junto a Cristo em seu favor, para que possa obter a graça ou o bem que lhe for necessário naquele momento, seja um bem material ou um bem espiritual. Não há aí, na oração do católico aos santos, nenhuma intenção de exigir a manifestação das almas – pois o católico sabe que somente Deus tem poder para realizar tal coisa – ou de obter pretensos conhecimentos ocultos – o católico entrega o futuro nas mãos de seu Senhor: “Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado” (Mateus 6,34); e o católico conhece sua miséria humana e sabe que somente seu Senhor é onisciente, não tendo nenhuma intenção de igualar-se a Ele nisso.

Há, portanto, uma cabal diferença entre a perniciosa necromancia praticada pelos espíritas e a intercessão dos santos, à qual recorre a Igreja Católica. São óleo e água.

A Igreja o condena: “Todas as práticas de magia ou de feitiçaria com as quais a pessoa pretende domesticar os poderes ocultos, para colocá-los a seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – mesmo que seja para proporcionar a este a saúde –, são gravemente contrárias à virtude da religião. Essas práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas de uma intenção de prejudicar outrem, ou quando recorrem ou não à intervenção dos demônios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismo implica freqüentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo (Catecismo da Igreja Católica, n.2117).

E O Senhor Deus ordena: “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos mortos,  porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações.  Serás inteiramente do Senhor, teu Deus” (Deuteronômio 18,10-13).

www.reinodavirgem.com.br/devocoes/intercessao-evocacao.html

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A INTERCESSÃO DOS ANJOS E SANTOS NA BÍBLIA

Conteúdo:

1 - A Igreja Católica, desde os primeiros séculos do Cristianismo, praticou a devoção aos Anjos e aos Santos, e especialmente a Nossa Senhora, a Rainha de todos eles. Devoção esta que se realiza através de atos de veneração e de pedidos de intercessão junto de Deus, bem como pelo esforço pessoal em  imitar-lhes as  virtudes. Tudo isso muito de acordo com a Bíblia, a Tradição e o próprio bom senso. Os argumentos da Tradição são patentes. Eis os da Bíblia e do bom senso.

A – Os Anjos na Bíblia

2 – Anjos são seres celestes e mais perfeitos que os homens, pois não dependem em nada da matéria. Eles são seres puramente espirituais, dotados de grande inteligência, força de vontade, e de rapidez de movimentos. Eles são ministros de Deus que os envia a este mundo em missões diversas, relacionadas com a nossa salvação, (Heb. 1,14), missões especiais umas, (Cf.Lucas 1,19-38; Atos 10,22); habituais outras, (Mat. 18,10; Hebr. 1,14).

Os anjos intercedem por nós a Deus

3 - De fato, a Bíblia se refere aos Santos Anjos a executar vários ofícios religiosos para conosco. Assim, ora ela os apresenta oferecendo a Deus as nossas orações (Apoc. 8,3-5); ora, rogando a Deus por nós (Zac. 1,12-13); ora ainda sendo eles rogados por varões justos. (Gên. 19,17 a 21; 48,15-16;  Os. 12,5) Eles foram, por isso, venerados por homens justos. (Gên 18,2; 19,1-2; Núm. 22,31; Jos. 5,13-15) Podemos, pois, e devemos venerá-los (não adorá-los, propriamente falando – Apoc.22,8-9) e pedir-lhes a proteção, pois a Bíblia afirma que eles exercem um “ministério” em favor da nossa salvação. (Heb. 1,14)

4 - Não se pode, é claro, prestar a uma criatura, por mais elevada que seja, um culto latrêutico ou de adoração, que só compete a Deus, e só a Ele se presta, porque este ato significa o reconhecimento dEle como o Senhor Supremo e Absoluto de todas as coisas. Ao passo que o culto de veneração significa a honra, e reverência, o amor e gratidão que se votam também aos Anjos e Santos, como a amigos de Deus e nossos na glória.

5 - Para significar isso, S. João, no Apocalipse, relata um gesto seu, como se se dispusesse a “adorar um Anjo”, e este o proibiu dizendo-lhe: “Não faças isso. Sou servo como tu, e como teus irmãos que têm o testemunho de Jesus.” (…) “A Deus é que deves adorar.” (Apoc. 19,10; 22,8-9) A diferença, porém, entre “adoração” e “veneração” não está tanto no gesto; está mais na intenção interior de quem, por exemplo, se inclina ou se ajoelha diante de uma imagem sagrada. Esta representa na sua mente a pessoa santa a quem quer prestar o seu ato de culto ou devoção. (Cf.”Folhetos Católicos”, nº 05)

B – Os Santos na Bíblia

6 - Distinguimos aqui os Santos do Antigo Testamento e os do Novo. Aqueles só entraram no céu com Jesus Cristo no dia da sua gloriosa Ascensão. Aguardavam aquele glorioso dia num lugar que Jesus chama “Seio de Abraão” (Lc. 16,22), e onde já eram muito felizes, mas não plenamente como na glória. Mas os Santos do Novo Testamento, logo que saem deste mundo, entram na Luz da Glória, onde sempre fruem da perfeita felicidade do céu, onde a caridade atinge a sua plenitude.

Os Santos intercedem por nós a Deus

7 - Os Santos no céu estão na mesma condição dos Anjos, pois conservam as suas naturezas individuais e intelectuais, e possuem a mesma Luz divina na qual vêem a Deus, e em Deus conhecem tudo o que a sua mente pode conhecer. (“Na tua Luz veremos a Luz” – Sal. 35,10) Por isso, a Bíblia afirma que os Santos “julgarão este mundo” (1Cor. 6,2). Para fazerem esse julgamento devem conhecer os atos praticados neste mundo.  Portanto, os Santos conhecem as nossas precisões e intercedem por nós como nossos amigos junto de Deus.

É o que lemos em várias passagens da Bíblia

8 – a)  Em Jeremias lemos: “E o  Senhor me disse: ‘ainda  que Moisés e Samuel se apresentassem diante de mim, o meu coração não se voltaria para esse povo.’” (Jer. 15,1)  Ora, Moisés e Samuel já não eram do número dos vivos, e podiam, no entanto, interceder pelo povo.

Note-se ainda que, no 2º Macabeus (15,14), diz-se do próprio Jeremias, já falecido, que ele “muito ora pelo povo e pela cidade santa.” Vê-se, pois, que o povo eleito tinha essa fé.

9 – b) No Apocalipse São João narra a visão que teve de Jesus Cristo em seu trono de glória, e diante dEle se apresentavam anciãos “com taças cheias de perfume, que são as orações dos santos.” (Apc. 5,8; 8,4) Esses anciãos significam os “Santos da glória” apresentando a Jesus as orações dos “santos da terra”, os fiéis cristãos nesse mundo. Trata-se de uma forma de mediação secundária dos Santos entre Cristo e os seus fiéis.

10 – c) Na parábola do pobre Lázaro e do rico avaro, Jesus apresenta Abraão sendo rogado pelo mau rico que fora condenado ao inferno. (Lc. 16,27) No caso, o mau rico pedia o impossível. Não podia ser atendido. Mas, com este fato Jesus significou a possibilidade de se pedir ajuda aos amigos de Deus que  estão no Céu, pois o mau rico pediu a intercessão de Abrãao.

11 – d) No 1º livro dos Reis Deus prometeu a Salomão não retirar-lhe o trono em vida, e conservar para seu filho (Roboão) o reino de Judá, “em atenção” e “por amor de seu servo Davi (já morto). (1 Reis 11,11-13) Significa que Deus toma em consideração os pedidos de seus amigos da glória, os Santos.

12 – e) Igual sentido tem a oração de Moisés pedindo a Deus que poupasse o povo culpado em atenção aos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, todos já falecidos. (Êx 32,11-14)

13 – f) Ainda no 2º livro dos Reis a Bíblia narra o milagre da  ressurreição de um morto, ao contato com os ossos do profeta Eliseu. (2 Reis 13,21) Nesse fato temos ainda a aprovação da prática católica de venerar as relíquias dos Santos.

14 – g) Se os santos da terra (os fiéis cristãos neste mundo) intercedem junto de Deus pelos irmãos, conhecidos e desconhecidos (são incontáveis os casos nas Epístolas dos Apóstolos), quanto mais os Santos da glória que, na Luz divina, conhecem perfeitamente as nossas precisões (como acima ficou provado). Eles intercedem com certeza por nós junto de Deus.

15 - Por fim, um argumento de razão ou bom senso:

É conforme à natureza dos seres criados por Deus que os inferiores obtenham favores dos superiores também pela mediação de amigos de ambos. A própria mediação de Cristo tem por base este princípio. Ora, os Santos são amigos de Deus e nossos na glória. (Lc. 16,9) Logo, podem, intercedem por nós.

16 - E mais: estando os “Santos da glória” na mesma condição dos Anjos, podem ser venerados, como os Anjos o foram, por homens justos, ou seja, pelos fiéis, conforme se lê na Bíblia. (cf. nº 3 deste folheto) Sobre o culto de veneração dos Santos praticado na Igreja primitiva, e não tardiamente, ver “Folhetos Católicos”, nº  04.

Respondendo às objeções

A – Há protestantes que afirmam: após a morte, as almas ficam em estado de esquecimento e não podem interceder pelos vivos. Só após o último juízo terão consciência. E citam erradamente um texto do Eclesiastes, que fala da condição dos mortos no túmulo onde “não sabem mais nada…” (9,5-6)

Resposta: Eles aplicam à pessoa toda (corpo e alma) o que só se refere ao seu corpo. O sentido exato do texto nos é dado pelo mesmo Eclesiastes mais à frente – (12,1 e 7: “Lembra-te do teu Criador nos dias de sua juventude (…) antes que a poeira retorne à terra para se tornar o que era; e antes que o sopro de vida (a alma espiritual e imortal) retorne a Deus que o deu”. O que é inteiramente conforme ao que lemos na Epístola aos Hebreus (9,27): “Está determinado que o homem morra uma só vez e depois disto vem o juízo” - particular, logo após a morte.

Daí Jesus ter garantido ao ladrão convertido na cruz (Lc. 23,43): “Em verdade eu te digo, hoje estarás comigo no paraíso” - com vírgula depois de “digo”, como no original grego, e não depois de “hoje”. Logo, com plena consciência logo após a morte.

B - Eles fazem outra objeção por a Bíblia afirmar que um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. (1 Tim. 2,5)

Resposta: Deve-se completar a citação de São Paulo (que em geral é citada só pela metade) e que continua no vers. 6 assim: “…o qual Se entregou em Redenção por todos”. Portanto, Jesus Cristo é, sim, o único Mediador, mas “de Redenção”. O que não exclui a mediação de intercessão dos Anjos e Santos, como acima ficou demonstrado. Muito menos exclui a de Nossa Senhora, a mais Santa que todos os Santos.

Portanto, estão em erro os opositores de mais essa verdade bíblica professada pela Igreja Católica desde os seus começos.

Fonte: https://tradicaocatolicaes.wordpress.com/2010/07/04/os-anjos-e-santos-na-biblia-seu-culto-de-veneracao/

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O CULTO DOS SANTOS NA IGREJA PRIMITIVA

Conteúdo:

1 – Sendo os Santos amigos de Deus pela santidade, e nossos, pela sua perfeita caridade, é justo que lhes tributemos os louvores que, sob esse duplo título, merecem; e que nos recomendemos à sua intercessão junto de Deus. É justo, visto que neles também se realiza, embora em grau bem menor, mas bem verdadeiro, o que disse de Si mesma, mas cheia do Espírito Santo, a mais santa que todos os Santos, Maria Santíssima: “Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada, porque fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso.” (Lc 1,48-49)

2 -Vê-se, por essas palavras inspiradas, que o louvor dos Santos redunda em louvor e glória de Deus, pois os Santos são obras-primas da sua sabedoria, bondade e poder. Quando os louvamos, é a seu Autor que louvamos. De fato, sendo “Deus admirável em tudo o que é Santo” (Salmo), e sendo os Santos, principalmente, obra de sua graça, Deus os ama de modo especial. Aliás, no preceito de “amar e honrar a Deus” está incluído o de amar e honrar o que Ele ama e honra; e segundo a ordem com a qual Ele o faz. E Deus ama, de modo especial, os seus Santos: a Jesus Cristo  enquanto Homem, depois a Nossa Senhora, depois aos Anjos e a todos os Santos da glória; e às santas almas do Purgatório; e aos que ainda pelejam neste mundo.

3 – Eis porque, já nos dois primeiros séculos do Cristianismo, encontramos registrada a prática de um culto prestado aos Santos, especialmente aos heróis da fé, os mártires cristãos.  É útil conhecer alguns documentos históricos dessa época, que atestam remontar às origens do Cristianismo a prática do culto aos Santos. Já provamos que ela lança raízes no Antigo Testamento.(Cf. Folhetos Católicos, nº 03)

A – Documentos de autores dessa época

4 - Bem no começo do 2º século (ano 107), Santo Inácio Mártir, que foi discípulo direto dos Apóstolos e Bispo de Antioquia, quando era levado cativo a Roma, aonde ia ser devorado pelas feras por causa da fé católica, afirma em uma carta que escreveu aos fiéis de Éfeso: “Sou vossa vítima, e me ofereço em sacrifício por vossa Igreja.” (Carta aos efésios, nº 21) É este um testemunho da fé da Igreja no valor do martírio sofrido por causa da fé.

5 – Uma carta com data do ano 156, enviada pelos fiéis da comunidade cristã de Esmirna  à comunidade da Frígia (Filomélia),  dá notícia de  reuniões religiosas e cultuais dos cristãos de Esmirna, realizada no túmulo (“relíquias mais preciosas que o ouro e pedras preciosas” – diz a carta) de seu Bispo e Mártir, São Policarpo, por ocasião dos aniversários de seu martírio. (Padres Gregos, 5, 1029-1045) É já  a  prática da Igreja ao festejar o aniversário do triunfo dos Mártires e dos Santos.

6 - Também Orígenes, que viveu no século II  e começo do III, atesta a fé da Igreja Católica na intercessão dos Santos, nesses termos: “O Pontífice não é o único a se unir aos orantes; os Anjos e as almas dos justos também se unem a eles na oração.” (Em “De Oratione”)

7 – E em outro livro dá Orígenes o fundamento dessa mediação: “Eles conhecem os que são dignos da amizade de Deus, e auxiliam os que querem honrá-lO.” (Em “Contra Celsum”)

O mesmo ensinamento encontramos em São Cipriano, Bispo de Cartago, martirizado no ano 256. Em carta ao Papa São Cornélio, afirma:  “Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem as nossas orações pelos irmãos.” (Carta 57)

B – As Atas dos Mártires

8 – A mesma verdade é atestada pelas Atas autênticas do suplício dos mártires. Assim, Santa Teodósia, em Tiro, pedia aos mártires, na hora em que iam para o suplício, que se lembrassem dela quando tivessem recebido a recompensa. E Santa Pantomina, em Alexandria, na hora de seu próprio martírio, prometeu ao soldado que a conduzia, que ia pedir por ele quando estivesse junto de Deus. (Em “Eusébio”,1.6, c. 2; apud Lúcio Navarro (Monsenhor), “A legítima interpretação da Bíblia, p. 542)

9 - Também em Tarragona, o Bispo Mártir São Frutuoso, na hora do suplício, vendo que muitos fiéis faziam fila e lhe pediam a mesma graça de que não se esquecesse deles quando estivesse junto de Deus, falou para todos em voz alta: “Sim, eu devo ter em mente toda a Igreja espalhada pelo mundo, do Oriente ao Ocidente.” (Acta Fructuosi, 1,7)

10 – Fiquemos com esses exemplos, por brevidade. Mas notemos que, transcorrido o tempo das perseguições sangrentas que banharam a terra com o sangue generoso dos heróis da fé, era normal que continuasse a ser lembrada com carinho e espírito de fé, a memória de sua fé e santidade. E especialmente no dia de seu nascimento para a glória, como era chamado o seu “dies natalis” (o dia natalício para a glória), se lhe prestasse culto especial.

C –  Documentos Arqueológicos

11 - A fé dos cristãos dos três primeiros séculos nessa verdade está também registrada em muitas inscrições gravadas nos túmulos de santos cristãos e mártires da fé. Eis alguns exemplos:

– No Cemitério de São Pânfilo“Mártires santos, bons e benditos, ajudai a Ciríaco”;

– No Cemitério de Aquiléia“Santos Mártires, lembrai-vos de Maria”;

– Na Via Salária lemos também esta inscrição: “Genciano, fiel em paz… Que em tuas orações, rogues por nós porque sabemos que estás em Cristo”;

– No Cemitério de Gordiano esta outra: “Sebácio, doce alma, pede e roga por teus irmãos e companheiros”;

– E no de São Calixto: “Vicência, pede em Cristo por Febe e seu esposo”.

– No Cemitério de Priscila: “Anatólio… teu espírito descanse em Deus. Pede por tua mãe”.

São alguns registros apenas. Ver outros em Lúcio Navarro -Ibidem, pg. 541-542- Recife, PE.

12 – Foi certamente com base em documentos com esses acima transcritos, e em muitos outros, que o sábio Leibnitz – protestante, mas que estudou com lealdade esse assunto – deixo-nos o seguinte e importante depoimento: “É certo que já no segundo século da Igreja Cristã, eram celebradas as festas dos mártires, e que em seus túmulos se reuniam assembléias religiosas.” (Em “Syst. Theol.”, p. 70)

13 - Note-se que a expressão “assembléias religiosas” indica as “reuniões cultuais” dos primeiros cristãos para celebrar os Mistérios Eucarísticos, ou Santa Missa, e que na época das perseguições religiosas, era também celebrada sobre os túmulos dos mártires nas catacumbas. Eis a razão da “pedra d´ara” dos nossos altares, que contém relíquia dos mártires, e sobre a qual se celebra a Santa Missa.

14 – Conclusão: A devoção ou culto dos Santos, como é praticado na Igreja Católica  -  e não nas superstições espíritas e folclóricas -  teve sua origem na Igreja Primitiva ou Apostólica, que era dirigida, ou pelos Apóstolos diretamente, ou pelos santos Bispos que os Apóstolos mesmos estabeleceram para substituí-los, e não tardiamente, no século IV, como falsamente pretendem os protestantes.

15 – Eis os motivos de garantia da legitimidade da devoção aos Santos. Eis como a única Igreja de Cristo (Mt 16,18), a que unicamente tem a promessa de sua assistência  divina (Mt 28,20), explicitou os textos sagrados que contêm a verdade bíblica da intercessão dos Anjos e Santos. (Cf “Folhetos Católicos”, nº 3) Ela orientou assim os fiéis a festejar o dia de seus natalícios para o Céu, a pedir-lhes auxílio junto de Deus, e a se esforçarem por imitar-lhes as virtudes cristãs.

Fonte: https://tradicaocatolicaes.wordpress.com/2010/07/11/a-devocao-aos-santos-na-fase-apostolica-da-igreja/

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Culto dos Santos e Paganismo

CARMEN (S. João de Meriti):

O culto dos Santos não será paganismo que corrompe o Evangelho? Em particular, a devoção a Maria parece derrocar à excelência de Cristo, o único Mediador entre Deus e os homens (cf. 1Tim 2,5)

 

 -1- Embora o culto dos santos seja por vezes exagerado por parte de devotos pouco esclarecidos, ele possui um sentido profundamente cristão; dir-se-á mesmo: ...um sentido essencialmente teocêntrico e cristocêntrico.

Com efeito, Quem são os santos, que a piedade cristã tem em vista?

São membros do Corpo Místico de Cristo nos quais a Redenção deu a plenitude de seus frutos; terminaram a sua peregrinação terrestre totalmente penetrados pelo amor de Cristo, fielmente configurados a Ele, e gozam atualmente da visão de Deus face a face.

Conscientes disto, os cristãos, desde os primeiros séculos, voltaram sua atenção para os santos (em primeiro lugar, para os mártires, que são os mais belos frutos da obra do Redentor) a fim de os envolver na sua piedade. Anualmente no dia aniversário da morte (chamado com muito acerto «o dia natalício») de tal mártir ou tal justo famoso, os fiéis se reuniam e se reúnem, para celebrar a Liturgia votiva do santo.

E qual o sentido preciso dessa celebração? Não desvia ela a atenção dos orantes, que deve estar toda voltada para Deus?

Não. A genuína piedade para com os santos é — repitamo-lo — teocêntrica; nem querem eles ser cultuados em detrimento da nossa união com Deus; muito ao contrário, só desejam que esta se intensifique.

Na verdade, os santos, em primeiro lugar, constituem motivo especial para que os cristãos adorem, louvem e agradeçam a Deus. Com efeito, todo santo é do seu modo um artefato esmerado do Criador e do Redentor (cf. SI 4,4); é uma expressão enfática da sabedoria de Cristo e da sua vitória, que nele se desdobra com matizes particulares e traços minuciosos muito vivos. E é essa magnificência divina que, antes do mais, os fiéis reconhecem e agradecem ao considerar os santos. O culto prestado a estes, portanto, é sempre relativo; é o culto indireto do Criador, do Redentor e de sua Bondade (está claro que o cristão não pensa em adorar os santos, muito menos ainda adorar uma estátua de santo).

Após evocar à nossa memória Deus e suas obras, a figura do Santo cultuado não pode deixar de despertar nos fiéis que ainda peregrinam nesta terra, o desejo de chegarem também eles ao termo consumado ou à Jerusalém celeste em que se encontram os bem-aventurados. Por isto o culto dos santos implica, em segundo lugar, uma prece, geralmente dirigida a Deus Pai, a fim de que, por intercessão de tal ou tal membro da corte celeste, nos queira outorgar «o pão nosso de cada dia», as graças, tanto espirituais como sensíveis, de que necessitamos para conseguir a plenitude da Redenção, para ser imagem perfeita do Cristo Jesus (cf. Rom 8,29). O santo, em tal caso, é considerado como o amigo que, em virtude de sua caridade, não pode deixar de orar pelo amigo que dele precisa; as preces dos justos consumados são, sem dúvida, particularmente agradáveis ao Pai do céu (cf. Gên 18,22-32). Mais ainda: quando oramos a Deus apresentando-lhe a obra grandiosa que Ele realizou em seus santos, valemo-nos deles como que de penhores da nossa consumação; é-nos lícito apoiar-nos sobre o que Deus já fez em seus justos para pedir faça algo de semelhante em nós.

A Sagrada Escritura mesma dá-nos a saber que o Senhor do céu manifesta aos seus justos o que nos concerne na terra, mormente as nossas necessidades; mostra-nos também como, em consequência, oram por nós (aliás, como se poderia admitir o contrário, desde que constituímos uma grande família, um Corpo Místico, a Comunhão dos Santos?). Tenha-se em vista, por exemplo, o texto de 2 Mac 15, 11-14, segundo o qual Judas Macabeu contemplou no céu Onias, o antigo Sumo Sacerdote, de «aspecto modesto e costumes brandos... entregue desde a infância a todas as práticas da virtude, o qual estendia as mãos e orava por toda a nação dos judeus». Viu também Jeremias, «notável por sua dignidade, revestido de prodigiosa e soberana majestade», a respeito do qual lhe foi dito ; «"Este é o amigo de seus irmãos, aquele "que muito ora pelo povo e por toda a Cidade Santa, Jeremias, o profeta de Deus».

Pode-se lembrar outrossim que no Apocalipse o vidente descreve um anjo a fazer subir até o trono de Deus as preces proferidas pelos justos na terra (8,3s).

-2- As orações clássicas que a Liturgia formula no culto dos santos geralmente se dirigem a Deus Pai, para O louvar e suplicar mencionando os méritos tal ou tal justo. Contudo, após o que foi dito, vê-se não ser errôneo interpelar diretamente os santos; é mesmo este o modo mais comum como o povo cristão os cultua. Isto não quer dizer que sejam considerados fontes de graças e doadores da Redenção. Ao contrário, todo fiel sabe perfeitamente que os santos são grandes unicamente por causa do Sumo Sacerdote, cujos méritos frutificaram neles;... sabe que o Cristo é o único Dispensador da salvação. A esta verdade, porém, não inflige derrogação nenhuma quando pede aos santos unam suas preces às nossas no intuito de nos obter os benefícios do Redentor; se se tornam intercessores nossos, a sua mediação não se coloca ao lado da de Cristo, encobrindo o papel do Salvador, mas, ao contrário, fica toda sujeita a Jesus; é mesmo uma afirmação nova, por vezes esplendorosa, da mediação do Redentor.

É neste sentido que a Igreja entende a piedade para com os santos.

-3- Tais idéias se aplicam de maneira especial à devoção a Maria Santíssima. Além de ser, dentre as criaturas, a que mais agradou a Deus, Cristo quis torná-la Mãe dos homens (cf. Jo 19,26s); o que quer dizer : associou-a particularmente a nós por caridade, e confiou-nos de modo especial à sua proteção. Conscientes disto, é que os cristãos recorrem com ternura filial às preces da Mãe do céu; sabem que é esta a criatura na qual Cristo com mas abundância quis derramar os benefícios da Redenção, unindo-a muito intimamente a Si em toda a sua obra salvadora; foi por Maria que Cristo veio ao mundo; a carne de Maria e a carne de Jesus eram «uma só carne» (como se diz classicamente). O próprio Senhor se dignou mostrar quanto lhe agradava a intercessão de Maria : por ocasião das bodas de Caná, rogado por sua Mãe Santíssima, insinuou-lhe primeiramente que ela desejava algo de muito grande (quase a “antecipação da sua hora”), mas não deixou de fazer o seu primeiro milagre justamente a pedido de Maria (cf. Jo 2,1-11). Este episódio tem certamente profundo significado para se avaliar a devoção a Maria Ssma.

Note-se ainda que esta em absoluto não derroga à mediação de Cristo; foi mesmo por causa de Jesus, para mais O pôr em realce, que a atenção dos fiéis pela primeira vez se voltou para Maria de modo solene: no séc. V, a fim de defender o genuíno conceito da Encarnação do Filho de Deus, os bispos e teólogos reunidos no concilio de Éfeso (431) definiram convir a Maria verdadeiramente o título de «Mãe de Deus» (Theotókos); dizendo isto, queriam proclamar, contra o Nestorianismo, haver em Cristo uma só Pessoa — a Divina (cf. «Pergunte e Responderemos» fasc. 6 de 1957, qu. 3). Assim a primeira afirmação mariana da teologia católica foi, em última análise, uma afirmação cristológica; e foi sempre em função de Cristo, subordinadamente a Jesus, que a genuína piedade cristã cultuou a Santa Mãe de Deus.

-4- Aliás, entre os protestantes contemporâneos nota-se uma renovação da estima a Maria: apareceu recentemente um folheto protestante na Suíça, onde se lamenta que a Reforma tenha ido tão longe nas suas derrogações ao culto de Maria e se afirma que o Protestantismo terá de reparar as injustiças cometidas para com a Mãe do Salvador, que é também a Mãe da cristandade toda, visto que, sendo pela fé irmãos de Jesus, havemos também de ser filhos de Maria. Em Taizé-Cluny (França) existe uma comunidade de religiosos reformados (como que monges protestantes) que, dedicando-se à Liturgia, editaram para seu uso um livro de Oficio Divino para cada dia do ano (espécie de Breviário); nesta obra estão assinaladas as festas da Anunciação e da Purificação de Nossa Senhora, assim como uma festa mariana para 15 de agosto. Max Thurian, o pastor dirigente dessa comunidade, observou que, se a invocação dos santos não é disciplinarmente legítima na Reforma, ela parece ao menos lícita. Semelhante afirmação foi proferida pelo pastor Vidal, secretário da Federação Reformada de França.

É muito interessante também o testemunho de Karl Barth, o mais importante teólogo protestante de nossos dias:

No séc. XVI importava dizer que os santos da Igreja, os defuntos, não têm a possibilidade de nos ajudar. Contudo, talvez fosse lícito acrescentar um ponto de interrogação a afirmação tão categórica. Não estou tão certo de que os santos da Igreja não nos podem ajudar; os Reformadores, por exemplo, e os santos que estão sobre a terra. Vivemos em comunhão com a Igreja do passado e dela recebemos um auxílio. Um fato, porém, é certo: nem os homens vivos, nem os que já morreram, podem-se tornar para nós o que Deus é para nós — um socorro na grande opressão que é a nossa diante do Evangelho e da Lei” (La prière d’après les catéchismes de Ia Réformation. Neuchâtel/Paris 1949, 13).

Dom Estêvão Bettencourt (OSB)

www.pr.gonet.biz/kb_read.php?num=1985&head=0

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testemunho dos ortodoxos a favor do dogma católico da comunhão dos santos:

O Apóstolo instrui aqueles que vieram a acreditar em Cristo e foram juntados à Igreja como segue: "Mas chegastes ao monte de Sião, e a cidade do Deus vivo, Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos, à universal assembléia, e à Igreja dos primogênitos, que estão escritos nos céus, e à Deus, o juiz de todos e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e à Jesus o Mediador duma Nova Aliança..." (Heb 12:22-24). Nós não estamos separados de nossos irmãos mortos na fé por um inultrapassável abismo de morte: eles estão perto de nós em Deus, "porque para Ele vivem todos" (Lc 20:39).

A Igreja canta essa relação no Kondakion na festa da Ascensão do Senhor: "Tendo cumprido o plano providencial a nosso respeito e tendo unido a criatura terrestre aos habitantes dos céus, Tu foste elevado em glória, ó Cristo nosso Deus, não Te afastando, mas permanecendo com aqueles que Te amam e a quem Tu mesmo disseste: Eu estou convosco e ninguém pode algo contra vós."

Por certo, existe uma distinção entre a Igreja de Cristo na terra e a Igreja dos santos nos céus; os membros da Igreja terrena ainda não são membros da Igreja celeste.E na realidade, o mundo terrestre e o celeste são duas formas separadas de existência: lá no céu essa existência é sem corpo, aqui na terra é vida com corpo e morte física; lá, aqueles que atingiram, aqui, aqueles que procuram atingir; aqui, fé, lá, vendo o Senhor face a face; aqui esperança lá plenitude.

No entanto, não se pode representar a existência dessas duas religiões, a celeste e a terrestre, como completamente separadas. Se nós não atingimos tão alto como os santos no céu; os santos sim atingem tão alto como nós. Como alguém que se tendo estudado toda uma ciência tem comando também sobre suas partes elementares, assim como um general que entrou em uma nação tem comando também sobre suas fronteiras; assim também aqueles que alcançaram o céu em seu comando aquilo que eles passaram através de, e eles não cessam de ser participantes na vida da Igreja, militante na terra.

Os santos Apóstolos, partindo desse mundo, dispensaram o corpo terrestre, mas não dispensaram o copo da Igreja. Não só eles foram, mas eles também permanecem sendo as bases da Igreja. A Igreja é construída "sobre o fundamento dos Apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina" (Ef 2:20) estando no céu, eles continuam a estar em comunhão com os fieis aqui na terra.

Tal entendimento esteve presente no pensamento patrístico antigo, tanto no oriente quanto no ocidente. Aqui estão as palavras de Crisóstomo:

"De novo, o memorial dos mártires, e de novo um dia festivo e de solenidade espiritual. Eles sofreram, e nós rejubilamos; eles lutaram, e nós saltamos de alegria; sua coroa é a glória de todos, ou melhor, a glória de toda a Igreja. Como pode ser isso? Você diria. Os mártires são nossas partes e membros. Mas, "De maneira que se um membro padece, todos os membros padecem com ele, e se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele" (1 Co 12:26). A cabeça é coroada e o resto do corpo se rejubila, e recebe o vitorioso nos jogos Olímpicos, e todo o povo se rejubila, e recebe o vitorioso com grande glória. Se nos jogos Olímpicos, e todo povo rejubila, e recebe o vitorioso com grande glória. Se nos jogos Olímpicos aqueles que não participam em nada dos esforços recebem tal satisfação, muito mais pode assim ser com respeito às batalhas da piedade. Nós somos os pés, e os mártires são as cabeças: "mas a cabeça não pode dizer aos pés: não tenho necessidade de vós" (1 Co 12:21). Os membros são glorificados mas a preeminência de glória não os separa da ligação com as outras partes; porque então eles estão especialmente gloriosos quando não estão separados da ligação com outras partes." "Se o Mestre deles não se envergonham de ser nossos membros; pois neles está expresso o amor, e amor usualmente junta e liga coisas que estão separadas apesar da sua diferença em dignidade" (São João Crisóstomo, "Elogy for the Holy Martir Romanus").

"Porque as almas dos mortos pios," diz o Bem Aventurado Agostinho, "não partem da Igreja, que é o Reino de Cristo. Isto é porque, no altar do Senhor, o memorial delas é realizado pelo oferecimento do Corpo de Cristo... porque isso deveria ser feito senão porque os fiéis mesmo depois da morte permanecem membros da Igreja?"

A Igreja em suas orações para os Apóstolos e Hierarcas chama-os de pilares, sobre os quais ainda hoje a Igreja está estabelecida. "Tu és um pilar da Igreja"; "Vós sois pilares da igreja"; "tu és um bom pastor e fervoroso professor, ó hierarca," "Vós sois os olhos da Igreja de Cristo"; "Vós sois as estrelas da Igreja" (de vários Ofícios da Igreja). Em harmonia com a consciência da Igreja, os santos, indo para o céu, compõem o firmamento da Igreja como estrelas magníficas, e eles brilham sobre os fiéis, ó divinos Mestres, guerreiros de Cristo" (do Ofício Comum do Mártires). "Como brilhantes e luminosas estrelas vós mentalmente se mostram no firmamento da Igreja, e assim iluminam toda criação (do Ofício para os Hieromártires).

Existe uma base para tais apelos aos santos nas próprias palavras de Deus. No Apocalipse de São João o Teólogo nós lemos: "A quem vencer, eu o farei coluna no templo de meu Deus ..." (Ap 3:12). Assim os santos são colunas da Igreja não só no passado, mas também em todos os tempos.

Nessa ligação da Igreja com os santos, e da mesma forma na liderança da Igreja pelo próprio Senhor, pode ser visto um dos lados místicos da Igreja. "Por tua Cruz, ó Cristo, existe um só rebanho de anjos e homens; e na assembléia céu e terra rejubilam, clamando, Senhor, glória a Ti" (Octoecos, Tom 1, Apóstica de matinas de Quarta-feira).

Quando a voz comum da Igreja testemunha a justiça da pessoa que repousou, são colocados como um exemplo a ser imitado e os Cristãos são ensinados pelo bom exemplo de sua vida.

E quando, depois, a convicção geral da santidade da pessoa que repousou é confirmada por testemunhos especiais, martírio, confissão sem medo, auto-sacrifício ao serviço da Igreja, dom de cura, e especialmente quando o Senhor confirma a santidade da pessoa que repousou por milagres após sua morte quando ela é lembrada em orações então a Igreja glorifica-a de modo especial. Como a Igreja pode não glorificar aqueles que o próprio Senhor chama de Seus "amigos"? "Vós sereis meus amigos, ... tenho-vos chamado amigos" (Jo 15:14-15), a quem Ele recebeu em Suas mansões celestiais em cumprimento das palavras: "... para onde eu estiver estejais vós também" (Jo 14:3). Quando isso acontece; cessar as orações pelo perdão dos pecados da pessoa que partiu, e pelo seu repouso; elas dão lugar a outras formas de comunhão com a pessoa, nomeadamente: a) louvação de suas lutas em Cristo, "pois não se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no selador, e da luz em todos que estão na casa" (Mt 5:15); b) petições à pessoa para que ela ore por nós, pela remissão dos nossos pecados, e pelo nosso avanço moral, e que ela possa nos ajudar em nossas necessidades espirituais e em nossas aflições.

É dito: "Bem aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor" (Ap 14:13) e na verdade nós os bendizemos.

É dito: "E Eu dei-lhes a glória que a Mim me deste (o Pai)" (Jo 17:22), e nós na verdade damos essa glória à pessoa, de acordo com o comando do Salvador.

Da mesma forma o Salvador disse: "Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de justo" (Mt 10:41). "Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe" (Mt 12:50). Portanto, nós devemos receber um justo como um justo. Se ele é irmão do Senhor, então ele deve ser o mesmo para nós também. Os santos são nossos irmãos espirituais, irmãs, mães e pais, e nosso amor por eles é expresso pela comunhão em oração com eles.

O Apóstolo João escreveu para seus companheiros Cristãos: "O que vimos e ouvimos isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com Seu Filho Jesus Cristo" (1 Jo 1:3). E na igreja essa comunhão com os Apóstolos não é interrompida ; ela continua com eles no outro reino da existência deles, o reino celeste.

A proximidade dos santos ao Trono do Cordeiro e a elevação por eles de orações pela Igreja na terra é descrito no livro da Revelação (Apocalipse) de São João Teólogo: "E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões e milhares de milhares," que louvavam o Senhor (Ap 5:11).

Comunhão em oração com os santos é a realização em fatos reais da ligação entre os Cristãos na terra e a Igreja Celeste na qual o Apóstolo fala: "Mas chegastes ao monte de Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém Celestial e aos muitos milhares de anjos; à universal assembléia e igreja dos primogênitos que estão inscritos nos céus, e à Deus o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados" (Heb 12:22-23).

A Sagrada Escritura apresenta numerosos exemplos do fato que, enquanto ainda vivendo na terra, o justo pode ver e ouvir e conhecer muito do que é inacessível ao entendimento comum. Muito mais esses dons estão presentes com eles quando eles dispensaram a carne e estão no céu. O Santo Apóstolo Pedro viu no coração de Ananias, de acordo com o livro dos Atos (At 5:3). A Eliseu foi revelado o ato sem lei do servo Geazi (2 reis, cap 4), e o que é ainda mais notável, para ele foi revelada as intenções secretas da corte Síria, que ele então comunicou ao Rei de Israel (2 Reis 6:12). Quando ainda na terra, os santos penetram em espírito mundo acima; e alguns deles vêem coros de anjos, a outros é concedido contemplar a imagem de Deus (Isaias e Ezequiel), e ainda outros são exaltados para o terceiro céu e lá ouvem palavras místicas e impronunciáveis. Ainda mais quando eles estão no céu e são capazes de saber o que está a acontecendo na terra e de ouvir aqueles que apelam a eles porque os santos no céu são iguais aos anjos (Lc 20:36).

Da parábola do Senhor sobre o homem rico e Lázaro (Lc 16:19-31) ficamos sabendo que Abrahão, estando no céu, podia ouvir o grito do homem rico que estava sofrendo no inferno, apesar do "grande abismo" que os separava. As palavras de Abrahão sobre os irmãos do homem rico: "Tem Moisés e os profetas; ouçam-nos" (Lc 16:29) claramente indicam que Abrahão conhece a vida do povo hebreu que ocorreu depois de sua morte; ele sabe de Moisés e da lei, dos profetas e seus escritos. A visão espiritual das almas dos justos no céu, sem nenhuma dúvida, é maior do que a visão era na terra. O Apóstolo escreve: "porque agora temos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido" (1 Co 13:12).

A Santa Igreja sempre manteve o ensinamento da invocação dos santos estando totalmente convencida que eles intercederam por nós perante Deus no céu. Isso nós vemos nas antigas Liturgias. Na Liturgia do santo Apóstolo Tiago é dito: "Especialmente nós fazemos memória da Santa, Gloriosa e Sempre Virgem, a abençoada Theotokos. Lembra-te Dela, Ó Senhor, e pelas santas orações delas, preserva-nos e tem piedade de nós." São Cirilo de Jerusalém, explicando a Liturgia na Igreja de Jerusalém, destaca: "Então nós também comemoramos (oferecendo o Sacrifício Sem Sangue) aqueles que partiram previamente: antes de todos, patriarcas, profetas, apóstolos, mártires para que por suas orações e intercessão de Deus venha a receber nossas petições."

Numerosos os testemunhos dos padres e professores da Igreja, especialmente do quarto século em diante, a respeito da veneração pela Igreja dos Santos. Mas já no começo do segundo século existe indicações diretas na antiga literatura Cristã a respeito da fé, da oração dos santos no céu por seus irmãos na terra. Os testemunhos da morte por martírio de São Inácio o Teóforo (no começo do século segundo) dizem : "Tenho retornado à casa com lágrimas, nós tivemos a vigília de toda a noite... então, depois de dormir um pouco alguns de nós de repente vimos o abençoado Inácio em frente a nós e nos abraçando, e outros igualmente o viram orando por nós." Relatos similares, mencionando as orações e intercessão por nós dos mártires, são encontrados em outros relatos da época da perseguição contra os Cristãos.

https://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/teologia_dogmatica_p.htm#_Toc36988430

testemunho dos ortoxos a favor da venerção e intercessão dos santos:

 

Por ocasião do batismo recebemos o nome em homenagem a um santo, o qual desde aquele momento se torna o nosso protetor, patrono celestial.

Qual o sentido da veneração  dos santos ? Será que os santos no Céu conhecem as nossas necessidades e nossas dificuldades, e será que eles se interessam por isto ? Será que eles ouvem as nossas preces e procuram nos ajudar ? Será que é bom pedir a ajuda dos santos, ou será que é suficiente somente orar a Deus ? As seitas, que perderam a tradição apostólica, não compreendem a essência e o objetivo da Igreja de Cristo e por isso negam a necessidade de orações aos santos no Céu. Resumiremos aqui o ensinamento  sobre este assunto.

A veneração dos santos é baseada na convicção de que todos nós, que estamos tentando nos salvar e os que já se salvaram, vivos e mortos, constituem uma única família de Divina. A igreja é uma grande sociedade, que abrange todo o mundo visível e invisível. Ela é uma organização enorme, mundial, constituída sobre os princípios de amor, onde cada um deve cuidar não só de si, mas também do bem-estar e da salvação de outras pessoas. Os santos são aquelas pessoas, que durante a vida demonstraram mais amor para com os próximos.

Nos, ortodoxos, cremos, que quando uma pessoa justa morre, ela não rompe a sua ligação com a Igreja, mas passa para a sua esfera mais alta, celestial — para a Igreja triunfante. No mundo espiritual a alma da pessoa não deixa de pensar, querer, sentir. Pelo contrário, estas qualidades se abrem ainda mais amplamente e com uma maior perfeição.

Os cristãos modernos, não ortodoxos, que perderam a sua ligação viva com a Igreja Celestial-terrestre, têm as mais vagas e confusas idéias sobre a vida após a morte. Alguns deles acham, que depois da morte a alma do homem adormece e se desliga de tudo; outros — que a alma do homem, mesmo continuando a sua atividade depois da morte, não se interessa mais pelo mundo, do qual saiu. Outros ainda acham, que em princípio não se deve orar aos santos, pois o cristão tem uma relação direta com Deus.

Mas qual é o ensinamento das Escrituras Sagradas a respeito dos justos, que deixaram o mundo terrestre, e qual a força de suas preces? Nos tempos dos apóstolos a Igreja era compreendida como uma só família, Celestial-terrestre. O apóstolo Paulo escrevia aos neófitas: "Aproximastes-vos do Monte Sião e de Jerusalém celeste, cidade de Deus vivo e de milhares e milhares de anjos, reunião festiva, e assembléia dos primogênitos, cujos nomes estão inscritos nos Céus, onde Deus é Juiz de todos e as almas dos justos estão já na posse da perfeição" (Hebreus 12:22-23). Por outras palavras, vós, que se converteram para o cristianismo, entraram para uma grande família, recebendo uma ligação íntima com o mundo celestial e com aqueles, que lá se encontram. As palavras finais do apóstolo Pedro aos cristão da Ásia Menor — "Envidarei, portanto, todos os meus esforços para que, depois da minha partida, vós recordeis disto" (2 Pedro, 1:15) — testemunham claramente que ele promete se preocupar com eles também depois, no mundo espiritual.

O antigo hábito de pedir ajuda aos santos mártires e santos justos é baseado na consciência de um contato estreito e vivo com a Igreja Celestial-terrestre e na fé em força das preces dos santos.

Sabemos, que nem todos os homens, mas somente aqueles mais diligentes e justos eram chamados por Deus de Seus amigos e somente estes receberam os dons do Espírito Santo e dons de fazer milagres. Assim, Cristo, durante a Ultima Ceia, disse aos apóstolos: "Vós sois Meus amigos! ... Pois, quem fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, e irmã, e mãe" (João 15:14-15; Mateus 12:50). A historia sagrada nos dá muitos exemplos da proximidade espiritual, de "ousadia" dos santos nos seus pedidos a Deus. Assim, por exemplo, Abraão pediu que Deus tenha piedade dos moradores de Sodoma e Gomorrha, e Deus se prontificou a cumprir o pedido dele, se entre os moradores tivesse pelo menos 10 homens justos. Outra vez, Deus desviou o castigo de Abimelec, rei de Gerar, atendendo ao pedido de Abraão (Gênese, cap. 18, Gênese, cap. 20). A Bíblia nos conta, que Deus conversou com Moisés pessoalmente, "como uma pessoa que conversa com o seu amigo." Quando Mariam, a irmã de Moisés, pecou e foi castigada pela lepra, Moisés suplicou a Deus e obteve lhe o perdão (Êxodo 33:11; Números cap. 12). Podemos relatar também outros exemplos sobre a força extraordinária das preces dos santos.

Os santos não ofuscam Deus e não diminuem a necessidade de nossas preces à Ele, como o nosso Pai Celestial. Assim, os adultos numa família não diminuem a autoridade dos pais, quando se preocupam com as crianças junto com eles. Podemos dizer até mais: nada alegra tanto os pais como a preocupação dos irmãos mais velhos com as crianças. Assim também o nosso Pai Celestial se alegra ouvindo as preces dos santos e vendo o empenho deles em nos ajudar. Os santos têm uma fé maior que nós e ficam perto de Deus porque são justos. Portanto vamos rezar a eles como se eles fossem nossos irmãos mais velhos que estão diante do trono de Deus.

É bom saber, que os justos, ainda aqui na terra, viam e sabiam muita coisa daquilo, que é desconhecido por um homem simples. Assim, muito mais, eles devem ter estes dons agora, quando passaram da vida terrestre para o mundo celestial. Por exemplo, o apóstolo Pedro viu, o que acontecia com a alma de Ananias; Eliseu ficou sabendo sobre o pecado do servo Giezi, e o que é ainda mais admirável, soube de todas as intenções da corte síria, as quais ele depois revelou ao rei de Israel. Muitos santos, ainda aqui na terra, penetraram em espírito no mundo Celestial, uns viram muitos anjos, outros eram dignos até ver Deus (Isaías, Ezequiel), outros eram elevados até o terceiro Céu, onde ouviram misteriosas vozes, como por exemplo, o apóstolo Paulo. Assim, tanto mais, por estarem no Céu eles têm a faculdade de saber tudo aquilo que se passa na terra e podem ouvir as súplicas daqueles que os pedem, pois os santos no Céu "são iguais aos anjos" (Atos 5:3; 4 Reis cap. 4; 4 Reis 6:12; Lucas 20:36). Da parábola de Cristo sobre o rico e o Lázaro sabemos, que Abraão, estando no Céu, podia ouvir as lamentações do rico, sofrendo no inferno, não obstante o "grande precipício" que os dividia. As palavras de Abraão: os teus irmãos têm Moisés e profetas, então que os obedeçam, — demonstram claramente que Abraão conhece o que acontece na vida dos israelitas mesmo após a sua morte, que conhece Moisés e seus mandamentos, os profetas e suas escrituras. A visão espiritual dos justos lá no Céu é, sem dúvida, muito maior do que era na terra. O apóstolo diz: "Agora vemos por espelho, de maneira confusa, mas então será face a face. Agora conheço de modo imperfeito, mas então conhecerei como sou conhecido" (1 Coríntios 13:12).

A proximidade dos santos do Trono de Deus e a força de suas preces pelos fieis, que estão na terra, é mostrada no livro do Apocalipse, onde o apóstolo João diz: "Na minha visão ouvi também, ao redor do trono, ao redor dos seres vivos e dos anciãos, a voz de muitos anjos — miríades de miríades e milhares de milhares." Depois ele descreve a visão dos justos, no Céu rezando por homens, que estão na penúria na terra: "E adiantou-se um outro anjo, e pôs-se diante do altar, segurando um turíbulo de ouro. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está diante do trono. E a fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo, com as orações dos santos, diante de Deus" (Apocalipse 5: 8.11; 8:3-4).

Grande é a força de oração: "Confessai-vos, pois, mutuamente os vossos pecados para alcançar a saúde. É de grande poder a oração eficaz do justo" ensinava o apóstolo Tiago (Tiago 5:16). A oração pelo outro é a expressão do amor; e os santos no Céu, orando por nos, demonstram o seu amor fraternal e sua preocupação conosco.

Tanto no Evangelho, como em outros livros do Novo Testamento achamos muitos exemplos que testemunham a força da oração por outras pessoas. Assim, por exemplo, a pedido de um cortesão, o Senhor curou o seu filho; a pedido de uma mulher, a filha dela foi libertada do demônio; a pedido de um pai, Senhor expulsou o demônio do filho dele; e a pedido dos amigos, perdoou e curou um paralítico, a quem os amigos dele desceram do telhado; a pedido de um centurião romano um servo deste foi curado (João 4:46-53; Mateus 15:21-23; Marcos 9:17-25; Marcos 2:2-25; Mateus 8:5-13). E a maior parte das curas milagrosas foi efetuada pelo Senhor à distancia.

Assim, se as orações de pessoas simples tiveram tanta força, quanto mais poderosas são as orações dos justos que estão diante do trono de Deus. "Esta é a confiança que temos Nele: se pedirmos alguma coisa conforme a Sua vontade, Ele nos ouve" (1 João 5:14).

Eis porque a Igreja, desde os tempos mais remotos, sempre mantinha o ensinamento sobre o proveito das orações aos santos. Por exemplo, isto está presente nas liturgias antigas e outros legados. Em liturgia do apóstolo Tiago lemos: "Principalmente lembremo-nos da Santíssima e Gloriosa Sempre Virgem, Mãe de Deus. Senhor, lembre-Te Dela e pelas santas orações Dela tenha piedade de nós." São Cirilo de Jerusalém, explicando a liturgia da Igreja de Jerusalém, diz: na Liturgia, nos invocamos também os que já morreram, em primeiro lugar — os patriarcas, os profetas, os apóstolos, os mártires, para que, pelas suas orações, Deus aceite os nossos pedidos também.

Muitos padres e doutores da Igreja, principalmente a partir do século IV, atestam a necessidade de venerar os santos. Mas já no começo do século II temos indicação direta, nas escrituras daquela época, da fé em orações dos santos no Céu por seus irmãos na terra. Os testemunhas do sofrimento e da morte do santo Inácio Teóforo (começo do século II) dizem: "Quando voltamos em lágrimas para casa, fizemos vesperal ... Depois, dormimos um pouco e alguns de nós viram o bem-aventurado Inácio, que se levantou, nos abraçou e também alguns de nos viram como ele rezou por nós." Existem muitas anotações parecidas sobre as orações e pedidos por nós aos santos mártires, principalmente da época das perseguições dos cristãos.

A convicção na santidade de uma pessoa falecida é atestada por vários fatores, por exemplo: sofrimento pelo Cristo, a confissão intrépida da fé, o trabalho abnegado para a Igreja, o dom de cura. Principalmente, Nosso Senhor nos demonstra a santidade de uma pessoa por milagres após a morte dela, quando em nossas orações invocamos tal pessoa.

Além de uma ajuda pela oração, os santos nos ajudam a alcançar a salvação também com o exemplo de suas vidas. O cristão fica muito enriquecido quando lê as vidas dos santos e vê, como eles conseguiram incorporar o Evangelho em suas vidas. Aqui temos tantos exemplos de uma fé viva, de coragem, de paciência. Os santos eram pessoas iguais à nos, mas eles venceram as mais difíceis tentações e nos encorajam a seguir o nosso caminho com paciência e sem resmungar.

O apóstolo Tiago conclamava os cristãos a imitar a paciência dos profetas antigos e do Jó, que sofreu muito, para alcançar uma fé tão firme como a do profeta Elias. O apóstolo Pedro ensinava as mulheres serem tão modestas como a justa Sara, esposa do Abraão. Santo Apóstolo Paulo nos dá exemplos de ascese dos antigos justos, a começar pelo Abel e terminando com os mártires Macabeus e conclama os cristãos a seguirem estes exemplos. Terminando os seus ensinamentos, ele diz: "Portanto nós, rodeados que estamos de tal nuvem de exemplos, livres de todo obstáculo e do pecado que nos seduz tão facilmente, enfrentemos, com a arma da paciência, o combate que se nos apresenta" (Tiago cap. 5: 1 Pedro 3:6; Hebreus 12:1).

O Senhor disse: "Nem se acende uma candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas encima do candelabro, onde brilha para os que estão em casa. Assim brilhe vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus" (Mateus 5:15-16). Os santos são estrelas brilhantes, que nos mostram o caminho para o Reino de Deus.

Vamos valorizar a proximidade a Deus dos nossos santos e vamos invoca-los, pedindo a sua ajuda e lembrando-nos, que eles nos amam e se preocupam com a nossa salvação. Nos dias de hoje é importantíssimo conhecer a vida dos santos, pois em geral, entre os "cristãos" de hoje, a compreensão dos ideais cristãos ficou muito deturpada.

https://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/saints_1_p.htm#_Toc45694670

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.Leitor protestante iguala a invocação dos santos com a "evocação dos mortos"

Prezados,

Como evangélico de mente aberta que sou, tenho lido as vossas colocações acerca da fé católica. Entretanto, apesar de não ser um cristão fundamentalista e de crer que existem verdadeiros cristãos dentro da igreja católica, existem coisas muito difíceis para que eu "engula" dentro do vosso corpo doutrinal.

A primeira delas é realmente a controversa intercessão dos santos. Não se pode deixar de se associar a prática com a invocação aos mortos, por mais que se queira diferenciar (não vejo diferença alguma). Quanto a isto, o Velho Testamento nos avisa enfaticamente:

Isaías 8:19 " ...Acaso não consultará um povo a seu Deus? acaso a favor dos vivos consultará os mortos?"

A parábola do rico e de Lázaro também é bastante elucidativa:

Lucas 16:26 "E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem os de lá passar para nós".

E ainda, mais claramente, vemos que os mortos não têm consciência alguma do que se passa "debaixo do sol", embora estejam vivos para Deus (Mateus 22:32).

Eclesiastes 9:5 " Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma..."

Não é um contra-senso orar para que um morto interceda por nós? Não diz a Escritura que não se pode consultar os mortos pelos vivos? Afinal, em todo o Novo Testamento e até mesmo nas primeiras epístolas dos sucessores dos apóstolos (barnabé, clemente, etc) não vemos tal prática. A única parte da escritura que dá algum suporte à prática está nos livros deuterocanônicos, que muitos pais rejeitaram como inspirados (sei que alguns aceitaram). Aliás, a intercessão que vemos a maioria dos católicos citarem nas escrituras como suporte pela "intercessão dos santos" é SEMPRE de VIVOS para VIVOS. Os textos usados para suportar a prática são usados pelos evangélicos, quando pedem para orar uns pelos outros (vivos por vivos) - que é a prática do NT. Nunca vi uma intercessão de mortos para vivos. Além disso, todos na igreja eram considerados "santos". Paulo chama todos na igreja de santos (ver 1 cor 1:2), não existindo na igreja primitiva a "casta" que se faz atualmente, diferenciando os fiéis dos santos (todos os fiéis são santos). Vemos nas escrituras, contudo, que cada um receberá de acordo com suas obras. Alguns receberão muitas graças e outros poucas, mas todos são santos e justificados por Cristo. O mérito pela salvação é dele. As obras definirão o tamanho do galardão de cada um.

Alguns poderão citar que no apocalipse vemos as almas dos justos que clamam por justiça a Deus, mas a justiça é pela morte injusta que receberam quando em vida. Eles não estão clamando pelos que estão na terra.

Além disso, a maioria do povo não sabe diferenciar a adoração da veneração que vocês tanto colocam. Isto me parece um discurso intelectual, mas na prática o negócio é diferente. O "povão" (mais de 90% dos católicos) adora mesmo às imagens, o santo, etc. Vê nele uma espécie de "atalho" para Deus, pois se sente incapaz de fazer uma "ligação direta" com o Pai. Em suma, fazem do santo uma espécie de "semi-deus". Será que isto agrada mesmo o coração do Pai? Lembremo-nos que Jesus, em sua oração modelo, nos ensina a orar para o Pai. "Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome..." (Lucas 11:2). O próprio Jesus nos ensinou a orar ao Pai - e em nome dele -, e não a homens justos que cumpriram sua missão na terra. Insistir em fazer de outra maneira não é ignorar a vontade que Ele deixou expressa para fazer de uma outra forma? Não é o mesmo que pegar o manual do seu automóvel que diz como deve ser a manutenção e então ignorar o que está dito ali e usar o "jeitinho brasileiro" e fazer de outra forma?

Assim, vejo a prática de invocar os mortos em favor dos vivos como, no mínimo, perigosa. Corre-se o risco de cair na condenação de Deus acerca de quem faz tais práticas. Não estou, contudo, querendo julgar. Não cabe a mim fazê-lo e tampouco me considero dono da verdade. Mas acredito que estas considerações são realmente pertinentes, e quero ver a vossa resposta quanto a esta questão.

 

Prezado leitor,

A paz de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

O primeiro parágrafo da sua missiva já revela uma característica muito comum entre os protestantes, aliás, uma característica intrínseca ao protestantismo. Refiro-me ao uso do pronome “eu” (“(...) existem coisas muito difíceis para que eu ‘engula’ dentro do vosso corpo doutrinal.”). As suas próprias palavras indicam que você, ainda que inconscientemente e com a melhor das intenções, despreza, em primeiro lugar, todo o entendimento dos que não são você (ou que não pensam como você). Em outras palavras, no seu modo de ver, se é difícil que você “engula” algo, então esse algo muito provavelmente (ou até certamente) está errado, mesmo que os maiores santos e sábios do mundo o considerem digno de fé. Em segundo lugar, o “corpo doutrinal” ao qual você se refere, e dentro do qual, na sua opinião, existem coisas muito difíceis de ser “engolidas”, é o corpo doutrinal que remonta a Cristo e aos Apóstolos, tendo sido recebido e preservado pela Igreja desde os primórdios do cristianismo até os dias de hoje, e corroborado, tanto na teoria quanto na prática, por incontáveis santos e teólogos cristãos ao longo dos séculos. Não obstante, o único critério epistemológico que realmente importa para você é que algo seja fácil ou difícil de ser “engolido” por você. Em outras palavras, para que algo seja verdadeiro, é preciso que lhe pareça ser razoável: “Isso eu engulo... Aquilo eu não engulo...”. Talvez você se considere mais sensato e sábio do que S. Tomás de Aquino, por exemplo, ou S. Agostinho, ou tantos outros gênios da teologia cristã católica. O mínimo que eu posso dizer com relação a essa presunção é que se trata de uma temeridade. E gostaria de abrir aqui um pequeno parêntese: não é uma atitude típica dos adolescentes e dos jovens desprezar o conhecimento e a experiência dos pais (e das pessoas mais velhas de um modo geral), preferindo seguir e fazer aquilo que lhes pareça certo? E invariavelmente o tempo mostra aos moços e moças quão imprudente é desprezar a sabedoria dos que nos precedem. Se estou dizendo isso não é para lhe provocar, nem para lhe chamar de imaturo, mas sim para levá-lo a refletir sobre o modo pelo qual você tem se posicionado com relação à fé cristã, essa fé que não nasceu ontem, nem há 500 anos, mas que tem 2.000 de história. Digo-o por experiência própria (embora não devamos julgar ninguém a partir de nós mesmos): eu também já achei que a minha compreensão bastava, que o que importava era o que me parecia ser razoável e correto. Eu achava que a fé cristã é que devia se adequar ao meu entendimento, e não o meu entendimento se adequar à fé cristã! Eu achava não só possível que gênios da teologia católica (tanto clérigos quanto leigos) tivessem se equivocado, mas que isso realmente tinha acontecido, ou seja, que esses homens e mulheres, que não tinham outra preocupação além de se manterem fiéis à bimilenar fé católica e à Igreja que a tem preservado, lamentavelmente erraram, pois, incrivelmente, não perceberam aquilo que eu percebia... E assim foi até que Deus, por Sua infinita misericórdia e graça, abriu meus olhos e então eu pude compreender que na realidade era eu que estava errado, que eram o meu orgulho e a minha presunção que me impediam de aceitar e seguir a doutrina tal como ensinada pela única Igreja da qual podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que foi fundada por Jesus Cristo em pessoa com a explícita incumbência de ensinar a toda à humanidade a verdadeira doutrina cristã, acima dos subjetivismos e gostos pessoais. E nesse momento eu não pude fazer outra coisa senão abraçar a fé católica.

Dito isto, convido-o a refletir comigo sobre as objeções à intercessão e à veneração dos santos suscitadas por você:

1) Com relação à oração aos santos (seja na forma de veneração ou de pedido de intercessão junto a Deus), é de fundamental importância distinguir as palavras "invocação" e "evocação". Nós católicos invocamos os santos conforme a primeira acepção do verbo "invocar" de acordo com o Dicionário Aurélio: "Implorar a proteção ou auxílio de; fazer súplicas a; chamar em seu socorro". Isso nada tem a ver com “evocação dos mortos” (de acordo com o Aurélio: "1. Chamar de algum lugar. 2.Fazer aparecer, chamando por meio de esconjuros, invocações ou exorcismos [as almas do outro mundo, os demônios]."). Quem dirige uma prece a um santo não está, de forma alguma, “consultando” a um morto, mas está se dirigindo a uma pessoa viva, e podemos dizer até muito mais viva do que nós, pois já goza da bem-aventurança eterna junto a Deus, e por isso mesmo pode interceder por nós com muito mais eficácia. Com relação à diferença entre "evocar" e "invocar", recomendamos a leitura do artigo "EVOCAÇÃO DE ESPÍRITOS X INVOCAÇÃO DOS SANTOS ", escrito por Renato Rosman, membro deste apostolado, e publicado em nosso site.

2) Que os mortos não têm consciência do que se passa “debaixo do sol”, trata-se de mera conjectura sua, ou seja, você simplesmente pensa assim, interpretando ao seu bel-prazer e de forma estritamente literal passagens como a de Eclesiastes 9,5. Mas você realmente não poderia agir de outra forma, já que, na sua visão, a Bíblia (ou melhor, a sua interpretação da Bíblia) é o bastante, e a Tradição e o ensino do Magistério da Igreja não só podem como devem ser dispensados. Ou seja, não há que se levar em consideração o conjunto da doutrina ensinada pela Igreja, mas tão-somente esta ou aquela passagem isolada e interpretada subjetivamente.

3) Embora a doutrina da veneração e da intercessão dos santos remonte aos primórdios da fé cristã, ela foi se desenvolvendo e se clarificando gradativamente, assim como outros dogmas cristãos, como a Trindade e a divindade de Cristo. Nesse sentido, não surpreende o fato de que não haja referências explícitas à doutrina dos santos nas epístolas bíblicas e nos primeiros escritos cristãos. A esse respeito, recomendo a leitura do e-bookMARIA, OS SANTOS E OS ANJOS”.

4) No que se refere à fundamentação escriturística da doutrina dos santos, é importante ressaltar que somente à Igreja (e não a este ou aquele teólogo) foi confiada a autoridade para definir o cânon, e foi com essa mesma autoridade que a Igreja sancionou a doutrina da veneração e da intercessão dos santos. Ademais, você encontrará em nosso “ÍNDICE TEMÁTICO” uma série de artigos que demonstram a insustentabilidade do princípio protestante Sola Scriptura.

5) De fato, todos os cristãos são chamados à santidade, mas isso em nada impede que a Igreja, com a autoridade que lhe é própria e exclusiva, proclame santos — dignos de veneração e aptos a interceder por nós — alguns homens e mulheres especiais. Ademais, embora todos sejamos salvos por Cristo e tão-somente por Ele, você não acha que alguns dentre nós são mais dignos de honra do que outros? Que uns são mais consagrados a Deus e receberam dEle, que é soberano, mais e melhores dons do que outros? E note que o Apóstolo Paulo exortou os cristãos de sua época a lhe imitarem e a seguirem o seu exemplo, bem como o de outros irmãos. Veja:

“Por isso, vos conjuro a que sejais meus imitadores.´Para isso é que vos enviei Timóteo, meu filho muito amado e fiel no Senhor. Ele vos recordará as minhas normas de conduta, tais como as ensino por toda parte, em todas as igrejas.” (I Cor 4,16-17)

“Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo. Eu vos felicito, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais as minhas instruções, tais como eu vo-las transmiti.” (I Cor 11,1-2)

“Irmãos, sede meus imitadores, e olhai atentamente para os que vivem segundo o exemplo que nós vos damos.” (Fl 3,17)

“E vós vos fizestes imitadores nossos e do Senhor, ao receberdes a palavra, apesar das muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia.” (I Ts 1,6-7)

6) Com relação aos santos citados no Apocalipse, você afirma categoricamente: “Eles não estão clamando pelos que estão na terra.” Mais uma conjectura sua. Baseado em quê, além da sua interpretação particular, você faz essa afirmação? Por acaso você recebeu, diretamente do Espírito Santo, a verdadeira interpretação da referida passagem bíblica? Enfim, qual interpretação você considera a mais provável de estar correta: a sua ou a da Igreja?

7) Você também afirma que “a maioria do povo não sabe diferenciar a adoração da veneração que vocês tanto colocam. Isto me parece um discurso intelectual, mas na prática o negócio é diferente. O ‘povão’ (mais de 90% dos católicos) adora mesmo às imagens, o santo, etc. Vê nele uma espécie de ‘atalho’ para Deus, pois se sente incapaz de fazer uma ‘ligação direta’ com o Pai.” Essa é apenas a sua visão da realidade, e você toma essa visão como se fosse a realidade em si. Não é verdade que o “povão” não sabe diferenciar adoração (devida tão-somente a Deus) de veneração (prestada aos santos e especialmente à Virgem Maria). Os fiéis sabem perfeitamente que todo o poder é de Deus, e que é Ele quem atende às orações e opera os milagres. Pode perguntar isso a qualquer fiel católico, até ao mais simples. Também não é verdade que os católicos “adoram” as imagens, ao contrário, sabem que a veneração não se dirige diretamente às imagens em si, mas sim aos santos que elas representam, como se fossem retratos tridimensionais de pessoas queridas (não obstante, algumas imagens são mais especialmente estimadas, como a de Nossa Senhora Aparecida ou à de Nossa Senhora de Guadalupe, pelo sentido sagrado que elas mesmas têm, bem como pela piedade e pela fé que despertam nos fiéis).

Quanto aos santos serem “atalhos” para Deus, trata-se de uma questão de humildade e até mesmo de sensatez pedir a alguém mais próximo de Deus que interceda por nós. Aliás, não é comum pedirmos a um cristão, aqui na terra mesmo, mais consagrado e com uma fé mais fervorosa, que ore por nós? Por que não poderíamos fazer o mesmo com os santos já no céu, ainda mais sendo tal prática aprovada e estimulada pela Igreja de Cristo? Ademais, essa prática de modo algum impede que cada católico ore diretamente a Deus, sem recorrer a nenhum santo, mas, como temos essa possibilidade, não há porque não fazê-lo. Assim, oramos diretamente a Deus, mas também pedimos aos santos e à Santíssima Virgem Maria que intercedam por nós.

8) Você prossegue dizendo: “Em suma, fazem do santo uma espécie de ‘semi-deus’. Será que isto agrada mesmo o coração do Pai?”. Temos aqui uma inverdade e uma especulação muito comum entre os protestantes. A inverdade se refere à idéia de que os santos seriam como “semi-deuses”, o que não passa de mera opinião. Nós católicos não vemos nenhum santo como “semi-deus”. Nós os vemos como nossos irmãos mais velhos, amigos caríssimos que estão sempre prontos a interceder por nós quando lhes pedimos ajuda. E aqui há um dado de suma importância: quem está de fora não consegue e nem pode saber como é a relação dos católicos com os santos. Digo-o também por experiência própria. Somente quem se converte à fé católica, passando a freqüentar as paróquias e a conviver com os católicos, é que pode saber realmente como os católicos vêem os santos e a Virgem Maria. Para quem está de fora, tudo pode parecer “idolatria”, “superstição”, “paganismo” etc. Mas a realidade é bem diferente.

Quanto à sua pergunta (“Será que isto agrada mesmo o coração do Pai?”), é importante observar que, no que se refere à intercessão/veneração dos santos, não pode haver mesquinhez. Não quero ofender ninguém, mas a verdade é que um espírito mesquinho não é capaz de compreender o profundo sentido da veneração e da intercessão dos santos, e essa mesquinhez, por seu turno, acaba sendo projetada em Deus. Se fosse possível resumir toda a doutrina dos santos em duas palavras, eu a resumiria em justiça e amor. É uma questão de justiça reconhecer os méritos de cada um, bem como a honra que é devida às pessoas, em maior ou menor grau. Ora, como Deus, que é a Suma Justiça, não reconheceria os méritos dos Seus filhos? E como Ele poderia ficar “magoado” com o fato de nós também reconhecermos os méritos dos santos e assim lhes prestarmos a honra merecida (e devida)? Ademais, ao honrarmos os santos, honramos a Deus, que é o doador de toda a graça e é quem opera nos santos e através deles, para a Sua honra e para Sua glória. Além disso, qual o pai que não se sente feliz e honrado quando lhe elogiamos um filho? Só um pai muito mesquinho e ciumento, defeitos que Deus, Ser perfeito, evidentemente não pode ter.

Mas a veneração dos santos não é somente uma questão de justiça, é também uma questão de amor. Amor pela obra de Deus, por Sua graça, Sua misericórdia e Seu poder demonstrados na vida dos santos; amor por aqueles que deram a vida em prol da Igreja, no serviço a Deus e ao próximo; amor àqueles que foram (são) exemplos de fé, de piedade, de consagração, de resignação, de sabedoria, de paciência, enfim, das mais sublimes virtudes de que o ser humano é capaz; finalmente, amor a Deus e à Igreja que Ele mesmo fundou, da qual os santos são os baluartes e luminares, além de nossos companheiros em todo o desenrolar da história.

9) Finalmente, você escreve: “Insistir em fazer de outra maneira não é ignorar a vontade que Ele deixou expressa para fazer de uma outra forma? Não é o mesmo que pegar o manual do seu automóvel que diz como deve ser a manutenção e então ignorar o que está dito ali e usar o ‘jeitinho brasileiro’ e fazer de outra forma?” De fato, insistir em desprezar a Igreja que Cristo fundou é realmente “ignorar a vontade que Ele deixou expressa para fazer de uma outra forma”. Com efeito, Cristo não poderia ter escolhido doze Apóstolos à toa, para que, quando eles morressem, a Igreja ficasse acéfala, isto é, sem nenhuma autoridade visível e legítima à qual os cristãos pudessem (devessem) seguir, deixando assim que cada indivíduo seguisse a fé como melhor lhe parecesse. Não foi essa a vontade de Deus, pois, se assim fosse, Ele não teria fundado Sua Igreja e a confiado aos Apóstolos, sob a chefia de Pedro, ao contrário, não teria eleito ninguém, entre os seus discípulos, como Apóstolos, teria deixado que todos fossem “iguais” e que cada um O seguisse à sua maneira. Mas Ele disse a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15-17), Ele não quis que cada ovelha “se auto-apascentasse”, ao contrário, incumbiu expressamente a Pedro dessa tarefa. Se essa não foi a vontade expressa de Deus para nós, qual terá sido?

Quanto ao exemplo do “manual”, eu lhe perguntaria: você, não sendo mecânico, confiaria a manutenção e o eventual conserto do seu automóvel a um “leigo” ou a um “curioso”, ainda que honesto e bem-intencionado? Entregue o manual de um automóvel a um leigo, deixe-o sozinho e incumba-o de fazer toda a manutenção do carro, e você verá o estrago que ele fará. Não é muito mais prudente que alguém realmente gabaritado ensine a esse voluntarioso leigo como cuidar do seu carro? No caso do manual cristão por excelência, a Escritura Sagrada, evidentemente se faz necessário que alguém explique o verdadeiro sentido do que está escrito, e obviamente não pode haver inúmeros “professores”, cada um ensinando uma coisa, muito menos “autodidatas” que dispensem o professor. O assunto é infinitamente mais importante do que a manutenção de um automóvel. É o nosso destino eterno que está em jogo. Foi por isso que Cristo, em toda a Sua sabedoria e misericórdia, deixou-nos a Igreja, a qual, mediante o Sagrado Magistério, tem a autoridade, a legitimidade e o conhecimento necessários para nos ensinar com segurança o caminho para a vida eterna.

Que Deus lhe abençoe, tenha misericórdia de você e lhe conceda, o quanto antes, a graça de enxergar na Igreja Católica Apostólica Romana a verdadeira e única Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. E então você começará a trocar o pronome “eu” pelo pronome “nós”, juntando-se àqueles que, há 2.000 anos, têm simplesmente procurado ser fiéis a Cristo e à Igreja que Ele fundou.

Para encerrar, recomendo a leitura dos artigos abaixo, que tratam da intercessão dos santos. Recomendo também uma visita ao nosso “ÍNDICE TEMÁTICO”, onde você poderá encontrar respostas para diversas questões e objeções, além das razões da nossa fé.

·  A intercessão dos santos

·  Leitor pede que refutemos questionamentos protestantes

·  Mais reflexões sobre a intercessão dos santos

·  Leitor pergunta sobre a oração de intercessão dos santos

·  Leitor protestante pergunta sobre a intercessão dos santos

·  Leitor protestante pergunta sobre santos, a Virgem e livros de teologia

·  Resposta a um leitor "incrédulo"

·  Respostas aos protestantes sobre a intercessão dos anjos e santos

·  Respostas aos protestantes sobre as relíquias milagrosas

·  Santos: uma possível resposta

Em Cristo,
Marcos M. Grillo

https://www.veritatis.com.br/inicio/espaco-do-leitor/872-leitor-protestante-iguala-a-intercessao-com-santos-com-a-qevocacao-dos-mortos

Leia-o tambem em : www.larcatolico.webnode.com.br

 

 

LEITOR PEDE QUE REFUTEMOS QUESTIONAMENTOS PROTESTANTES

 

Um leitor católico, recentemente, nos enviou uma série de objeções protestantes ao catolicismo, centradas na crença da intercessão dos santos e da Santíssima Virgem Maria. Na medida de nossa debilidade, tentaremos respondê-las. Como de costume, a mensagem do leitor está em preto e a nossa resposta em azul.

perguntas de protestantes:

1) Se podemos pedir diretamente a Deus, por que é necessário pedir a intercessão de um santo??? Para que pedi-la???

Em primeiro lugar, não é necessário pedirmos a intercessão dos santos. Tal intercessão é, apenas, salutar. É salutar (saudável) e vantajoso que, ao aproximarmo-nos do Grande Juiz, tenhamos o auxílio destes advogados, que, vencedores em Cristo, defendem-nos perante Ele.

E por que razão tal intercessão é salutar? Simples: quanto mais fé tem uma pessoa, maiores são as chances de que a mesma venha a ser atendida em suas orações. Quem tem a fé do tamanho de um grão de mostarda, pode remover montanhas; quem não a tem, não o pode. Quanto maior a fé, maior as chances de serem atendidas as orações da pessoa.

Ora, enquanto vivemos neste mundo, caminhamos sob a obscuridade da fé. Os mortos já não vivem da fé, mas conhecem a Deus face a face. Possuem algo que é maior do que a fé. Assim, o menor dos santos, está num estado superior ao mais fiel dos seres humanos, pois, possuindo algo maior do que a fé, suas orações são mais facilmente atendidas do que a de qualquer mortal.

 

2) Se os santos não são onipresentes e Deus lhes medeia a questão, qual a lógica do pedido, já que Deus conhece a questão antes de que eles peçam??? Qual a função desse intercessor póstumo, se ele é totalmente irrelevante e desnecessário??

É evidente que Deus já conhece aquilo que os santos irão pedir em nossa intercessão. Mas há, pelo menos, uma razão em Deus a permitir e em nos conceder as graças por meio dela. Em primeiro lugar, assim fazendo, Ele nos dá a garantia de que os justos se salvarão e estarão na felicidade de Visão Beatífica (tanto estão que intercedem por nós). Isto fortifica os fiéis em sua caminhada (que, por este fato, passam a ter a viva esperança de, um dia, juntar-se aos Santos no Céus) e, por outro mlado, confunde os infiéis que, diante de tantas e tão grandes evidências, ficam sem argumentos.

Agora, afirmar que esta intercessão é "irrelevante e desnecessária" chega a ser uma piada. Tanto é relevante e necessária, que todos os milagres reconhecidos e atestados pela ciência ocorreram mediante a intercessão seja de um santo, seja da Santíssima Mãe de Jesus.

Os protestantes, considerando estas intercessões desnecessárias e irrelevantes, têm uma enorme dificuldade em conseguir uma intervenção direta de Deus nos acontecimentos humanos.

3) Ecl 9,4-10 e Dn 2,1-6 não comprovam que entre a morte e a ressurreição do dia do Juízo ficamos adormecidos ??? Pois Ecl diz que o morto é incapaz de qualquer conhecimento e Dn diz que os que DORMEM se levantarão. Se dormem, como os católicos dizem que eles estão acordadinhos???
Por favor, não cite outras passagens desviando o assunto, atenha-se na exegese destas tão somente.

Bem, analisar apenas um texto da Bíblia, sem cotejá-lo com outros, no fundo, e em essência, não é fazer uma exegese bíblica. É fazer uma análise sintática. Embora nunca devamos desprezar o texto em si (como os protestantes, em geral, fazem com Mt 16, 18), não devemos, jamais, desprezar o conjunto da revelação bíblica.

Mas, se você quer uma análise apenas dos textos acima, eu a dou. Em Ecl. 9, 4-10, afirma-se que os mortos nada sabem, nada esperam, e que dormem. Agora, em que sentido eles estão privados de qualquer conhecimento, em que sentido lhes foi tirada a esperança, e em que sentido eles dormem, é coisa que o texto não diz e cuja compreensão, somente pelo texto, é impossível de se atingir.

Por sua vez, em Dn 12, 1-6 (e não 2, 1-6, como você disse), afirma-se que os mortos dormem, mas que despertarão, uns para a vida e outros para a morte. Agora, em que sentido eles "dormem" e em que sentido serão acordados, novamente, é impossível de se entender apenas por estes versículos.

Mas então, como entender estes textos se, no restante da revelação escrita e oral, sempre se fala o contrário?

Simples. A revelação bíblica é, em muitos pontos, progressiva. Temos alguns exemplos bastantes contundentes acerca deste fato. Quando Deus se revelou a Abraão, revelou-se não como um Deus único. O monoteísmo, então, não fazia ainda parte da revelação divina. Abraão viveu e morreu pensando que Deus era mais um deus, comcerteza po mais potente de todos. Mas jamais chegou a supor que Ele fosse o único.

O mesmo ocorreu com Isaac, Jacó, José, Judá, Benjamin... Todos foram personagens centrais na história da salvação, mas nenhum deles, verdadeiramente, cogitou acerca do monoteísmo. Apenas para Moisés é que o Senhor revelou o âmago de Seu inefável mistério: Shemah, Israel, Adonai Elohenu, Adonai Ehad. Escuta, Israel, o Senhor nosso Deus, é o único Senhor.

Entre o chamado de Abraão e a revelação de Dt 6,5, passaram-se mais de mil anos. Outros mil anos se passariam para que o único Senhor viesse, por fim, revelar a plenitude de Sua Natureza: um único Deus e três pessoas. Todos os profetas, reis e sumos-sacerdotes notáveis do Antigo Testamento sequer desconfiaram deste fato, plenamente revelado em Jesus Cristo.

O mesmo ocorreu com a missão do povo de Israel dentro da economia da salvação. Em princípio, os filhos de Jacó acreditavam que Yaweh se revelaria apenas a eles, e que todos os demais povos estavam fadados à destruição. Depois, passaram a crer que, na verdade, a salvação partiria de Israel, mas espalhar-se-ia, sob a batuta dos judeus, para todas as nações. Somente no Novo Testamento a revelação se completou: os judeus tiveram a primazia no anúncio do Evangelho, que, no entanto, destinava-se a todos os homens em igualdade com aqueles.

Este padrão apresenta-se, igualmente, no tocante ao destino humano após a morte. Num primeiro momento, a morte era, verdadeiramente, o fim do ser humano. Depois disto, passou-se a crer num sheol, uma habitação dos mortos, onde todos permaneciam para sempre privados de Deus e de qualquer esperança (neste estágio é que se encontra o texto de Eclesiastes citado). Num terceiro momento, passou-se a vislumbrar a ressurreição dos justos e dos injustos, uns para uma felicidade eterna e outros para a morte eterna (neste estágio da revelação é que se encontra o trecho de Daniel por você citado). Apenas no Novo Testamento é que a revelação se completou: os que morrem possuem três destinos: o inferno, o purgatório e o céu. Após a ressurreição do último dia, todos os seres humanos, ressucitados viverão eternamente na presença de Deus ou eternamente privados dEle.

Como você pode ver, o entendimento da Bíblia não é algo fácil. Sua leitura e interpretação nãp podem ser relegadas a qualquer um.

 

4) Qual o objetivo da comunhão dos santos???

Não existe um "objetivo" na comunhão dos santos. Esta comunhão é um estado natural e necessário da Igreja. Ora, a Igreja é um Corpo, do qual Jesus Cristo é a cabeça (Ef 1, 22-23). Portanto, tal como num corpo, todos os seus membros estão intimamente ligados. Um membro doente faz sofrer todo o corpo; um membro saudável faz com que todo o corpo se beneficie de sua saúde. (1 Co 12)

Portanto, a comunhão dos santos é fruto e conseqüência da própria natureza da Igreja, enxertada que ela foi em Cristo Jesus.

Ocorre que, se fazemos parte do Corpo de Cristo aqui na terra, quanto mais não o faremos na Vida Eterna. Não seria lógico pensarmos que estamos intimamente ligados ao Senhor enquanto perigrinamos neste vale de lágrimas (e que, portanto, somos um com Cristo) mas, ao passarmos à bem-aventurança eterna, deixemo-lo de ser. Estaríamos melhor aqui do que lá, se assim o fosse. Portanto, os que morrem em Cristo plenificam e consumam esta comunhão, tornando-se membros indissociáveis do Seu Corpo. E, portanto, membros indissociáveis do mesmo do qual eu, pecador, também já faço parte.

Neste sentido, a Igreja apresenta três dimensões: a militante (formada por nós, que ainda lutamos para atingir a salvação), a padecente (formada pelas almas do purgatório que, estando já salvas, ainda não estão na visão beatífica) e a triunfante (formada pelos santos no céu). Todas formam um só Corpo, e, portanto, os membros de todas estas dimensões encontram-se em profunda comunhão.

5) Suplicar pela intercessão dos mortos é espiritismo???

Não. Definitivamente, não o é. Apenas uma colossal cegueira (ou uma enorme má-fé) poderia levar alguém a confundir o espiritismo com a prática católica de suplicar pela intercessão dos santos.

No espiritismo, evocam-se os mortos para que os mesmos revelem coisas do presente, do passado ou do futuro. Isto revela uma tremenda desconfiança de Deus (o cristão, que confia que Deus o ama, não se preocupa com o dia de amanhã, com o que comer nem com o que vestir, pois sabe que Deus o providenciará).

A prática católica é profundamente diferente. As súplicas não são para que os santos "desçam" e revelem coisas acerca do passado, presente ou futuro. Ao contrário, a oração "sobe" do cristão para os céus, na confiança de que Deus, por meio da intercessão de um santo, atenderá às necessidades do fiel. Representa, portanto, um gesto de confiança em Deus e em Seu Amor.

6)Gostaria de um comentário sobre Lc 11,27-28 e a questão de Maria como o mais bem-aventurado ser humano.

Bem, vejamos, primeiramente, o que dizem os versículos mencionados: "Enquanto Ele assim falava, certa mulher levantou a voz no meio da multidão e disse: 'Felizes as entranhas que te trouxeram, e os seios que te amamentaram!' Ele, porém, respondeu:'Felizes, antes, os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática'."

No caso acima, alguém afirma que a Mãe de Jesus, por lhe ter dado à luz, é uma bem-aventurada. Jesus não o nega, mas afirma que a maior bem-aventurança é conhecer e cumprir a vontade de Deus. A maior bem-aventurança, portanto, é ser um cristão, um discípulo de Jesus, que, por receber o ensinamento da Igreja e por nutrir-se dos sacramentos, é o único que conhece a vontade de Deus e o único que a pode cumprir.

Ora a passagem de LC 1, 26ss nos mostra, de fato, que Maria é bem-aventurada mesmo de ter concebido, dado à luz e amamentado o Messias. A sua bem-aventurança é muito anterior a este fato (muito embora, venhamos e convenhamos, conceber, dar à luz e amamentar o Filho de Deus foi um privilégio somente dado a uma única criatura, dentre todas as do céus e da terra: Maria). Aliás, pode-se dizer que Deus a cumulou de graças justamente por ser a escolhida para a Mãe do Redentor.

Ela não é bem-aventurada por ter dado à luz o Messias; ela o deu à luz por ser a mais bem-aventurada de todas as criaturas.

Maria, tendo sido preservada de todo pecado, tornou-se na primeira cristã. Aliás, ela é o typus do cristão, o modelo perfeito daquilo que o cristão deve ser. Seu estado é o mesmo dos batizados (livre da herança de Adão); sua observância à vontade de Deus é a mesma do próprio Cristo. Portanto, Maria foi a mais bem-aventurada das criaturas porque ninguém, como ela, conheceu e observou a vontade de Deus.

7)Deus acaso faz acepção de pessoas ??? Por que os católicos dizem que um mesmo pedido que é negado por Deus para um zé pecador qualquer, seria atendido se fosse Maria que pedisse???

Deus não faz acepção de pessoas no sentido que você está mencionando. No entanto, nunca perca de vista que Ele não nos trata todos da mesma forma. Pode-se fazer acepção de pessoas por dois caminhos:

a) tratando desigualmente os iguais;

b) tratando igualmente os desiguais.

Deus nos trata desigualmente na medida em que nos desigualamos. Portanto, Ele não pode (sob pena de fazer acepção de pessoas) dar, a uma prece de alguém que lhe é fiel, a mesma atenção que daria a uma de um pecador inveterado. Portanto, é óbvio que Deus atende mais facilmente as preces de um santo do que as de um pecador.

Em Jo 9, 42, Jesus afirma que o Pai sempre o atende. Não sei quanto a vocês, mas, a mim, nem sempre Deus atende. Portanto, só deste fato, devo concluir que Deus trata as minhas orações de uma forma diferente da que tratava as de Jesus. Deus faz uma diferenciação entre mim e o Cristo.

Alguém se atreve a dizer que, por fazê-lo, Deus está sendo injusto?

E, se com justiça, diferencia entre Jesus Cristo e este miserável pecador, por que razão não crer que ele também me diferencia de São Paulo, São Pedro, São Francisco, Beata Madre Teresa de Calcutá, etc., todos muito melhores e muito mais fiéis do que este "zé pecador" aqui?

 

8)Isso não é atribuir a Deus uma injustiça, pois sendo Deus justo, ele deve avaliar o conteúdo do pedido e não quem o faz para a tal pessoa, se é ela mesma quem faz ou se é Maria??? Isso não é tratar Deus antropomorficamente e grosseiramente, já que ele não é um administrador humano que atende a jeitinhos brasileiros ou pedidos de pistolão????

Isto já foi explicado acima. Mas há provas bíblicas de que, dependendo de quem pede, Deus atende, inclusive mudando Seus desígnios. Veja-se a título de exemplo o seguinte texto: "Moisés, porém, suplicou a Yaweh, seu Deus, e disse: 'Porque, ó Yaweh, se ascende a tua ira contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte? por que os egípcios haveriam de dizer: 'Ele os fez sair com engano, para matá-los no meio das montanhas e exterminá-los da face da terra'? Abranda o furor da tua ira, e renuncia ao castigo que pretendia impor ao teu povo. Lembra-te dos teus servos, Abraão, Isaac e Israel, aos quais juraste por ti mesmo, dizendo: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas do céu, e toda a terra que vos prometi, dá-la-ei aos vossos filhos para que a possuam para sempre." Yaweh, então, desistiu do castigo com o qual havia ameaçado o povo." (Ex 32, 11-14)

Este texto mostra, com clareza bastante singular, uma coisa: Deus havia decidido exterminar um povo constituído, quase que exclusivamente, por "zés pecadores", mas, em função da oração de Moisés (que não era um "zé pecador, como os outros "zés pecadores"), voltou a trás em Seus planos.

Não é impressinonante o que pode fazer a oração de alguém que não seja um simples "zé pacador"?

E Moisés, para reforçar o seu pedido, lembrou Deus de alguns de seus fiéis servos: Abraão, Isaac, Jacó. Não invocou nenhum "zé pecador". Isto prova que, para Deus, existe, sim, diferenças em virtude da pessoa que ora, e não somente em virtude do objeto da oração.

 

9) Qual é a diferença de fazer um pedido face-a face com Deus e aqui na Terra??? Afinal, não é o conteúdo do pedido que importa??? Deus não conhece tudo??? Que diferença faz pedir lá ou cá??? Por que Deus ia nos obrigar a ter intermediários tão humanos quanto nós e desnecessários??? Isso não equivaleria na prática a acabar com a mediação universal e unica de Cristo, exigindo para garantir mais facilmente nossos pedidos a intercessão de outrem????

A diferença já foi mencionada acima: quem está face a face com Deus encontrasse num estado superior ao do crente, pois passou da fé para a posse das coisas eternas. Ora, se a gradação da fé influi na possibilidade de se obter o que se pede, com maior razão, terá maiores possibilidades aquele que já superou a fé e suas gradações.

10) O que responder aos protestante sque dizem que o culto aos santos divide a glória de Deus e Deus não divide sua glórai com ninguém.

Deus não divide a Sua glória com ninguém, mas permite que Seus servos participem da Sua glória indivisa. Veja-se, a título de exemplo, o seguinte texto: "Tu fizeste o homem pouco menor do que os anjos, e, no entanto, de glória e de honra coroaste, tudo colocando sob os seus pés." (Sl 8, 6-7)

E este outro: "Nossas tribulações momentâneas não têm comparação com o peso eternos de glória que nos está preparado nos céus."(2 Co, 4 17)

Portanto, participamos da glória de Deus, e nem poderia ser diferente. Se somos membros do Corpo de Cristo, tudo o que é de Cristo é, igualmente, nosso. Christianus alter christus.

11) As espórtulas quando cobradas pela paróquia são simonia??? Por quê??? Não deveria existir, mas opcionalemnte ao fiel???

Apenas pelo olhar, é muito difícil diferenciar, por exemplo, água mineral de cachaça de cana-de-açúcar. Mas elas se diferenciam (e como se diferenciam!) pelo cheiro, sabor e pelos efeitos. Da mesma forma, talvez alguém menos avisado confunda as espórtulas com o pecado da simonia, mas, como se demonstrará, entre ambos existe uma diferença abismal.

Para quem não sabe, a simonia se define como sendo a compra e venda de bens espirituais, que, pertencendo apenas a Deus, são invariavelmente recebidos pelo fiel gratuitamente. O nome simonia deriva de Simão, o mago, que, em At 8, 9-24, tentou comprar dos apóstolos o dom do Espírito Santo. Diz a Bíblia: "Quando Simão viu que o Espírito Santo era dado pela imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: 'Dai-me também a mim este poder, para que receba os Espírito Santo todo aquele a quem eu impuser as mãos.' Pedro porémreplicou: 'Pereça tu e o teu dinheiro, porque julgaste poder comprar com dinheiro o dom de Deus'." (At 8, 18-20)

Portanto, dissecando a simonia temos que:

a) o "comprador" toma a iniciativa de oferecer dinheiro em troca de bens materiais (elemento formal);

b) a finalidade da oferta é a de comprar o dom de Deus (elemento finalístico);

c) o "comprador" acredita que Deus lhe entregará o dom em virtude do dinheiro ou dos bens oferecidos (elemento principiológico)

Passemos, agora, às espórtulas. Elas são ofertas fixadas pela autoridade competente e que, em situações normais devem ser pagas pelo fiel para que algum sacramento lhe seja administrado, devendo-se tomar o cuidado de não privar os necessotados desta administração. Elas são fixadas tendo em vista o princípio bíblico de que o cristão deve sustentar os ministros da Igreja, que, operários, fazem jus ao seu salário (Mt 10, 10).

Dissecando-a, temos que:

a) a iniciativa é da autoridade eclesiástica, e não do fiel;

b) o fiel a paga para sustentar a Igreja e a sua obra;

c) o fiel sabe que a eficácia do sacramento não está condicionada ao pagamento da quantia fixada.

Portanto, seja em sua forma, seja em sua finalidade, seja em nos princípios que a embasam, a cobrança das espórtulas se diferencia profundamente dasimonia.

Somente um desconhecimento colossal destas duas figuras levaria alguém a confundi-las. Aliás, se me permite um comentário, algo muito semelhante à simonia ocorre em diversas igrejas protestantes, principalmente naquelas que adotam como base de sua teologia (se é que se pode chamar isto de "teologia") a chamada teoria da prosperidade. Nestas igrejas, os pastores convencem os fiéis de que as graças de Deus são proporcionais ao tamanho das suas ofertas. Quanto mais se oferta, mais se recebe. O fiel, então, voluntariamente, crendo que Deus retribuirá com graças o dinheiro ofertado, e querendo tais graças, por vezes, dá tudo o que tem.

É certo que o fiel não visa, verdadeiramente, um bem espiritual, mas o progresso financeiro. Contudo, nestas igrejas, o maior bem espiritual que Deus tem para os fiéis é, sim, a prosperidade.

A prosperidade financeira é o grande dom espiritual que Deus tem a dar para os seus fiéis.

Nada é mais simoníaco do que isto. E, para a infelicidade de todos nós, são estas as igrejas que, verdadeiramente, têm crescido em número e em influência. Elas estão transformando o Brasil num país de simoníacos.

Obrigado. Deus proteja a barca de Pedro....

Disponha. E, verdadeiramente, sabemos que Deus não somente protege, mas conduz a barca de Pedro, assistindo-a com o Seu espírito Santo. Ela é a única esperença de que a humanidade realmente encontre a paz.

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